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11/04/2021 às 10h55min - Atualizada em 11/04/2021 às 10h55min

Obra inacabada do Anel Viário Sul desafia motoristas em Uberlândia

Construção iniciada em 1995 tem buracos e falta sinalização

NILSON BRAZ
Falta de infraestrutura é um problema antigo do Anel Viário I Foto: Arquivo Diário
“Para ter acesso assim, melhor não ter”, afirmou o comerciante Valdemir da Silva, sobre a entrada do bairro Laranjeiras pelo Anel Viário de Uberlândia. Como tem parentes que moram no bairro Laranjeiras, ele sempre precisa usar o Anel Viário para acessar a região.

Imagine só o seu trajeto diário para o trabalho ser um misto de rali com roleta russa. É essa a realidade apontada pelos moradores dos bairros Laranjeiras, Granada, Campo Alegre e São Jorge que precisam passar pela LMG-503, o Anel Viário Sul. Ter que encarar os buracos e a falta de sinalização.

Esses acessos estão no início dos mais de 18 km de extensão que ligam a BR-050 à MGC-497 e fazem parte do conjunto de obras paradas do Anel Viário Sul há mais de 25 anos na cidade. Com o anúncio do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DER/MG), de que a obra seria retomada e que o contrato com a empresa ganhadora da licitação já tinha sido assinado, a expectativa era de que os transtornos vividos por quem passa pelo local se tornassem coisas do passado. Mas desde outubro do ano passado, mês em que a empreiteira assumiu a responsabilidade pela obra, nada aconteceu.

O vendedor Aysllan Gouveia é uma das pessoas que nos últimos dez anos teve de encarar os problemas do trecho, pelo menos, duas vezes por dia. Para ele, morador do bairro São Jorge, a falta de infraestrutura do local coloca muitas vidas em risco e de muitas maneiras diferentes. “O problema ali é que quando você vem pelo Anel Viário, falta iluminação. Lá é um lugar onde passa muito motoqueiro, ciclista, gente caminhando. Depois, entre o Anel Viário e os bairros, não tem asfalto, tem muito buraco, precisa ficar desviando. O risco de acidente, de alguém ser atropelado é muito grande, porque é muito ruim e não dá pra ver direito”, comentou.

Aysllan disse que já viu vários acidentes no local, principalmente nos horários de maior movimento, que são por volta de 8h e no fim da tarde, por volta das 18h. “A gente vê muitos casos ali. Por não ter sinalização e por não ter um retorno apropriado, quando o motorista vai entrar no bairro ele acaba batendo em outro, em um motorista, a gente vê muitos acidentes. Depois das seis [da tarde] - 18h - quando já está escuro, se a pessoa não tiver uma ideia de como é a entrada na lateral, acontece acidente mesmo”, afirmou.

Com a proximidade das áreas residenciais, muitos outros acessos foram feitos de maneira clandestina pela própria população, mas, há pouco mais de dois anos, a Prefeitura de Uberlândia fechou essas passagens irregulares. Aysllan disse que isso fez o movimento do acesso correto aumentar, mas também comentou que os acidentes diminuíram. “Se sinalizar ali, terminar o asfalto, colocar uma iluminação, vai melhorar demais pra gente que precisa passar por lá todos os dias”, finalizou.

O comerciante Valdemir da Silva também disse que a melhoria no trecho facilitaria muito. Ele tem parentes que moram no bairro Laranjeiras e sempre precisa usar o segundo acesso do Anel Viário para os bairros. Ele acredita que sem a estrutura adequada, o acesso não deveria nem existir, já que oferece muito risco para quem passa por lá. “Não deve ser mais de 50 metros pra completar o asfalto ali, só isso já ajudaria muito. Comigo nunca aconteceu nada de grave, mas já tive conhecido que perdeu a mãe, a gente vê moto batendo na traseira dos carros. A saída é péssima, porque é toda esburacada, a entrada também é péssima. Pra mim, ou eles arrumam o acesso, ou eles tiram de lá. Pra ter acesso assim é melhor não ter”, avaliou.

POSICIONAMENTO DO DER/MG
Em nota, o DER/MG informou que o acesso aos bairros São Jorge e Campo Alegre já está com o projeto aprovado, que a segunda entrada, que dá acesso ao bairro Laranjeiras está com as obras em fase de conclusão e que o acesso à rodovia no bairro Shopping Park já está implantado. Disse ainda que as obras restantes são de responsabilidade da empreiteira que ganhou a licitação.

Com a assinatura do contrato, em outubro do ano passado, a construtora ficou responsável pelo término das construções e melhorias em todo o entorno do Anel Viário Sul, da ponte sobre o Rio Uberabinha e o trevo no entroncamento do Anel Viário com a Avenida Vereador Carlito Cordeiro. O Diário de Uberlândia entrou em contato com a construtora, que alegou atraso na execução por causa das chuvas, mas disse também que acredita que todas as obras do Anel Viário Sul sejam finalizadas em, aproximadamente, cinco meses.

“Devido ao período chuvoso, não conseguimos reiniciar as obras. Nesse intervalo, realizamos as reestruturações dos projetos, já que são obras antigas e que precisavam de uma readequação. Identificamos problemas nas estruturas que já estavam prontas e tivemos que pensar em novas soluções e, assim que as chuvas cessarem, iremos dar início às obras do trecho da [intercessão do Anel Viário com a] MGC-455, que dá acesso à cidade de Campo Florido. Lá, temos que refazer as estruturas de drenagens, que são antigas, terminar o aterro, fazer base e concluir o asfalto. Nossa expectativa é de que todas as obras do Anel Viário Sul sejam finalizadas e entregues à população até o início do mês de setembro” disse o sócio financeiro da construtora Sodeste, Warner Artur Siquerolli.

RELEMBRE O CASO
A obra do Anel Viário Sul foi iniciada em 1995 e a retomada se deu a partir do lançamento do edital, em maio de 2020, quando o Governo de Minas disponibilizou um orçamento de R$ 15 milhões para a conclusão do trecho. Com um valor de R$ 11.489.580,21, a empresa vencedora da licitação tem um prazo máximo estipulado em 360 dias para a conclusão a partir da ordem de serviço.

No local onde deve ser construída a ponte sobre o Rio Uberabinha, parte da estrutura da base já está instalada com vigas de ferro e concreto desde 2018. O restante do trecho aguarda, desde então, por uma desapropriação de chácaras em uma área de, aproximadamente, 38 mil m² entre a avenida Felipe Bueno Campos e o Rio Uberabinha.


 

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