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27/08/2021 às 12h00min - Atualizada em 27/08/2021 às 12h00min

Com alta da gasolina, uberlandenses optam por transporte de aplicativos

Despesas com seguro e combustível impactam na decisão de se desfazer dos veículos próprios

GABRIELE LEÃO
Empresária Wanessa Fernanda investiu em carros para aluguel na pandemia | Foto: ACERVO PESSOAL
Pensando em como economizar e traçar estratégias financeiras mais inteligentes, os uberlandenses têm avaliado qual é a escolha mais barata: ter o próprio veículo ou andar nos carros de aplicativos. Com o aumento dos preços dos combustíveis em 51% ao longo do ano, fazer cortes e ter organização financeira é essencial para não ficar no vermelho.

Foi pensando nessa estratégia que o engenheiro civil, Bruno Darcio, percebeu que se desfazer do carro próprio podia trazer muitas vantagens. Há cinco meses, ele optou por usar o transporte por aplicativos, já que o gasto mensal com o veículo chegava a quase R$1,5 mil.

“Usava mais o carro para ir trabalhar e quando estava pensando em trocar de carro, percebi o valor alto do gasto e optei por usar mais os aplicativos. No primeiro mês tive uma economia de mais de mil reais. Optei por vender o carro e usar apenas os aplicativos. Analisando de uma forma geral para minha realidade, ter um carro não é essencial”, comentou.

Na ponta do lápis, o engenheiro contou que essa troca impactou na qualidade e organização no trabalho e dia a dia. “Agora preciso gastar mais tempo pensando na logística e organização do meu trabalho, pois não posso ir e voltar quando quiser. Até mesmo nas obras, opto mais por pedir que as lojas entreguem os produtos no local, ao invés de levar no carro. Além disso, me despedi das despesas de seguros, estacionamento, manutenção, combustível e outros, que deixam as despesas mais pesadas”, explicou Bruno Darcio.

Ainda pensando na economia, Bruno comentou que pretende investir em uma moto elétrica. “A sustentabilidade tem ganhado mais espaço no setor de transporte e já tenho pesquisado a opção de uma moto elétrica, que tem o valor de investimento mais alto, mas no dia a dia ainda sim sai mais barato”, explicou.

EMPREENDENDO NA CRISE
Wanessa Fernanda é empresária e há dois anos resolveu empreender no ramo de locações de veículos. Foi em uma conversa numa corrida por aplicativo que a empreendedora resolveu alugar o próprio carro para outros motoristas e assim conseguir uma renda extra.

“Percebi que existe uma alta demanda de pessoas que querem alugar carros para trabalhar como motorista de aplicativo. Então, aluguei meu próprio carro e deu certo. Optei por investir nesse ramo e hoje já são 26 carros na locadora, sendo 25 deles usados para corridas nos aplicativos”, conta.

A pandemia também impactou na produção de Wanessa. Em 2021, ela precisou aumentar a frota de veículos com a grande procura. “Como as pessoas ficaram desempregadas, trabalhar como motorista foi uma solução e a procura por aluguel de carros aumentou cerca de 50%, já que a maioria deles não tem carro próprio”, comentou.

Ainda de acordo com a empresária, o aluguel, semanalmente, chega até R$ 470  para veículos novos. Além de clientes de Uberlândia, a locadora oferece os serviços para outros estados.


ANÁLISE DOS INVESTIMENTOS
Mas afinal, essa troca significa mesmo a redução de despesas? O analista em investimentos, Gustavo Nogueira, contou que depende. Embora cada família tenha um tipo de custo diferente sobre transporte, essa despesa precisa entrar no orçamento.

“Essa análise é tão ampla, que pode responder também sobre morar perto do trabalho e gastar mais com aluguel e menos com o transporte. Em muitos casos, a recompensa é maior qualidade de vida e até economia. Mas, pensando em um cenário global, essa pode ser sim uma boa alternativa, mas até mesmo para essa decisão é preciso entender que algumas vantagens vão ficar de lado, como por exemplo, o conforto e privacidade”, explicou.

O analista ainda explicou que com a pandemia a forma de se viver em todos os aspectos mudou e as prioridades passaram a ser outras. “A pandemia forçou 10 anos de evolução da tecnologia em questão de meses, empresas precisaram se adaptar e essa influência do compartilhamento se tornou mais habitual”, comentou.

A gasolina teve aumento de 51% ao longo do ano de 2021 e a probabilidade é que os valores dos combustíveis cresçam ainda mais. O petróleo registrou alta nos últimos meses, chegando a superar o valor de 60 dólares e ainda não há um aumento significativo de produção que justifique uma queda no preço.

Olhando para o cenário econômico, Gustavo trouxe alerta. “Temos percebido que o Governo tem buscado alternativas para driblar a alta da inflação, que inclusive está maior do que as expectativas, mas até que esse plano seja traçado e colocado em prática, é importante pensar sim em cortes de gastos, principalmente de coisas essenciais, como alimentação e transporte”.

Ele ainda completou dizendo que a solução para evitar endividamento e melhorar o orçamento familiar é aumentar a receita ou diminuir os gastos. “Procurar ter mais consciência dos gastos, analisar o que tem gerado mais despesas e investir são os bons conselhos para quem quer evitar ficar no vermelho. Com as incertezas que ainda estamos vivendo, mesmo com a retomada da vida normal e economia, é sempre bom pensar com prudência no futuro” finalizou.

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