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27/05/2020 às 09h00min - Atualizada em 27/05/2020 às 10h01min

MG registra aumento de mais de 600% no número de mortes por SRAG

Estudo científico feito por alunos de Medicina da UFU, em Uberlândia, alerta para possível subnotificação de casos de Covid-19

BRUNA MERLIN
Foram registrados 539 óbitos por SRAG entre janeiro e abril de 2020 | Foto: Divulgação
Um estudo feito por alunos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (Famed/UFU) aponta que Minas Gerais pode estar registrando uma quantidade elevada de subnotificações de mortes da Covid-19. A pesquisa revela um aumento na frequência de óbitos por causas clinicamente semelhantes à doença causada pelo novo coronavírus. 

Em Minas Gerais, de janeiro a abril de 2020, morreram 201 pessoas cujo atestado de óbito registra como causa a Covid-19. No mesmo período, 539 indivíduos vieram a óbito por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), ou seja, pessoas que faleceram com sintomas semelhantes ao coronavírus. 

Em comparação com os últimos três anos, 2017, 2018 e 2019, o número de mortes pela síndrome aumentou em 648,61% neste ano. Todos os dados analisados pelos pesquisadores da UFU foram colhidos de bases do Ministério da Saúde (MS), como o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), o Sistema de Informação de Agravo de Notificação (Sinan) e a plataforma Infogripe, gerenciada pela Fiocruz. Eles também conseguiram informações sobre óbitos no Portal de Transparência do Registro Civil.

Segundo um dos autores do estudo científico, Thiago Henrique Envangelista Alves, o salto na quantidade de óbitos registrados como Síndrome Respiratória Aguda Grave pode estar ligado à indisponibilidade de diagnóstico laboratorial para comprovação da contaminação pelo coronavírus. “O aumento é extremamente notável e significante. E é fato que Minas Gerais, assim como todo o Brasil, tem uma baixa taxa de testagem para a confirmação da Covid-19. Sendo assim, muitas óbitos podem ter sido registrados de forma errônea”, disse o pesquisador.

O levantamento também mostra que o aumento desses casos antecedeu os registros oficiais da doença. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a primeira morte por coronavírus no território estadual aconteceu em 30 de março, mas o crescimento do número de óbitos por outras doenças respiratórias foi observado pelos estudantes já na primeira semana do mês.

Pesquisa foi realizada por estudantes da Faculdade de Medicina da UFU de forma remota | Foto: Arquivo Pessoal

UBERLÂNDIA
Uma pesquisa científica sobre a situação de Uberlândia já está sendo realizada pelos alunos da Faculdade de Medicina da UFU. O estudo também irá analisar se existem possíveis casos de subnotificações do coronavírus na cidade. 

“Acreditamos sim que o município tenha casos subnotificados da Covid-19. Mas, a quantidade pode ser menos expressiva do que a registrada em todo o estado de Minas Gerais”, complementou Thiago Henrique Alves.

O levantamento ainda está em andamento e não há uma previsão para ser concluído. 











 

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