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04/04/2021 às 15h15min - Atualizada em 04/04/2021 às 15h15min

Número de gestantes com mais de 40 anos cresce em uma década

Com o passar do tempo, a maternidade vem sendo adiada cada vez mais; ginecologista de Uberlândia explica motivos e riscos

BRUNA MERLIN
Débora Moralina de Souza, de 44 anos, engravidou de forma natural do Miguel I Foto: Arquivo Pessoal
Com o passar do anos, a maternidade vem sendo adiada cada vez mais pelas mulheres. Antes, era comum que a gravidez acontecesse na casa dos 20 anos, mas o comportamento mudou e, atualmente, a busca pela construção de uma família vem acontecendo depois dos 30 anos.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), em 10 anos, a quantidade de gestantes com 35 a 39 anos de idade aumentou em 63,3% no país. Entre as mulheres de 40 a 44 anos, o número de partos subiu em 57%. Já em mulheres com mais de 50 anos, a alta foi de 55%.

Conforme explicou o ginecologista Luís Carlos Perillo, a maternidade tardia ocorre por diversos fatores. O principal deles está relacionado à abrangência do papel da mulher no mercado de trabalho.

“Hoje, elas querem uma carreira, sendo assim, estudam e trabalham para isso. E os planos materiais vão sendo adiados. Além disso, muitas buscam se planejar melhor financeiramente para oferecer uma qualidade de vida melhor ao filho ou filha”, explicou.

Foi o que aconteceu com a moradora de Uberlândia Débora Moralina de Souza, de 44 anos. Ela, que é advogada, sempre lutou muito para construir uma carreira sólida na profissão e os planos de ter filhos acabaram ficando em segundo lugar. “Sempre quis ser mãe, mas as coisas vão acontecendo na vida, tanto profissional quanto pessoal, e vamos adiando até que não dá mais”, destacou.

Hoje, Débora está grávida do primeiro filho, que se chamará Miguel. A gravidez aconteceu de forma natural, mas, ela já tinha se planejado para realizar uma fertilização in vitro.

Para a advogada, a gravidez aconteceu no momento. Ela está prestes a completar seis meses de gestação e, apesar de já estar em uma idade avançada, não teve, até o momento, complicações e o bebê segue crescendo forte e saudável.

“Foi a hora que Deus quis. Nos abençoou com esse presente. Fiquei muito feliz por ter conseguido de forma natural. Já já o Miguel estará com a gente, com muita saúde”, complementou.
 
PLANEJAMENTO
A meta de uma estabilidade financeira foi um dos motivos que fez com que Elaine Maria Gonçalves e Silva, de 45 anos, deixasse a maternidade para mais tarde. De acordo com ela, o objetivo sempre foi construir uma carreira profissional e conseguir um planejamento financeiro estável para cuidar dos filhos.

“Tive uma infância muito difícil, então sempre coloquei na minha cabeça que iria dar uma vida muito boa e completa para meus filhos”, disse.
Aos 40 anos, Elaine decidiu que era a hora de engravidar. Sabendo que as chances de conseguir de forma natural eram menores, ela já procurou uma clínica de Uberlândia especializada em fertilização in vitro, em 2019, e a gravidez veio na primeira tentativa.

A surpresa foi grande quando a uberlandense soube que estava grávida de gêmeas. A preocupação e o medo de não conseguir chegar até o fim da gestação tomaram conta dos sentimentos de Elaine, mas tudo deu certo e as meninas, Letícia e Gabriela, nasceram com 37 semanas de gestação.

“Tive uma gestação tranquila e sem nenhuma complicação. Minhas filhas nasceram perfeitas, lindas e muito saudáveis. Foi uma benção muito grande”, continuou.
 
RISCOS E SOLUÇÕES
Segundo o ginecologista Luís Carlos Perillo, a gravidez tardia pode gerar uma série de riscos à saúde da mulher e do bebê, além de aumentar as chances de abortos. Entre os riscos estão a pré-eclâmpsia, diabete gestacional e má formação do feto.

Conforme explicou o profissional, para evitar complicações, é recomendado que as mulheres engravidem antes dos 35 anos de idade. Após essa idade, já é aceso um alerta por causa da queda na chance de engravidar, tanto de forma natural quanto em uma clínica de reprodução, e no aumento dos riscos.

“Desde o início da primeira menstruação, as mulheres perdem óvulos a cada mês. Com o passar dos anos, os óvulos se tornam cada vez mais escassos e, a partir dos 35 anos, a quantidade vai ficando mais baixa até o momento em que não há mais produção”, explicou.

O médico informou ainda que o alerta de cuidado para a gestação tardia não é uma pressão para que as mulheres tenham filhos mais cedo, mas ele é necessário para que soluções sejam encontradas para aquelas que pretendem deixar a maternidade para mais tarde.

Um exemplo dado pelo ginecologista é o congelamento de óvulos. De acordo com ele, o procedimento é muito indicado para mulheres que querem adiar a maternidade, garantindo mais qualidade do embrião e aumentando as chances de engravidar.

“A mulher pode optar por congelar o óvulo ainda jovem, na casa dos 20 anos. Esse material pode ficar por cerca de 12 anos congelado. Caso ela decida utilizá-lo depois dos 35 anos, através de uma fertilização in vitro, esse óvulo ainda estará jovem, proporcionando mais chances de uma gravidez”, detalhou.

Outro procedimento muito indicado para mulheres mais velhas que querem engravidar é a utilização de óvulos doados, através do banco de óvulos. O método já existe há anos em Uberlândia e, nos últimos anos, está sendo muito utilizado.

“O óvulo é doado, sem fins lucrativos, por uma mulher anônima que ainda não completou 35 anos. É um método muito escolhido por casais homossexuais que querem construir uma família”, finalizou.



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