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18/02/2022 às 08h00min - Atualizada em 18/02/2022 às 08h00min

Em um ano, preço do café sobe mais de 70% em Uberlândia

Em janeiro deste ano a média de valor do produto de 0,6 kg chegou a R$ 20,02; aumento nas exportações e geadas influenciaram a alta do preço

MARIELLE MOURA
Aumento nas exportações e geadas influenciaram a alta do preço I Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Em apenas um ano, o preço do café subiu mais de 70% em Uberlândia, de acordo com o Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-Sociais (Cepes) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O aumento nas exportações e as geadas podem ter contribuído para o acréscimo no preço do produto, aponta economista.

Ainda de acordo com os dados do Cepes, a média de preço do café de 0,6 kg chegou a R$ 20,02 em janeiro deste ano na cidade. No mesmo período de 2021, o gasto com o produto era de R$ 11,40. De um ano para outro, o café teve uma variação acumulada de 75,62%. Em âmbito nacional, conforme aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de janeiro de 2021 até janeiro de 2022, o preço do café moído subiu 56,87%.

Segundo o economista Filipe Prado, a inflação pode ser atribuída a vários motivos, entre eles o aumento das exportações. “No ano passado o mundo voltou a uma relativa normalidade, o mundo começou a consumir novamente vários produtos, entre eles o café. Já que o Brasil é um grande exportador, então o mundo começou a encomendar e o Brasil voltou a ofertar esse produto que é vendido em dólar, o que contribui para a alta do preço no território nacional”, disse.

Ainda de acordo com o economista, as condições climáticas que atingiram os cafezais no ano passado também contribuíram para que a safra fosse menor, fazendo com a procura seja maior que a oferta. “Esse episódio de 2021 vai ter consequências nos próximos três ou quatro anos. Tivemos duas combinações em relação a questões climáticas, primeiro uma seca muito intensa e depois geadas que destruíram vários cafezais no ano passado”, comentou.

Por fim, Filipe comentou que a expectativa é que os preços continuem altos nos próximos anos, já que a produção do produto foi duramente afetada. “Essa alta de preço de mais de 50% deve continuar. As condições climáticas danificaram os arbustos de café e eles precisam ser cortados. Devido a isso, essa propriedade pode voltar a produzir café daqui 3 ou 5 anos”, disse.

Jessyca Batista Prado é proprietária de uma cafeteria em Uberlândia. Para ela, o café subiu muito mais que o esperado.  “O café teve um aumento bem significativo nos últimos tempos. No ano passado eu até conseguia acompanhar esse aumento, mas não previa que ia chegar onde chegou. Em razão disso, comecei a estocar café verde antes de aumentar do tanto que aumentou, fiz uma compra muito grande de sacas de café”, afirmou.

Segundo Jessyca, em alguns casos o valor chega a ser o dobro do que pagava anos atrás. “Hoje estamos pagando no café arábica, o mais simples, em torno de 300 dólares na saca de 60 quilos, que é equivalente a R$1.500 a R$2.200. Antes, pegávamos cerca de R$ 900”.

A empresária informou que por enquanto o aumento não está sendo repassado para o cliente, mas ela não sabe se vai conseguir manter o preço dos produtos finais sem reajustes. “Nossa opção foi não passar o aumento para o cliente, mas não sabemos se vai dar para continuar dessa forma nos próximos dias. Não é só o aumento do valor do café, tivemos outros aumentos na cafeteria”, informou.

Por fim, Jessyca informou que uma das soluções foi montar estratégias para diminuir a quantidade de café nas bebidas.  “Adotamos uma estratégia nas últimas semanas e criamos  novas bebidas com café na composição, mas em menor quantidade. Hoje na cafeteria temos cerca de 8 tipos de cafés gelados e cappuccinos que conseguimos fazer uma bebida gostosa, com gosto de café e utilizando pouco do produto”, completou.

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