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27/08/2021 às 08h30min - Atualizada em 27/08/2021 às 08h30min

Preço do café aumenta 15,36% nos últimos meses em Uberlândia

Pesquisa do Cepes registrou um preço médio de R$13,14 em um pacote de 600g; pandemia e condições climáticas estão entre causas para o aumento no valor

GABRIELE LEÃO
Preço do produto em julho teve média de R$ 13,14 no pacote de 600g | Foto: Marcelo Cabral/Agência Brasil
Nos últimos meses, o consumidor uberlandense tem percebido o aumento do preço do café nas prateleiras dos supermercados ou até mesmo na hora de apreciá-lo em uma padaria. Além dos efeitos da pandemia, as geadas do inverno e as baixas temperaturas do mês de julho influenciaram nas plantações cafeeiras do Triângulo Mineiro, resultando em uma elevação no preço do produto final. Desde de janeiro deste ano, o café teve um aumento de 15,36% no valor.

Desde o plantio até o café chegar à mesa, o grão percorre um longo caminho. A economista do Centro de Pesquisas Econômico-Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes/UFU), Graciele de Fátima Sousa identificou os fatores que afetaram a alta no preço do produto no Município, que em julho fechou em uma média de R$ 13,14 o pacote de 600g.

“A alta dos preços de logística, combustíveis, manutenção dos veículos e câmbio impacta diretamente no valor repassado ao cliente final. Além disso, o fator climático não foi favorável para o produtor, além da pandemia. Desde janeiro, apenas os meses de fevereiro e maio apresentaram regressão no preço do café”, explicou.

Graciele ainda comentou que mesmo com o setor mais aquecido nos próximos meses e tempo de chuva no Triângulo Mineiro, o consumidor não deve criar expectativas. “Mesmo se houver baixa nos próximos meses, não devem ser tão grandes e isso pode se estender até o final do ano”, comentou.

A seca e as geadas recentes provocaram uma quebra na safra. Essa situação somada ao cenário não positivo pode provocar um aumento de até 40% no produto final. O diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), Celírio Inácio afirmou que esse é o maior aumento registrado há pelo menos 25 anos no país.


“Trabalho há 24 anos com o café e nunca presenciei uma situação dessas e isso causou muitas inseguranças no produtor. Até mesmo a exportação foi afetada por falta de contêineres e o transporte marítimo ficou quatro vezes mais caro, sem contar que, por causa da pandemia, alguns portos estão fechados. Essa insegurança impacta todo o setor, desde o produtor e até o consumidor, que pode pagar mais caro se houver a falta do produto no mercado”, explicou.

A situação provoca insegurança na cadeia produtiva, pois não se sabe ao certo como o clima irá impactar na produção. “A safra de 2022 ainda depende da chuva na hora da florada das plantas, que deve ocorrer daqui a dois meses. Se houver a florada no café, o mercado tende a acalmar um pouco. Mas isso depende de uma chuva, e estamos em um período de seca”.

Segundo um estudo feito pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), no período de dezembro/2020 até julho/2021, o valor pago pela matéria-prima ficou em média 82% mais caro. Porém, nas prateleiras, o reajuste de preço do café atingiu a média de 15,9% para o mesmo período, porcentagem muito abaixo dos 57% de aumento na média dos produtos considerados básicos, como leite, arroz, óleo de soja e feijão.

O Brasil se manteve na posição de segundo maior consumidor de café do mundo e, apesar da pandemia, a procura por café seguiu seu ritmo de crescimento. Em 2021, o país registrou alta de 1,34% em relação ao ano anterior.


REPASSE AO CONSUMIDOR
Miguel Ângelo Almeida Faria é proprietário da cafeteria Obrigado Café, em Uberlândia. Trabalhando com grãos especiais, o empresário tem percebido a alta nos preços do café no último mês.

“O valor chega em média a 20% a mais do que o normal e na cafeteria usamos o café em grão e torrado. Para driblar essa alta, temos buscado alternativas estratégicas, como buscar fornecedores em outros estados para diminuir o impacto para os clientes”, explicou.



Atuando há dois anos na cafeteria, Miguel explicou que conversa com os consumidores para variar o cardápio e esclarecer sobre as alterações nos valores. “Tentamos ao máximo não repassar os preços para o consumidor, mas nem sempre é possível. A estratégia que utilizamos é manter a transparência, e no mês de julho, pela alta dos alimentos, reajustamos o cardápio e buscamos novas opções de bebidas que tem o café como um dos ingredientes", finalizou.

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