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10/10/2019 às 18h42min - Atualizada em 10/10/2019 às 18h42min

Milícia planejou mortes e cometeu diversos roubos em Uberlândia

Organização criminosa foi principal alvo da Operação Torre de Babel deflagrada nesta quinta-feira (10)

GIOVANNA TEDESCHI E CAROLINE ALEIXO
Comandante da PM, cel Cláudio Vitor, e promotores do Gaeco concederam entrevista sobre a operação nesta quinta | Foto: Giovanna Tedeschi
O Ministério Público Estadual (MPE) de Uberlândia apurou o envolvimento da milícia denunciada na Operação Torre de Babel, realizada nesta quinta-feira (10) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em pelo menos 17 crimes. Entre eles está o planejamento de homicídios, roubos, crimes contra o patrimônio e ameaças que seriam encomendadas por contratantes.

As investigações apontaram que o grupo de milicianos era comandado pelo policial militar Leandro Machado, que já se encontrava preso por outros crimes, com o objetivo principal de fazer cobrança mediante violência ou grave ameaça contra desafetos dos contratantes. Os nomes dos demais envolvidos não foram informados.

Durante coletiva nesta tarde, os promotores de Justiça do Gaeco informaram que outros dois policiais militares também já estavam presos por outras operações do Gaeco. “Foram denunciadas oito pessoas por integrarem essa organização entre policiais da ativa ou ex-militares. Ela era responsável por alguns homicídios na cidade encomendados mediante promessa de recompensa e também atuava na cobrança para agiotas, com uso de violência, ameaça de morte e restrição de liberdade”, comentou o promotor Daniel Marotta.

 

Além do incêndio em uma clínica no Centro de Uberlândia no ano passado, a milícia também é apontada como autora de ataques a bancos e homicídios. “Essa milícia tinha uma atuação muito ousada e isso fica muito evidente no homicídio do agiota Reginaldo. Houve um homicídio tentado e um mês depois esses mesmos milicianos voltaram e praticaram o homicídio”, disse.

Reginaldo Carvalho Fonseca foi alvo da tentativa de homicídio em julho, sendo assassinado em agosto de 2012 no bairro Santa Mônica. Também foram planejadas as mortes de um presidente da Associação dos Graneleiros de Minas Gerais (Agramg), de um capitão da Polícia Militar, no dia 31 de maio de 2018, bem como de uma advogada e um ex-policial civil de Uberlândia, esses dois últimos delatores em operações do Ministério Público.

Dano ao patrimônio 
A milícia teria ainda envolvimento com os disparos de arma de fogo feitos contra a sede da Associação Brasileira de Apoio aos Transportadores (Asbrat), no dia 17 de abril de 2016, e contra um laboratório de exames no Centro de Uberlândia, no dia 27 de abril de 2018. 

Os roubos apurados, com uso de arma de fogo, ocorreram contra um frigorífico no bairro Brasil, em fevereiro de 2018, um posto de combustíveis no bairro Martins, e contra uma agência do Banco Santander na região do bairro Jardim Patrícia.

MANDADOS
Dos oito denunciados, apenas uma pessoa segue foragida. O Gaeco também cumpriu mandados de busca e de prisão contra clientes dos milicianos. Na casa de um deles, que contratava os militares para cobrar devedores com uso de violência e ameaças, foi apreendida uma arma de fogo e munições.

Arma de cliente da milícia, preso na operação, foi apreendida durante cumprimento do mandado | Foto: PM/Divulgação 

Um mandado de prisão preventiva também foi expedido contra o vereador Juliano Modesto por suspeita de crime de obstrução de Justiça. O MPE informou que há provas de que ele teria encomendado os serviços da milícia para intimidar o motorista de transporte escolar de Uberlândia que havia feito uma denúncia contra a Cooperativa dos Transportadores de Passageiros e Cargas em Uberlândia (Coopass).

Ele está fora da cidade e teria até as 18h para se apresentar. O promotor do Gaeco disse que a defesa solicitou que o prazo fosse estendido até as 10h desta sexta-feira (11).

Procedimento disciplinar
O comandante da PM de Uberlândia, coronel Cláudio Vitor Rodrigues, informou que o comando apoia integralmente as ações do Ministério Público com o intuito de dar maior segurança à população. Sobre a atuação dos militares envolvidos esclareceu que serão abertos procedimentos administrativos.

“No momento em que as investigações forem encerradas e aberto o sigilo das investigações, os materiais apreendidos serão destinados à PM e servirá de subsídio para abertura de processos administrativos disciplinares que podem resultar na demissão desses policiais militares. Aqueles que já tiveram a documentação repassada já estão respondendo o processo demissionário”, explicou.
 






 

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