Paratleta teve suporte do padrasto e avô para realizar grande sonho | Foto: Arquivo Pessoal
A paratleta de Uberlândia e medalhista olímpica em Tóquio 2020, Laila Suzigan Abate, protagonizou uma das cenas mais assistidas da internet nos últimos dias. A esportista, que está condicionada a uma doença rara que impõe desafios a sua locomoção, realizou um de seus grandes sonhos ao conseguir, com a ajuda do padrasto e do avô, caminhar até o altar no dia de seu casamento e surpreender o marido, Luiz Matheus Souza Abate, e os convidados.
Um vídeo registrado durante a cerimônia viralizou nas redes sociais. Em entrevista ao Diário, a paratleta contou que a ideia teve início em 2019, quando o pedido oficial de casamento aconteceu. “Foram dois anos planejando a festa e o primeiro contrato fechado foi meu vestido de noiva. Quando procurei o ateliê, contei à Maisa que meu maior sonho era entrar andando e que meu vestido tivesse uma grande cauda. O fato de estar em uma cadeira de rodas poderia ser um fator que me impediria de realizar o meu sonho, mas eu sabia que iria encontrar uma maneira”, contou.
Laila está condicionada a uma doença rara, chamada paraparesia estatia hereditária, condição degenerativa que impede a sua locomoção. Mas, isso não foi o suficiente para impossibilitar a paratleta de alto rendimento a realizar o sonho de entrar caminhando no dia da cerimônia.
Para os detalhes do grande dia, a paratleta do Praia Clube contou com a ajuda da estilista, que preparou um vestido especial. Maisa Pires contou que foram sete meses de costura, bordados e trocas de tecidos para que o sonho da noiva. A profissional destacou que a estrutura do vestido foi desenhada para as atender as necessidades de Laila.
“Todos os detalhes foram importantes nesse processo, pois precisava dos tecidos mais leves e não podia deixar que nada atrapalhasse os pés dela no momento da caminhada. Então, pedi para Laila trazer o padrasto e o avô, que entrariam com ela e a ajudariam a andar no corredor. Tirei todos os móveis do corredor e simulamos a entrada do casamento, com o padrasto de um lado e o avô do outro, segurando-a pelos braços e ajudando na caminhada, já com o vestido de noiva. Acredito que sem isso, o dia não teria sido possível”, disse.
Emocionada, a paratleta destacou como foi a emoção de ter conseguido caminhar até o altar. “Cheguei até a chácara com o meu modelo de vestido de noiva curto. A equipe da Maisa colocou um tecido na frente para que a surpresa fosse preparada, e então, ela montou meu vestido no altar. Com a ajuda do meu padrasto e avô, fui caminhando, mesmo que lentamente, até encontrar o meu marido. Foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida”, afirmou.
À reportagem, a esportista contou que além do vestido com todas as adaptações e com os passos do ensaio, a condição de atleta também foi essencial nesse dia. Nadadora desde os seis anos, ela começou no esporte antes de ser diagnosticada com a doença.
“Eu adorava nadar e aos nove anos a deficiência apareceu no meu corpo. Perdi as forças nas pernas para nadar e fiquei até alguns anos parada. Em 2012, voltei para a natação com recomendação do meu médico, que me disse que caso eu não voltasse, poderia parar de andar”, contou.
Ela comentou também que recebeu convites de alguns técnicos de Uberlândia para se tornar uma paratleta. “Em 2016 recebi o convite do Praia Clube para fazer parte da equipe e tive a oportunidade de mostrar o meu trabalho. Participei sete vezes do Parapanamericano de Lima e em duas competições fui campeã. Em 2019, em Londres, fui a sexta melhor do mundo e 2020 em Tóquio conquistei minha medalha de bronze”.