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29/10/2019 às 08h17min - Atualizada em 29/10/2019 às 08h17min

Construção do Anel Viário Sul dura 24 anos e segue sem previsão em Uberlândia

Iniciada em 1995, obra está emperrada devido à falta de recursos e processo de desapropriação de imóveis

SÍLVIO AZEVEDO
Parte da estrutura da base da ponte sobre o Rio Uberabinha está instalada aguardando o retorno das obras | Foto: Sílvio Azevedo
Uma obra que já dura 24 anos e não tem prazo para terminar facilitaria a vida de muitos motoristas que vem, ou vão, para cidades como Prata e Campina Verde. O Anel Viário Sul de Uberlândia tem aproximadamente 18 km de extensão e liga a BR-050 ao Anel Viário Oeste e à MGC-497. É a segunda obra mais antiga ainda inacabada no Município. Só perde para a pavimentação da MGC-455, no trecho entre Uberlândia a Campo Florido, que corta justamente o trecho Sul do Anel Viário.

De acordo com o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER), 60% da obra estão concluídos e já foram investidos mais de R$ 27 milhões. Para concluir os outros 40%, são estimados mais R$ 18,2 milhões, totalizando R$ 45,5 milhões.

Para finalizar a obra, segundo o DEER, falta a construção da ponte sobre o Rio Uberabinha, terraplenagem e pavimentação de aproximadamente 1 km de via, conclusão da drenagem superficial ao longo do trecho, complementação de sinalização horizontal e vertical, obras complementares e serviços de proteção ao meio ambiente.

Porém, a falta de recursos financeiros faz com que a obra se arraste por mais um período indeterminado. Em nota, o DEER informou que “está tomando as providências necessárias, mas ainda não há data para realização do certame”. Esse, no entanto, não é o motivo para o destravamento da obra.

O trecho entre a BR-050 e o contorno à região do Varanda Sul foi entregue em 2018. O restante depende de uma desapropriação de uma área de aproximadamente 38 mil m² que fica entre a Avenida Felipe Bueno Campos e o Rio Uberabinha. As negociações são de responsabilidade da Prefeitura de Uberlândia, que iniciou as conversas com os chacareiros do local em 2017, mas como o Governo do Estado reteve o dinheiro e as obras não avançaram, as negociações esfriaram.

Na propriedade onde ficará a ponte sobre o Rio Uberabinha, parte da estrutura da base está instalada aguardando o retorno das obras. No local, as vigas de ferro e o concreto estão entre a vegetação e expostos ao clima, inclusive dentro do rio, o que provavelmente demandará uma reavaliação sobre o impacto gerado pelo desgaste do tempo.

Um dos proprietários de chácaras do local é o empresário Marcelo Prado, que participou de uma reunião em que foi discutida a desapropriação. Como a Prefeitura não tinha dinheiro em caixa para indenizar a todos, foi feita uma proposta de permuta de imóveis para a troca. Dos oito chacareiros, sete aceitaram.

“A Prefeitura colocou os imóveis que ela tinha em disponibilidade. Ela fez uma avaliação dos imóveis de cada um dos sete proprietários e cada um, mediante aos metros quadrados que seriam desapropriados, teria direito a um valor de indenização. Pegou-se vários imóveis, um leque de alternativas para fazer a permuta, pois não tinha recursos para fazer a indenização em dinheiro e os proprietários concordaram”, disse Prado.

Nessa época, a Prefeitura de Uberlândia informou que só concluiria o processo de permuta com os proprietários depois que tivessem certeza que o DEER tenha a verba empenhada para concluir a obra.

“Parece que meses depois da reunião a verba voltou para Belo Horizonte e foi usada para outras coisas do Governo do Estado e não tinha mais a verba, e por isso nunca mais fui contatado por ninguém sobre esse assunto”, disse Marcelo Prado.

Para o empresário, passados dois anos dessa reunião, um novo acordo deve ser feito entre Prefeitura e proprietários levando em conta a dinâmica do mercado imobiliário, com uma avaliação dos valores dos imóveis.

