Dados disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que o número de eleitores aptos a votar em Uberlândia é de 486.550, 1,74% a mais que há quatro anos. Mesmo com esse aumento, o perfil do eleitor uberlandense permanece praticamente o mesmo entre 2016 e 2020.
Entre os fatores que mais sofreram alteração está relacionado ao percentual de votantes com nível escolar superior completo. Na última eleição era 8,486% (40.556) e agora passou para 19,02% (92.478), um crescimento de mais de 100%.
Segundo o filósofo político e professor de Teoria da Democracia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), José de Magalhães Campos Ambrósio, esse patamar é maior, inclusive, que a média nacional. Apesar da evolução, ele não considera um ponto que poderá definir uma eleição.
“Esse crescimento para quatro anos é de fato um número muito expressivo, inclusive em relação à média nacional, em torno de 12%. Já todas as outras estratificações sociais se mantiveram estáveis, mas essa mudou bastante. Mesmo assim acredito que o ensino superior completo não indica, necessariamente, uma postura eleitoral especifica. Não é à toa que as cidades, de tempos em tempos, variam de escolhas, inclusive ideológicas, assim como o país”.
O que o filósofo político acredita que aumente é a procura por uma análise melhor sobre o perfil dos candidatos, ainda mais em um ano atípico como 2020 em que a eleição se dará mais no meio virtual por causa da pandemia da Covid-19.
“O que eu acho que acontece é que o ensino superior completo promove um escrutínio maior dos candidatos, não sua posição política. Se cruzarmos esse dado com a informação que nessa eleição teremos um número muito grande de candidatos, podemos esperar que sejam mais pesquisados. E nessa eleição especificamente tem uma campanha eminentemente virtual, as pessoas terão muito mais oportunidades de ver e pesquisar a vida pregressa do candidato, principalmente aqueles que têm uma vida pública mais longínqua. A internet não perdoa o passado”.
DESINTERESSE DOS JOVENS
Outro dado que mudou nos últimos quatro anos em Uberlândia é a queda de 72% no número de jovens com idades de 16 e 17 anos que podem, mas não são obrigados a votar. Em 2016 eram 3.046 eleitores, enquanto em 2020 caiu para apenas 854. Entre os motivos apontados por José de Magalhães está a crise institucional política que o país passa.
“Essa diferença pode ter duas causas. A primeira é justamente o efeito da pandemia. Se com a obrigatoriedade fica difícil observar esse aumento, com a pandemia pode ter caído. O segundo motivo é o descrédito que a política vem tomando, principalmente pelos discursos de ódio e assim por diante. É o ano de eleição que faz com que as pessoas se engajem para se inscrever eleitoralmente, mas depende também dos candidatos apresentados”.