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02/02/2020 às 08h04min - Atualizada em 02/02/2020 às 08h04min

Crescimento de cosplay representa oportunidade de trabalho em Uberlândia

Expansão também beneficia mercado de cosmakers na cidade

IGOR MARTINS
Luiz Carlos se vestiu como Thor na CCXP 2019 | Foto: Arquivo Pessoal
O crescimento da cultura pop e a democratização do acesso a séries e filmes permitiram que personagens de jogos, livros e produções cinematográficas se tornassem mais conhecidas pelos brasileiros. É difícil imaginar uma pessoa que não tenha assistido a um filme dos Vingadores ou que não tenha lido ou saiba quem é Harry Potter. Dentre os mais jovens, o que mais faz sucesso atualmente são os jogos eletrônicos, que movimentam bilhões de dólares anualmente.

Mesmo sem dados oficiais sobre a expansão deste segmento em Uberlândia, é unânime dentre pessoas que trabalham na área de festas e eventos que a cidade tem registrado um crescimento em comemorações que remetem ao mundo pop. Estas festividades, na maioria das vezes, são marcadas pela presença dos cosplayers, aquelas pessoas que se fantasiam e fazem a festa das crianças, adolescentes e até mesmo dos adultos.

O vendedor comercial Luiz Carlos Cândido Rodrigues viu na atividade uma oportunidade de transformar um hobby em uma fonte de renda extra. A história dele com esta arte começou há aproximadamente 13 anos. O uberlandense contou que foi a uma festa vestido como o pirata Jack Sparrow, do filme “Piratas do Caribe”. O sucesso foi tanto que ele ganhou o concurso de melhor fantasia e a partir daí começou a investir na paixão. Ele já é figurinha marcada na Convenção de Animes e Tokusatsus de Uberlândia (Catsu), evento que acontece todos os anos na cidade.

Com o tempo, ele foi aperfeiçoando o personagem vivido por Johnny Depp e passou a dar vida a outras figuras icônicas não apenas do mundo fictício, mas também da vida real. Rodrigues passou a interpretar um de seus maiores ídolos no esporte, o piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna, que morreu em 1994. Além do Rei de Mônaco, o cosplayer de 29 anos dá vida ao Capitão América e ainda trabalha como o deus nórdico Thor, em sua versão mais engraçada, como ele mesmo diz.

Presente na última edição da Comic Con Experience (CCXP), realizada em dezembro de 2019 em São Paulo, o vendedor falou sobre a experiência e a sensação de participar de um evento de grande porte da cultura nerd. “Estar na CCXP é o sonho de qualquer pessoa que faz cosplay. Foi muito legal ter visto tanta gente boa e o sorriso das pessoas que viam nossas fantasias. Passei o dia todo tirando fotos com as pessoas. Se eu andei 200 metros lá foi muito”, brincou o uberlandense.

Por outro lado, o crescimento de cosplayers na região não quer dizer que a atividade seja valorizada, segundo Luiz Carlos. Segundo ele, Uberlândia ainda tem muito a evoluir e um dos passos a se seguir é o reconhecimento do cosplay como uma profissão. “As pessoas acham que cosplay é algo simples, que é só se fantasiar e pronto. Existe muita coisa por trás, nós passamos horas nos maquiando, temos que estudar os personagens, porque cosplay não se limita apenas à fantasia, mas também ao comportamento daquele personagem. As roupas têm um alto custo. É um investimento que nós fazemos para levar alegria para as pessoas que gostam deste tipo de arte”, afirmou.


PROJEÇÃO
Empreendedora espera crescimento do setor em 2020


Carine Mota dá vida à rainha Elsa, de “Frozen” | 
Foto: Reprodução Instagram

Dona de um estabelecimento de festas e cosplayers, Carina Mota Pereira descobriu que poderia viver dessa área a partir do retorno do público em eventos. Nascida na cidade de Tanque Novo (BA), a cosplayer trabalha como a rainha Elsa, do filme “Frozen”, sucesso entre os pequenos e dono da maior bilheteria de animação de todos os tempos, com uma arrecadação de US$ 1,32 bilhões ao redor do mundo.

Atualmente, a empresa de Carina oferece mais de 100 personagens para festas, mas também alerta sobre a falta de valorização do cosplay em Uberlândia. “Nós investimos um valor muito alto para nos transformarmos em um personagem, e muitas pessoas não querem pagar nem o valor que muitas vezes não cobre nem o custo de manutenção”, disse.

Segundo ela, o ano de 2020 começou bem com o lançamento de “Frozen 2”. Ela espera que o mercado seja ainda mais movimentado até dezembro. “Precisamos valorizar este tipo de arte. A desvalorização dos cosplayers faz com que muitos desistam de serem profissionais e façam isso apenas por hobby.”

FANTASIAS

Grande parte do sucesso de um cosplayer passa pela qualidade e vivacidade da fantasia que ele utiliza. Ela precisa fidelizar o máximo possível algum personagem. O crescimento deste mercado se dá devido ao trabalho realizado pelas pessoas que fazem a confecção destas roupas, os chamados cosmakers.

Referência no mercado de Uberlândia, a cosmaker Jackeline Martins sempre confeccionou seus próprios cosplays para comparecer nos eventos realizados na cidade. Em entrevista ao Diário, ela disse que a profissão começou a ser rentável a partir do momento em que decidiu fazer a produção de fantasias para outras pessoas quando ficou desempregada, em 2018. A mato-grossense de 23 anos aproveitou suas habilidades na área para começar a ganhar dinheiro e se manter. Desde então, é a ela que grande parte dos cosplayers da região recorre quando busca uma profissional do segmento.

Na avaliação de Jackeline, o crescimento da cultura pop na região do Triângulo Mineiro tem permitido a inserção de novos profissionais na área de festas e fantasias. A confecção de fantasias pode variar muito de preço, já que cada personagem tem a sua peculiaridade e suas diferenças na hora da produção. “Eu faço a separação nas categorias de armaduras e roupas. O material utilizado muda bastante. Tem personagens que usam armas, escudos, e outros, não. Tudo isso define a precificação e o tempo de produção das fantasias”, disse.

Ainda segundo a cosmaker, o ano de 2020 pode ser muito produtivo para o mercado, especialmente no segundo semestre, quando eventos de grande porte acontecem por todo o Brasil. A cidade de São Paulo é o principal destino das comemorações. A capital paulista recebe o Anime Friends e o Brasil Game Show (BGS) em julho e outubro, respectivamente. A CCXP está prevista para acontecer em dezembro, também em São Paulo.

A principal atração em Uberlândia deve ser a Catsu, prevista para agosto. “Muitas pessoas já me procuraram no início do ano para a confecção de cosplays que serão utilizados em eventos como estes“, disse a Jackeline Martins.











 

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