Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
31/08/2021 às 13h00min - Atualizada em 31/08/2021 às 13h00min

Uberlandinos: eles também fazem parte da história

Diário traz reportagem especial em homenagem às pessoas que escolheram Uberlândia para morar

SÍLVIO AZEVEDO
Alexandrino Garcia chegou em Uberlândia com os pais em 1919 | Foto: Arquivo Pessoal
Escrito por Moacyr Lopes de Carvalho e Remi de Freitas França nos anos 60, o hino da cidade começa com “Uberlândia, terra gentil que seduz”. Uma frase que representa muito dos seus 133 anos e como o potencial demográfico da cidade atrai cada vez mais pessoas de outros municípios, que contribuem para o progresso da antiga São Pedro do Uberabinha.
 
A história da cidade já foi contada diversas vezes, de como Felisberto Carrejo se instalou na região e deu início a um povoado que hoje é uma das 10 maiores cidades do interior do país. Segundo dados recém-divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na última sexta-feira (27), a estimativa é de que Uberlândia possua hoje mais de 706,5 mil habitantes.
 
Grande parte desses mais de 700 mil habitantes é formada por famílias que viram em Uberlândia uma oportunidade de vida e acabaram se instalando na cidade. Entre esses milhares de moradores, estão o atual prefeito, Odelmo Leão, que é natural da vizinha Uberaba e o ex-prefeito, Virgílio Galassi, que era natural de São Paulo.
 
Nessa reportagem especial, o Diário de Uberlândia homenageia os uberlandinos por meio de personagens que tiveram importante papel no seu progresso: o comendador Alexandrino Garcia, o cantor e empresário Léo Chaves e o técnico e idealizador do projeto socio-esportivo Uberlândia Vôlei, Manuel Honorato.
 
A HISTÓRIA DE UM COMENDADOR
Nascido em 3 de abril de 1907 na freguesia Lapa do Lobo, em Portugal, Alexandrino Garcia veio para São Pedro do Uberabinha, agora Uberlândia, com os pais em 1919. Anos depois, criou, junto com a família, uma empresa com uma máquina processadora de arroz, a José Alves Garcia e Filhos.
 
No ano de 1941, Alexandrino Garcia criou sua primeira empresa, um posto de serviços chamado Alexandrino Garcia e Irmãos, que recebeu concessão da General Motors do Brasil para revender seus produtos. Alguns anos depois, fundiu sua empresa com a José Alves Garcia e Filhos, criando a Empresa Irmãos Garcia.
 
Ao longo dos anos, foram várias empresas em diversos segmentos que, posteriormente, fizeram ou deixaram de fazer parte do antigo Grupo ABC, atualmente Algar, marca que é uma das maiores do país no setor de tecnologia e comunicação.
 
Em 1952, ele assumiu a presidência da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (ACIUB). Falecido em 1993, o comendador Alexandrino Garcia, título que ostentou após receber do Governo de Portugal as insígnias da Ordem do Infante Dom Henrique, deixou muito mais do que um legado econômico, mas uma filosofia que foi passada por gerações da família.
 
“A trajetória dele está aí. Graças a Deus é algo palpável. O maior legado que ele deixou foram as crenças e valores que ele tinha. Isso não desaparece. A qualquer tempo da história, daqui 100, 200 anos, os valores que ele deixou e a crença que ele tinha no Brasil, nos homens, vai ficar para o resto da vida”, contou à reportagem Luiz Alberto Garcia, filho mais novo que assumiu os negócios após a aposentadoria de Alexandrino.
 
O legado da família é muito forte, mas todos estão baseados nas crenças e valores que Alexandrino deixou para a família. É o que une todos. “Uma frase que ele falava pra nós sempre é: ‘nada resiste à força do trabalho’. O trabalho é capaz de resolver qualquer problema que você tiver. É trabalho que vai resolver”.
 
Em uma live realizada junto a colaboradores do grupo Algar, Luiz Alberto lembrou de como o comendador Alexandrino Garcia incentivava as pessoas e utilizava os erros como forma de aprendizado.
 
“Ele tinha resposta para tudo. Qualquer assunto, ou problema que levasse, ele te dava a resolução. Ele nunca brigou comigo, ou com qualquer pessoa que tenha errado. Ele sempre falava ‘É o preço do erro. Mas, se errar novamente não tem perdão’. Olha que beleza, isso. Transformar o erro em aprendizado. Essa parte de companheirismo, por toda a vida ele dizia que se acredita, vai que vai dar certo”.
 
