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09/05/2021 às 09h00min - Atualizada em 09/05/2021 às 09h00min

Alta no preço do leite preocupa famílias e comerciantes em Uberlândia

Durante a pandemia, preço médio do produto chegou a R$ 4,19; economista afirma que cenário deve continuar nos próximos meses

BRUNA MERLIN
Produtora de queijos e doces teve que aumentar preço dos produtos, mas continua não sendo suficiente para suprir renda | Foto: Arquivo pessoal
Assim como outros produtos da cesta básica brasileira, o leite vem registrando um aumento constante do preço nos últimos meses. O valor do insumo está assustando as famílias que fazem consumo diário e também empresários que utilizam dele para a produção de outros produtos.

O preço do leite vem aumentando consideravelmente desde o início da pandemia. Em 2019, o valor médio do produto de 1L, segundo dados do Centro de Pesquisas Econômico-Sociais (Cepes) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), era de R$ 2,80. A partir de abril de 2020, o preço médio começou a variar entre R$ 3,40, chegando até R$ 4,19 em dezembro do mesmo ano.

Durante o primeiro trimestre de 2021, o preço do insumo seguiu alto. Em janeiro, o valor médio de 1L de leite chegou a R$ 4. Em fevereiro, foi de R$ 3,82 e em março chegou a R$ 3,79. 

O cenário prejudica de diversas formas aqueles que compram o produto, seja para consumo próprio ou para produção de outros alimentos derivados. É o caso da empresária, Jaqueline de Jesus Lopes Matos, que usa o leite como principal matéria-prima para a fabricação de queijos e doces caseiros.

A comerciante atua há oito anos no ramo e nunca presenciou uma elevação tão grande no preço do insumo. “Antes da pandemia, existiam meses, principalmente na seca, que o preço aumentava um pouco, mas depois logo abaixava. Agora, o aumento é constante e parece que irá continuar”, disse.

Ainda de acordo com Jaqueline, antes ela vendia os queijos por R$ 16 e precisou aumentar o valor do produto final para R$ 20. A empresária, no entanto, afirma que há meses em que ela sai no prejuízo. 

“Para eu ter uma margem boa de renda eu teria que vender por R$ 25, mas o cliente não aceita. Sendo assim, eu trabalho no vermelho e nem todo mês consigo tirar uma boa renda”, complementou.

A situação também é complicada na casa da Layane de Moura Lopes, de 31 anos. Ela tem três filhas, com idades entre 1 e 10 anos, e o leite é um alimento diário para as meninas. 

A dona de casa conta que gasta em média R$ 150 por mês com cerca de 36 caixas de 1L de leite. “Infelizmente, não tem como diminuir o consumo delas. Tá muito complicado e tem meses que precisamos nos virar para conseguir comprar. Tá um absurdo”, ressaltou.

 

FATORES

O aumento no preço dos itens básicos da alimentação brasileira, como o leite, se deu em razão da junção de diversos fatores que englobam a economia e a lei da oferta e demanda.

Segundo a economista Graciele de Fátima Sousa, desde o início da pandemia, as famílias concentraram os gatos em produtos essenciais, principalmente com a alimentação. Com isso, houve um aumento da demanda por esses produtos da cesta básica que eram considerados mais baratos e acessíveis a todos.

Em contrapartida, a oferta de produtos ficou menor. O aumento da taxa do câmbio foi um dos principais influenciadores para esse cenário já que com a alta do dólar os produtores estão investindo em mais exportações e deixando de ofertar produtos para o mercado interno.

“O preço da produção também subiu devido às condições climáticas. Em 2020 e também no início de 2021 foram registradas poucas chuvas, fazendo com que houvesse menos pasto para o gado. Sendo assim, os produtores precisaram investir mais em rações e, consequentemente, aumentaram o preço final do produto, como é o exemplo do leite”, explicou.

A economista afirmou ainda que as expectativas para os próximos meses não são tão boas quanto a população espera. Segundo ela, os preços altos devem continuar ao longo do primeiro semestre do ano.

“Pode sim ter reduções, mas não serão tão significativas. Os valores não irão voltar ao que eram em 2019. A economia brasileira ainda está muito afetada e ainda continuará”, finalizou. 

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