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04/02/2020 às 17h41min - Atualizada em 04/02/2020 às 17h41min

Mercado de EaD se consolida e cria concorrência em Uberlândia

Cidade segue tendência nacional e abriga mais de 40 polos, segundo estimativa do mercado

VINÍCIUS LEMOS
Democratização do acesso à EaD é uma das bandeiras da modalidade de ensino | Foto: MCTIC/Divulgação
Com a estimativa de que existam mais de 40 polos de instituições de Educação a Distância (EaD) em Uberlândia, o mercado desta modalidade de ensino é visto como promissor pelas próprias instituições. O crescimento do número de cursos desde a última década nos polos entrevistados pelo Diário aponta o aumento da demanda por esta modalidade. O último Censo da Educação Superior, divulgado no passado, mostrou um crescimento de 50% no número de cursos EaD entre 2017 e 2018 Brasil, passando de 2.108 para 3.177, no período. O mesmo levantamento apontou que o número de vagas nos cursos a distancia no país superou o registrado no ensino presencial.

A mudança ocorrida em 2019 na legislação que regula o setor, dobrando a quantidade de aulas a distância para instituições com graduação presencial, também refletiu no cenário. Por outro lado, as instituições buscam reduzir a evasão em um tipo de estudo que exige comprometimento e disciplina dos alunos.

Com polo em Uberlândia desde 2006, a instituição em que a Coordenadora acadêmica Patrícia Lasmar Buiatti trabalha, oferece hoje 50 cursos, entre tecnólogos, bacharelados e licenciaturas. Há 13 anos o número era menor que a metade do atual, não passando de 20 cursos. A empresa tem origem paulista. “Nosso diretor na época, que foi professor da Universidade Federal de Uberlândia, tinha a visão em relação à educação a distância. Por isso, foi trazido o polo para Uberlândia. Naquela época já era tendência, e dois ou três anos depois já estava bem consolidado na cidade”, disse.

Um dos polos mais antigos na cidade é o de uma instituição originária do Paraná, que chegou em 2003 como aposta do mercado de Uberlândia, já conhecido por ter grande concentração de centros de formação superior. “O crescimento da EaD em Minas Gerais é de mais de 40% nos últimos anos e de 133% em todo o País. Esse tipo de ensino é puxado pela flexibilidade oferecida ao aluno e pelos preços”, afirmou a coordenadora administrativa, Alane da Silva Matias Macedo. A empresa oferece 27 cursos, além de 10 formações pedagógicas.

Estabelecido com o passar dos anos, o mercado de EaD em Uberlândia é considerado concorrido pelas empresas, mas apresenta aumento de demanda por parte dos alunos, o que leva ao investimento por parte das instituições de ensino, cada uma delas buscando atrair novos clientes.

É consenso que o investimento em plataformas para facilitar os estudos deve ser contínua. Com smartphones e uma conexão média, segundo os centros de EaD, é possível se formar. No entanto, é preciso também orientar os alunos com relação à forma de estudar. Há formações praticamente sem aulas presenciais e há as empresas que buscam avaliar a necessidade e oferecer mais presença para ajudar na formação do aluno. Assim, cursos semipresenciais são comuns, com tutores e aulas pelo menos uma vez por semana no polo, além de provas periódicas.
 
PERFIL
As instituições entrevistadas apontaram que o perfil dos alunos que buscam EaD hoje em Uberlândia cria nichos em duas faixas etárias: jovens de até 25 anos e adultos entre 30 e 50 anos. Na empresa onde Patrícia Buiatti atua, cerca de 70% dos matriculados pertencem ao segundo grupo. Enquanto a maior parte dos alunos da instituição onde Alane Macedo atua é formada por jovens. Em ambos os casos o objetivo é a busca mais rápida, considerada barata e prática para conseguirem melhora nos ganhos dentro de empresas ou a busca de novas vagas no mercado de trabalho.
 
DEDICAÇÃO
Essa busca muitas vezes é de pessoas que já trabalham e por isso precisam encaixar os estudos nas jornadas dos empregos. Entretanto é preciso que haja dedicação. “Converso com alunos nas aulas iniciais e digo que há cinco requisitos para formação em EaD: disciplina, disciplina, disciplina, disciplina e disciplina. O EaD tem que ser encaixado na rotina e o aluno precisa abrir mão de algumas coisas para poder colocar o curso nessa rotina. O aluno tem que tirar o tempo que tem, seja em qualquer hora do dia e entender que ‘vai para a faculdade’ no momento de estudo”, explicou Patrícia Buiatti.

A evasão nas duas instituições ouvidas pela reportagem fica entre 15% e 30%. Para reverter este cenário, as empresas trabalham com busca ativa, o que é feito por meio do monitoramento de acesso às plataformas e contato com os alunos, por exemplo. Além da falta de disciplina, existe o fator econômico que muitas vezes desestimula o estudante, o que também é pensado pelas empresas. “A evasão, de maneira geral, diminuiu, mas há ainda a retenção, que entra em contato com o aluno e pode oferecer descontos e entender o que se passa com ele”, afirmou Alane Macedo.
 
VALORES
Apresentada pelas empresas como uma forma de democratização do ensino superior, a EaD tem como principal conteúdo das propagandas a flexibilidade de horários de estudo e os valores das mensalidades. Sem precisarem de estrutura física para oferecer os cursos, e com corpo docente quase que único para todos os polos, os custos caem, o que torna possível oferecer cursos mais em conta, como explicam as próprias instituições.

Os valores apresentados à reportagem foram quase 50% menores que os de instituições presenciais. Mas há restrições para quem quer estudar a distância. Não possível, por exemplo, se formar em Medicina ou Direito, devido à legislação.
 
Presenciais também no mercado de EaD
A coordenadora do Ensino a Distância de uma das mais antigas instituições privadas de ensino superior presencial de Uberlândia, Virgínia Paula, afirmou que desde 2006 a empresa investe no segmento e hoje tem 1 mil alunos matriculados na graduação e pós-graduação. São oferecidos 14 cursos de graduação e 16 de pós.

“Investir em curso online está diretamente ligado com o investimento em educação, essa forma de estudo é mais democrática e permite que pessoas em locais distantes possam ter acesso ao conhecimento. Todos podem se beneficiar com cursos online, a instituição de ensino, estudantes e professores. O curso EaD é mais acessível para todos os envolvidos, poupa-se com a estrutura, manutenção de espaço físico, deslocamento, impressão de material, enfim, a redução de gastos é expressiva”, explicou Virgínia Paula.
 
Segundo diploma
Professora em uma escola particular, Claudiene Borges espera deixar a carreira que conquistou com a formação em Pedagogia em uma instituição de curso presencial. Desde o ano passado, ela se dedica à formação em Ciências Contábeis. “Minha primeira formação foi a primeira escolha possível à época, analisei o mercado e acho que consigo melhor colocação ou poderei investir em escritório próprio”, afirmou. Ainda segundo ela, sua rotina de sala de aula e preparação de conteúdo não possibilitaria um ensino presencial e esse foi o principal motivo de buscar a formação a distância.









 

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