BOLA AO CHÃO
Muito se fala sobre o futebol na cidade, com o Uberlândia Esporte Clube sendo a mais prestigiada agremiação esportiva, até pelos seus quase 100 de história. Mas, outra modalidade esportiva sempre trouxe orgulho para os uberlandenses, o voleibol.
 
O reflexo disso são os resultados alcançados pelas equipes da cidade em diversas categorias, desde a base ao profissional. E quem contribui para esse trabalho é o paraibano e também uberlandino Manoel Honorato, radicado na cidade desde 1999.
 
Manuel possui um projeto social/esportivo junto à comunidade desde 1994, quando ainda estava morando em Campina Grande (SP). Através do convite de um ex-atleta, veio para Uberlândia, de onde não saiu mais.

“Atletas de Uberlândia foram fazer teste no clube Banespa, que fica no bairro de Santo Amaro, em São Paulo. Alguns não passaram e foram fazer teste no Corinthians, onde eu fazia estágio. Um deles me entregou um bilhete pedindo que o levasse para a Paraíba. Isso aconteceu. Levamos ele e mais dois uberlandenses para treinar comigo na Paraíba e, um ano depois, ele me fez o convite para vir para cá. Foi quando me mudei e passei a morar em Uberlândia”, contou Honorato.
 
Ao chegar à cidade, Manoel sentiu um misto de sensações, pois a cidade adorava o vôlei, com diversos clubes, porém, estava receoso com os novos trabalhos que se iniciavam. “A primeira impressão que eu tive é de uma cidade que respirava vôlei, com vários clubes, todo mundo levando o vôlei muito a sério. Em contrapartida, eu percebia que muitos não queriam um novo trabalho em Uberlândia e torciam para dar errado. Essa foi a primeira impressão”, lembrou.
 
Desde então, o projeto da Academia do Vôlei cresceu e, hoje, além dos trabalhos com categorias de base, tem uma equipe disputando a elite do vôlei nacional. Na edição 2020/2021 da Superliga Masculina, mesmo com um orçamento baixo, terminou a fase classificatória em 6º, sendo eliminado nas quartas-de-final pela equipe de Campinas.
 
“Passados os anos, vejo que a cidade se consolidou no vôlei. Tivemos que, como diz o uberlandense, comer um quilo de sal para, depois de 22, chegar aonde chegou. Duas equipes na Superliga principal. Realmente a cidade continua respirando vôlei, não só as equipes adultas profissionais, mas as de base. A coisa se profissionalizou. É como eu vejo o voleibol na cidade”.
 
Ainda em 2021, a Academia do Vôlei fechou uma parceria com o poder público e empresas para abrir uma filial do projeto na cidade de Coromandel, que atenderá crianças e jovens de 8 a 17 anos de forma gratuita.
 
DA MÚSICA PARA OS NEGÓCIOS
Em 2007, a dupla Victor & Leo já trilhavam no caminho da fama, com músicas estouradas no cenário nacional e três álbuns lançados, um deles, gravado ao vivo em Uberlândia, cidade que Leonardo Chaves Zapala Pimentel, o Leo, natural de Ponte Nova (MG), escolheu para morar.
 
Além da música, Leo é palestrante, escritor e presidente-fundador do Instituto Hortense, que atua no ramo de educação socioambiental em escolas públicas e entidades do terceiro setor. A escolha por Uberlândia se deu por vários fatores, entre eles, o clima interiorano, mas com aspectos de desenvolvimento com qualidade de vida. A mudança se deu em 2007, com a instalação do escritório do cantor na cidade.
 
“Eu vejo Uberlândia como uma cidade em plena ascensão, do ponto de vista comercial e estrutural. Ela cresce de forma intensa, oferecendo qualidade de vida cada vez melhor para as pessoas e um leque de oportunidades de novos negócios para empreendedores e empresários. É uma cidade modernizada do ponto de vista tecnológico”, disse o cantor.
 
A logística também foi outro ponto preponderante para a escolha, pois sua posição geográfica favorece no acesso outras regiões do país. A primeira impressão foi de uma cidade acolhedora, que oferece aos seus moradores, tudo que um grande centro possui.
 
“É uma cidade que tem como base o agronegócio, o meio rural, que eu sempre gostei e me identifiquei. Uberlândia é uma cidade universitária, gosto disso também. O Praia Clube foi uma das atrações que conheci no começo. Tem as represas. Tudo isso. Um aglomerado de coisas que eu me identifico. Me identifiquei muito com a cidade. E me considero hoje, de fato, uberlandense”.



 
 
 
 
 
 
 
 

Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90