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18/08/2021 às 13h12min - Atualizada em 18/08/2021 às 13h12min

Uberlândia tem mais de 44 mil faltosos na vacinação contra Covid-19, diz membro do Comitê

Infectologista prevê outra crise sanitária se população não se conscientizar

​GABRIELE LEÃO
Prefeitura espera convocar convoca mais de 21 mil pessoas para vacinar até sexta-feira (20) I Foto: Secom/PMU
Uberlândia segue em plena vacinação contra a Covid-19. Contudo, mesmo com mais de 51% da população vacinada em sete meses, o município segue registrando alta no número de mortes e infectados pela doença. Segundo o infectologista e membro do Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19, Marcelo Simão, esse cenário acontece porque mais de 44 mil pessoas que fizeram o cadastro para a imunização deixaram de receber a primeira dose.

Ainda conforme dito pelo infectologista, o não comparecimento para receber a vacina ou a desistência compromete toda a cidade. “Essas pessoas que se cadastraram, foram chamadas, mas não foram até o local para receber o imunizante. Se essas pessoas não se vacinarem, vão comprometer a cidade toda. As vacinas são seguras e não apresentam problemas de eficácia”, explicou.

Marcelo Simão disse ainda que, com a chegada de novas variantes do novo coronavírus, a vacinação é ainda mais importante. “Passamos os últimos meses com a cepa gama Manaus P1 e tivemos muitos pacientes gravíssimos e mortalidade elevada, principalmente em pacientes jovens não vacinados. Percebemos nas últimas semanas uma queda e agora o aumento de quase 400 casos por dia e as Unidades de Tratamento Intensivos (UTIs) lotadas”, complementou.

Para Simão, o avanço da vacinação está passando uma percepção errada à população que acha que tudo já voltou ao normal. “Esses aumentos podem ser reflexos dos bares, restaurantes e festas cheias. A população tem vivido como se já estivesse tudo normal”, comentou.

O representante do Comitê frisou ainda que idosos voltaram a aparecer nas UTIs e destacou que esse público, que foi vacinado com a Coronavac, deve receber a terceira dose do imunizante o mais rápido possível, pois, segundo ele, a eficiência do imunizante é de apenas seis meses.

“A Prefeitura fez um levantamento e detectamos que entre 89 mil idosos vacinados com as duas doses tivemos 179 óbitos confirmados, cerca de  0,2%. Muitos deles com comorbidades e 93% com doenças graves e idade avançada. Ao todo, 90% foram vacinados com Coronavac 90% e 10% com AstraZeneca. Nós somos a favor, urgentemente, da terceira dose. Os profissionais da saúde e idosos, acima de 70 anos, devem ser contemplados com a terceira dose e precisa ser feito ainda neste ano, pois se não, podemos ter outro pico da doença até dezembro”, disse.

Por fim, o infectologista fez um apelo à população para que todos se vacinem, visando a melhora da situação atual. “Estamos num ritmo acelerado de vacinação, comparado às outras cidades de Minas Gerais, e após uma aprovação da Secretaria Municipal de Saúde e Ministério Público, vamos fazer a solicitação de mais de 130 mil doses”, concluiu.

PERFIL DA POPULAÇÃO
O antropólogo Sebastião Vianney comentou que existe um perfil entre as situações de crises sanitárias no mundo. “Comparando ao cenário da gripe espanhola, em 1918, naquela época tínhamos um mundo com uma população menor, sem globalização e sem todas essas conexões e também um saldo de pessoas muito ignorantes. Essa gripe durou dois anos. Atualmente, temos uma população numerosa, que está conectada com a globalização e isso contribui para a disseminação da informação, mas ainda temos pessoas ignorantes, do ponto de vista da ciência. Essas são pessoas levadas pela superstição. O Brasil, de um modo geral, agiu muito tardiamente para o controle da pandemia e isso aconteceu com muitos países que não percebeu a seriedade da situação”, explicou o antropólogo.

Vianney acredita ainda que o Governo Federal não viu a seriedade do problema, a começar pelo fato de não agir de acordo com as normas de saúde, além da demora na compra da vacina. “Essa negação e comunicação falha mostra a falta de posicionamento para combater a pandemia. Isso, juntando a estes fatos, faz com que as pessoas com perfis conservadores deixem de ser vacinadas e o motivo é sempre o mesmo: a vacina foi feita muito rápida”, disse.

Para o antropólogo, a população tem que perceber que existe uma grande diferença, pois a tecnologia e os estudos mudaram de um século para o outro. “O fato de falarem que não serão cobaias ou apenas testes para a vacina contra o Covid-19 não se sustenta, pois temos percebido a diminuição do número de mortes. Muitas pessoas morreram por falta de oportunidade e também porque não quiseram se vacinar”, ressaltou.

Sebastião Vianney finalizou defendendo a imunização geral da população. “A vacinação é ideal para seguirmos em frente para uma realidade mais normal”, encerrou.

AVANÇO DA IMUNIZAÇÃO
Com a quantidade de doses recebidas, a partir desta quarta-feira (18), a imunização continuará contemplando os grupos prioritários que pertencem ao Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação, além de alcançar o público em geral com 28 anos. A Prefeitura também irá realizar a aplicação da segunda dose de quem vacinou no dia 31 de julho com a Coronavac e reagendamento de faltosos que fizeram o recadastramento para a vacina. O município espera vacinar mais de 21 mil pessoas até sexta-feira (20).

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