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22/03/2021 às 16h00min - Atualizada em 22/03/2021 às 16h00min

Greve dos ônibus força usuários a procurarem alternativas para se locomover em Uberlândia

Paralisação do transporte público completa 12 dias nesta segunda (22); trabalhadores da cidade precisam encontrar soluções para conseguir ir trabalhar

BRUNA MERLIN
A greve dos trabalhadores do transporte público em Uberlândia completa 12 dias nesta segunda-feira (22). Atualmente, somente 40% da frota está atuando na cidade e, devido a isso, muitos usuários estão sendo prejudicados e forçados a encontrar alternativas para se locomover.

A auxiliar de cozinha Ana Lúcia Silva e Souza Santos, de 36 anos, mora no bairro Shopping Park e utilizava o transporte público todos os dias para se deslocar até o trabalho, que fica no bairro Brasil. Com a greve, o serviço parou de ser oferecido na região em que ela reside e como solução a auxiliar de cozinha está tendo que utilizar o aplicativo Uber para conseguir trabalhar.

O problema enfrentado por Ana Lúcia é em relação ao preço que ela pega por cada corrida. Em média, ela gasta cerca de R$ 40 por dia para conseguir chegar ao trabalho e voltar para casa no final do expediente.

“Eu ganho R$ 50 por dia trabalhado e R$ 54 por semana de auxílio para o transporte. Mas não é suficiente e praticamente estou pagando para trabalhar. Quase todos os dias, estou tendo que utilizar quase todo meu salário para conseguir ir trabalhar”, ressaltou.

Ana Lúcia contou ainda que em vários dias não teve dinheiro para chamar um motorista particular. Para não faltar ao trabalho, ela precisou contar com a ajuda do marido, que teve que sair do serviço mais cedo para conseguir levá-la.

“De todas as formas, estamos saindo prejudicados. Já até pensei em sair do trabalho e arrumar algo mais perto da minha casa porque não está sendo fácil e parece que essa paralisação ainda vai durar muito tempo”, complementou.

DESCONTO NO SALÁRIO
O Uber também está sendo a solução encontrada pela auxiliar de limpeza Alessandra Bento de Lima, de 44 anos. Ela mora no bairro Custódio Pereira e percebeu que na região estão passando poucos ônibus.

“Preciso estar no meu trabalho, que fica no bairro Fundinho, às 6h40. Para isso, preciso pegar o ônibus umas 6h e ele não está passando”, disse.

No caso de Alessandra, a empresa está acionando e custeando as viagens particulares para que ela chegue ao trabalho. “Quando vejo que o ônibus não irá passar, já aciono meu supervisor, que chamar um Uber para mim”, explicou.

Contudo, o serviço acaba ficando mais caro do que o transporte público que, atualmente, custa R$ 4,50 a passagem. Segundo a auxiliar de limpeza, cada corrida por meio do aplicativo fica em torno de R$ 20. Devido a isso, ela tem receio de que parte do valor seja descontado do seu salário.

“Irei ter um prejuízo enorme porque é um serviço caro. A empresa ainda não sinalizou que irá descontar, mas tenho certeza que isso irá acontecer porque senão eles também saem no prejuízo”, frisou.

Por fim, Alessandra disse que procura outras alternativas para tentar não sair no prejuízo. De acordo com ela, sempre está atrás de vizinhos que possam oferecer uma carona a ela. “Tenho que me virar para que no início do mês eu não tenha um grande desfalque no meu salário”, concluiu.

GREVE
Os trabalhadores do transporte público entraram em greve no dia 11 de março. Antes disso, no dia 5 de março, os servidores já haviam realizado uma paralisação e protestaram contra o parcelamento dos salários por parte das empresas.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Uberlândia (Sinttrurb), Márcio Dúlio Oliveira, diversas reuniões foram realizadas com as empresas para que a questão salarial fosse revertida, mas as organizações foram relutantes e prosseguiram com a decisão do parcelamento das remunerações.

“Duas empresas já efetuaram o pagamento e uma irá finalizar a última parcela. Não conseguimos reverter essa situação, que é muito vergonhosa”, disse.

Atualmente, o Sindicato reivindica pela manutenção da convenção coletiva, reajuste do percentual salarial de acordo com a inflação, remuneração dos dias em que os servidores estão parados e pelo fornecimento do ticket alimentação e da cesta básica, referentes ao mês de fevereiro, que ainda não foram repassados.

“Lutamos por melhores condições de trabalho porque esses trabalhadores estão sendo prejudicados de todas as formas”, destacou Márcio Dúlio.

O Diário de Uberlândia entrou em contato com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Triângulo Mineiro (Sindett) para saber como andam as negociações com o Sinttrurb, mas até a publicação desta matéria não houve retorno.



 
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