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25/07/2019 às 09h47min - Atualizada em 25/07/2019 às 09h47min

Estado atrasa entrega e deixa Centro de Apoio ao Diabético sem insulina em Uberlândia

Estado prevê normalização para agosto

VINÍCIUS LEMOS
Distribuição da glargina é feita por meio do Centro Municipal de Atenção ao Diabético (Cmad), no bairro Patrimônio, na zona sul | Foto: Divulgação

Diabéticos que necessitam da insulina glargina apontam desabastecimento do produto há pelo menos 30 dias no Município, sem que haja previsão para reposição dos estoques. Enquanto o hormônio não volta a ser distribuído, os pacientes gastam mais de R$ 100 por cada refil comprado em farmácias. A distribuição da glargina é feita por meio do Centro Municipal de Atenção ao Diabético (Cmad), no bairro Patrimônio, na zona sul. Entretanto, a responsabilidade de compra e entrega da insulina é da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, que prevê a regularização do abastecimento somente para o próximo mês.

Não foi informado ao Diário de Uberlândia quantas pessoas ou quantas doses são distribuídas mensalmente no Município, mas a Prefeitura divulgou, ainda em junho, que mais de 8 mil atendimentos foram feitos pelo Cmad até aquele mês. A reportagem conversou com três pessoas que precisam da insulina glargina por terem diabetes tipo 1, e todas disseram que o problema de desabastecimento é comum no Município e ocorre anualmente em pelo menos uma ocasião.

“É recorrente esse desabastecimento e há ainda a questão das fitas para aferição da glicemia. Hoje, falta a insulina, mas tem a fita. Depois isso inverte. Todo ano é a mesma coisa”, disse o empresário Eduardo Augusto Silveira Maciel. Ele informou que ainda não precisou fazer a compra de insulina extra, mas que isso certamente vai mudar já na próxima semana, caso não haja a reposição da substância na rede.

No caso do auxiliar administrativo Maik Oliveira não houve outro jeito a não ser o de fazer a compra neste mês, o que lhe rendeu um gasto inesperado de R$ 320 por cinco refis da insulina glargina. “Nós, diabéticos, podemos ter outros problemas, de perder a visão a perder membros em decorrência da doença. Em outros momentos de desabastecimento já cogitei entrar com ação na Justiça contra o Estado para garantir o fornecimento”, disse Oliveira. Nas últimas semanas, a resposta que ele teve ao entrar em contato com o Cmad foi de falta de previsão para novas remessas do hormônio.

Com a mesma falta de perspectiva de receber refis, o jeito encontrado pelo cerimonialista João Antônio Porto Ferreira foi buscar um preço mais em conta por uma insulina glargina de marca diferente da fornecida pelo Estado e de preço mais barato. Com a pesquisa, conseguiu economizar cerca de 50% e pagou aproximadamente R$ 200 por quatro refis. A quantidade é suficiente para todo o mês, enquanto espera o fornecimento da rede pública. “Para receber essa insulina no Centro de Atenção ao Diabético, cada caso passa por avaliação do Ministério da Saúde. É preciso entrar com processo para requerer. É rápido e não é judicial, mas é avaliado”, explicou.

Uma substituição possível neste momento seria a insulina NPH, que pode ser pedida em unidades de saúde. Ela tem picos de ação e, segundo os entrevistados, se não for mantida uma dieta regrada, pode haver problemas. A insulina glargina, via de regra, atende às necessidades dos pacientes durante todo o dia.

OUTRO LADO
O Cmad continua sem a insulina glargina. Por meio de nota, a Prefeitura apenas se limitou a dizer que “a responsabilidade de fornecer o medicamento é do Estado” e que “espera que a reposição seja feita o mais rápido possível”. Não houve qualquer tipo de informação sobre uma possível compra emergencial ou mesmo sobre cobrança por parte do Executivo local sobre prazos para entrega da secretária estadual de Saúde.

Também por meio de nota, a Superintendência Regional de Saúde informou que “está prevista a regularização do estoque da Insulina Glargina no próximo mês [agosto]. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais aguarda entrega dos itens pelo fornecedor e, tão logo sejam entregues em nosso almoxarifado, será realizada a distribuição a todas regionais de saúde do Estado”.

A nota diz ainda que o Governo tem negociado débitos na ordem de R$ 34,5 bilhões, sendo R$ 3,84 bilhões da saúde, e que as dívidas têm atrapalhado no atendimento às demandas da área em Minas Gerais.


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