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18/09/2019 às 09h00min - Atualizada em 18/09/2019 às 09h00min

Felipe Neto em tempos de visibilidade positiva

Youtuber vira queridinho dos artistas e fala sobre ameaças pós Bienal

FOLHAPRESS
Felipe Neto diz que não hesita em defender minorias | Foto: Reprodução/Instagram

Mais perigoso que doce em excesso e slime no cabelo, Felipe Neto era sinônimo de problema entre os pais até pouco tempo atrás. Por anos ele foi detestado pelo vocabulário e pelas opiniões. Hoje, no entanto, o dono do quinto canal do YouTube mais assinado do mundo ganhou status de herói entre setores da sociedade. Peita a censura, diz que lê todos os dias, virou ídolo da classe artística e cita um provérbio para justificar sua guinada: "O sábio pode mudar de opinião, o ignorante, nunca".

Desde 2013, ele vem admitindo o que chama de "erros e preconceitos" antigos. O episódio da Bienal do Livro carioca, quando distribuiu 14 mil livros com temática LGBT, serviu para lhe dar a visibilidade positiva que ele buscava.

Se no passado eram os palavrões que incomodavam, hoje é seu posicionamento político que cutuca o calo dos desafetos. Classifica a gestão de Jair Bolsonaro como "desgoverno obscurantista, anticiência e preconceituoso" e não hesita em defender minorias.

Na última semana, anunciou reforço na equipe de segurança. Na segunda (16), por causa de ameaças que afirma ter recebido, cancelou sua participação num evento de educação e avisou que havia mandado sua mãe para fora do Brasil. Viu seu nome virar hashtag de ódio.

"Isso faz parte da estratégia do PSL, eles têm pessoas contratadas para isso", conta, em entrevista à reportagem por email. O youtuber defende que seu canal não tem relação com filosofia política. "Sou um apresentador de humor e diversão", explica. "Meu público majoritário é o infantojuvenil, jamais o infantil. De todo modo, carrego a responsabilidade de falar com milhões de jovens, e levo isso a sério."

Aos 31 anos, nascido no Rio de Janeiro, onde vive até hoje, ele conta que foi criado "em um mundo reacionário e religioso". Diz que, por meio da literatura e do contato com minorias, percebeu "que precisava evoluir como ser humano". Faz terapia e se cerca de "pessoas que não passam a mão na cabeça". "Esses elementos são os mais importantes para não se deixar vencer pelo ego", avalia, ao lembrar os 34,4 milhões de seguidores.

Desde 2010, quando o canal "começou a dar certo", conta que passou a "monetizá-lo", criando uma estrutura empresarial. Hoje é dono de quatro companhias –Netolab, Play9, InStudios e Vigia de Preço– e pretende inaugurar outras duas ainda em 2019. Trabalha 16 horas diárias e engorda a renda com publicidade e produtos licenciados.

O interesse por política vem desde a adolescência. Ainda assim, afirma não ter "nenhuma vocação" para carreira na área.


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