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16/12/2020 às 18h50min - Atualizada em 16/12/2020 às 18h50min

Trabalhador negro alega racismo ao ser impedido de entrar em shopping

Testemunha disse ao Diário que seguranças solicitaram documento de identificação apenas do homem na entrada; vídeo viralizou nas redes sociais

DA REDAÇÃO

Um trabalhador negro alegou ter sido vítima de racismo ao ser impedido por seguranças de entrar no Center Shopping, em Uberlândia. O episódio aconteceu no início da tarde do último sábado (12), e viralizou no início desta semana após uma testemunha postar sobre o ocorrido em suas redes sociais.

De acordo com Carolinne Bernardeli, ela estava chegando na fila para entrar no shopping quando se deparou com algumas pessoas à frente, dentre elas o homem. Ela afirmou ter visto alguns jovens de pele clara entrando normalmente no local após passarem pelo termômetro, utilizado para medir a temperatura corporal em função da pandemia da Covid-19.

Segundo a engenheira de alimentos, os seguranças não requisitaram nenhum documento de identificação aos jovens, mas assim que o trabalhador se aproximou da entrada eles o barraram e pediram o documento. No vídeo gravado, o homem disse que trabalha ao lado do shopping e que vai ao local com bastante frequência.

 

“Fui abordado aqui no shopping e pediram a minha identidade, sendo que todo dia eu venho aqui pagar as minhas contas e comprar as coisas que eu tenho que comprar. Só pediram a minha. Achei um p*** racismo comigo, me senti ofendido e acho que ninguém deveria ficar calado”, relatou.


 



Em entrevista ao Diário, Carolinne afirmou ter se incomodado com o ocorrido e interveio na situação. Ela conta que questionou os seguranças sobre a necessidade de apresentar os documentos no momento da entrada ao shopping. “Eu questionei porque eles não pediram os documentos das pessoas que entraram antes dele. Se pediram, eu realmente não vi. Questionei também se eu precisava apresentar o meu documento, porque o meu não estava na bolsa. Eles falaram que eu não precisava apresentar os meus”, disse.

Ainda de acordo com Carolinne, os seguranças a levaram para um canto e explicaram a situação. “Eles me disseram que estavam apenas seguindo ordens e que era o protocolo. Eu perguntei a eles: o que vocês têm contra o rapaz? Vocês nem sabem quem é ele. Tem a foto dele estampada em uma lista de procura policial? Porque aí tudo bem”, explicou Bernardeli.

Durante conversa com a reportagem, a uberlandense de 25 anos falou ainda que em determinado momento, os seguranças relataram que o protocolo seguido era de solicitar documentos de identidade para saberem se os clientes do shopping eram maiores de idade ou não.

“É nojento. Foi uma situação idiota. Está acontecendo no mundo inteiro, mas parece que as pessoas não aprendem. Não dá para normalizar isso. A forma como eles o abordaram foi muito impositiva. Eu claramente não sou menor de idade e sou muito mais jovem que o rapaz. Ele ficou bem chateado, estava trêmulo e disse que está acostumado a passar por isso. É ridículo, é feio ver isso acontecer. Depois disso tudo, eles deixaram o rapaz entrar”, disse Carolinne.

O Diário entrou em contato com a assessoria de comunicação do Center Shopping que, por meio de nota, informou: "Com o objetivo de garantir o bem estar e o controle da capacidade máxima de frequentadores no nosso estabelecimento, o shopping adotou no último sábado a medida de permitir a entrada de menores apenas acompanhados por um responsável adulto e mediante a apresentação de documento pessoal. Assim, todas as pessoas que aparentavam ser menores de idade foram abordadas, em todas as portarias, para apresentação de documento, sem qualquer distinção. Reforçamos que em nenhum momento foi realizada qualquer ação com cunho discriminatório. Reafirmamos o respeito por todos que frequentam o shopping, orientando e treinando nossos colaboradores para que não ocorram situações desta natureza".


A reportagem também tenta contato com o trabalhador para saber mais detalhes sobre o caso.


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