26/08/2021 às 08h44min - Atualizada em 26/08/2021 às 08h44min
Bacia do Rio Uberabinha tem 78% da área nativa com níveis de degradação
Resultado de um estudo sobre o tema será apresentado e debatido com autoridades públicas e sociedade civil nesta semana
DA REDAÇÃO
Área se estende por 216 mil hectares, passando por Uberaba, Uberlândia e Tupaciguara | Foto: GUSTAVO MALACCO/ANGÁ A bacia do Rio Uberabinha se estende por 216 mil hectares, passando por Uberaba, Uberlândia e Tupaciguara e sustenta uma vigorosa atividade agroindustrial, no Triângulo Mineiro, além de abastecer os mais de 700 mil habitantes da maior cidade da região. Apesar de permear biomas importantes, como o Cerrado, e o único trecho de Mata Atlântica remanescente às ações do homem, o Rio sofre com a degradação ambiental e a com a invasão de áreas que deveriam estar protegidas, restando apenas 22% da sua vegetação nativa.
Esses são alguns pontos levantados pelo “Diagnóstico socioambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Uberabinha: Unidade de Planejamento e Gestão Ambiental”, estudo realizado pela Associação para a Gestão Socioambiental do Triângulo Mineiro (Angá).
Segundo um dos responsáveis pelo estudo, o biólogo e diretor de Sustentabilidade da Angá, Gustavo Malacco, 78% da bacia do Uberabinha encontra-se em algum nível de degradação. “Quase um quarto, cerca de 7 mil hectares, das áreas de preservação permanente foram incorporadas por atividades econômicas e alguns trechos dos corpos hídricos encontram-se com indisponibilidade hídrica, principalmente por atividades de irrigação, ou estão comprometidos em relação a qualidade ambiental”, detacou.
Malacco ainda alerta sobre os riscos que a bacia do Uberabinha corre caso autoridades e comunidade não se conscientizem sobre a importância de proteção do bioma em toda sua extensão.
“Se nada for feito para reverter o quadro, e com o agravamento da crise climática, teremos impactos socioeconômicos, como por exemplo, impactos ao abastecimento público de Uberlândia, intensificação dos conflitos pelo uso da água, perda de biodiversidade (a bacia apresenta espécies muito ameaçadas de extinção, sendo que uma ocorre apenas em Minas Gerais – o bacurau-do-rabo-branco) e da capacidade produtiva das atividades agropecuárias”.
ESTUDO
O Diagnóstico Socioambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Uberabinha é resultado de três anos de pesquisas, entre 2018 e 2021, com financiamento do Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais – Fhidro.
“Ele objetivou a compreensão integrada e sistêmica dos processos produtivos sobre os recursos hídricos, as paisagens e a biodiversidade para apresentar um plano de ações para subsidiar o estado de Minas Gerais e os municípios (Uberaba, Uberlândia e Tupaciguara) no desenvolvimento de políticas públicas visando a melhoria da qualidade ambiental da Bacia”, explicou Gustavo Malacco.
O resultado do estudo será apresentado em um evento virtual que acontece nesta quinta (26) e sexta (27) pelo Youtube, em link que será divulgado nas redes digitais da associação (@associacaoanga) e que contará com as presenças das secretárias de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), Marília Melo, e de Agropecuária, Pecuária e Abastecimento (SEAPA), Ana Valentini, além de representantes dos executivos municipais de Uberlândia, Uberaba e Tupaciguara.
No evento, gestores políticos, comunidade científica e demais agentes envolvidos na gestão ambiental e produtiva da Bacia do Uberabinha, discutirão as recomendações e apresentarão novas propostas que visem contribuir, e compor parcerias, para a melhoria da qualidade ambiental do bioma.
“É fundamental um novo modelo de desenvolvimento, que contemple a restauração e conservação das áreas naturais; que seja resiliente às mudanças climáticas, com a adoção de uma economia de baixo carbono nas áreas urbanas e rurais; que incorpore e restaure as pastagens degradadas ao setor produtivo e ambiental; que desenvolva a potencialidade do ecoturismo e o turismo rural comunitário; que proteja e valorize a biodiversidade; que tenhamos água em quantidade e qualidade para que as futuras gerações possam usufruir de forma sustentável do rio Uberabinha”, finalizou Gustavo Malacco.
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