“Tem que começar de novo, porque foi feito há dois anos em cima de uma realidade que existia naquele momento, mas eu continuo acreditando que há boa vontade, tanto da Prefeitura quanto dos proprietários, para chegar num acordo que fique razoável e que possa permitir a conclusão dessa obra o mais rápido possível”.

Outro proprietário, que inclusive tem mais de um imóvel no local, está vendendo as terras. Placas estão afixadas para os interessados entrarem em contato. O valor de uma área de 5 mil m², segundo alguns moradores da região, ultrapassa R$ 1,65 milhão.
 
PONTOS COMERCIAIS
Empresários que possuem áreas na região também aguardam o recomeço das obras | Foto: Sílvio Azevedo

Outros empresários que possuem áreas na região também aguardam o recomeço das obras. Mesmo não fazendo parte dos que terão o imóvel desapropriado, o paisagista Tenório José de Santana comprou o lote em 2010 na esperança de que as obras terminassem no ano seguinte.

“Eu comprei essa chácara com a expectativa que a ponte do Anel Viário saísse em 2011. Até hoje não saiu e a obra está aí parada. A Prefeitura tem que pagar desapropriação para o proprietário de algumas chácaras. Não sei se acertou, parece que não. E o DEER tem que fazer a ponte. E está aí essa obra parada”, diz.

Para o paisagista, que teria seu negócio bem às margens da rodovia, o benefício seria geral com a melhoria para o trânsito da cidade. “Para mim seria bom, pois viraria um ponto comercial. Mas, mais do que isso. Imagina a BR-050 virando para cá e indo direto para a saída do Prata, de Goiânia! O tanto de trânsito que isso evitaria dentro da cidade, já que não teria que dar volta”.

O produtor Anísio Prado, que também possui um terreno próximo do Anel Viário Sul há mais de 20 anos, concorda e espera que as obras saiam o mais rápido possível para beneficiar os motoristas que utilizarão a via. “Eu fico ‘na porta’ do Anel Viário. Tem que sair o mais rápido possível. É o que a gente aguarda. A estrutura da ponte já está quase pronta, só falta completar o restante e colocar a parte de cima dela”.
 
OESTE
Já na região Oeste do Anel Viário, o que se vê é uma obra inacabada e desgastada. No trecho de aproximadamente 2 km somente uma parte de asfalto está feita. Falta concluir a instalação do viaduto sobre a MGC-455, as alças de acesso e as sinalizações horizontal e vertical.

Na rodovia, um trecho de 1 km que passa sob o viaduto precisa ser asfaltado. Placas de alerta sobre obras no local estão fixadas. Uma dessas placas foi pichada com os dizeres: “Você quer asfalto? Buzine”.

Placas de alerta sobre obras no local estão fixadas | Foto: Sílvio Azevedo 


Quem precisa acessar o Anel Viário Oeste sentido à MGC-497, vindo pela MGC-455, deve pegar uma alça provisória de terra batida que existe ao lado do viaduto inacabado. Um trecho pequeno, porém perigoso, pois é estreito e sem iluminação.  Os motoristas precisam ter muito cuidado para evitar acidentes no local, principalmente quem vem pela rodovia sentido Uberlândia, uma vez que precisa atravessar a pista para acessar o desvio.
 
PREFEITURA
Questionada sobre as desapropriações, a Prefeitura de Uberlândia, por meio de nota, informou que dará andamento ao processo de desapropriação somente após o Governo do Estado realizar a licitação para a retomada das obras.

“A Prefeitura de Uberlândia esclarece que um acordo firmado pelo Governo de Minas junto aos proprietários das áreas possibilita que o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DEER-MG) siga com as obras, independentemente do andamento das desapropriações. O Município informa ainda que aguarda o governo estadual realizar licitação e indicar qual empresa irá assumir o serviço para retomar as discussões em relação ao processo de desapropriação das áreas, que juntas somam 38.030,90 m²”.

Já sobre a reunião realizada há dois anos, conforme informou o empresário Marcelo Prado, a Prefeitura não se manifestou a respeito das demandas repassadas pelo Diário de Uberlândia, questionando quantos e quais imóveis foram disponibilizados na época, o critério de escolha e se esses imóveis ainda estão disponíveis.







 

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