Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
06/07/2019 às 10h00min - Atualizada em 06/07/2019 às 10h00min

Nova tecnologia pode aposentar a projeção dos cinemas?

FOLHAPRESS

A tecnologia de exibição de cinema pode em breve sofrer uma mudança de paradigma. No início dos anos 2000, já havíamos migrado do filme analógico para o digital; em meados de 2009, com "Avatar", a projeção 3D bombou; e agora em 2019, as telonas sofrem mais uma metamorfose que pode aposentar o tradicional modelo de projeção. A tela de cinema vira uma TV gigante.

Em fevereiro deste ano, o multiplex Cinépolis JK, em São Paulo, estreou a sala Samsung Onyx 4K, primeira tela do Brasil a contar com a tela composta por telas de LED modulares. Ou seja, as imagens não vêm mais "da frente" via projetor, mas emanam da própria tela, como nos televisores.

E a boa notícia é que a tela modelar não é algo exclusivo do cinema, dá para comprar o formato para ser a TV de casa. Tanto a tela do cinema quanto a de Home TV têm resolução 4K (3.840 × 2.160 pixels).

Lá fora a empresa já apresentou em feiras de tecnologia um modelo mais avançado chamado "The Wall". Esta traz uma tecnologia melhor chamada MicroLED (com emissores de luz muito menores que os LEDs, o que permite imagens mais nítidas).

Vantagens em relação à projeção
Pude assistir a duas telas modulares: uma de 130 polegadas na sede da Samsung, em São Paulo, e a um filme na Onyx JK. A experiência foi diferente nos dois casos.

Na primeira tela, que estava em um ambiente que simulava uma sala de estar, a imagem de fato era bastante nítida e iluminada, com bom contraste. O local ainda estava com lâmpadas acesas e janelas de vidro abertas de dia, então mesmo com as luzes externas, a experiência continuou boa.

Ela dá um grau de interatividade maior, você se sente mais parte do conteúdo Kauê Melo, diretor da área de B2B e monitores da Samsung Brasil.

Já no cinema, pude ver "Vingadores: Ultimato" alguns dias depois de ter visto o mesmo filme na projeção. Com a ajuda de uma projecionista do Shopping Iguatemi JK, pude até tirar fotos do mesmo momento do filme em uma projeção digital convencional e na modular 4K. A diferença é muito sutil, mas as cores são discretamente mais vibrantes e o contraste e definição são um pouco melhores na modular.

Mas a modular apresentou um problema que não surgiu na versão residencial. Em algumas cenas do filme que envolviam movimentos suaves de câmera pelo cenário –com o equipamento de cinema steadicam, para os entendidos– isso dava uma sensação de quebra entre objetos, como se ele ficasse "parando" e faltassem quadros para completar o movimento. Aconteceu umas quatro a cinco vezes no filme todo, mas me tirou de leve da experiência.

Em todo este teste, estamos falando da técnica 2D de exibição. Segundo a Samsung, a tecnologia 3D pode ser aplicada na tela modular, mas é necessário habilitá-la e configurá-la para tal. O coordenador do cinema da Fundação Joaquim Nabuco, Ernesto Barros, não curtiu muito o formato em uma viagem a São Paulo. "Acho que ela não oferece a mesma qualidade de um filme visto a partir de uma projeção. As cores parecem artificiais em comparação com as vistas numa projeção. Acredito que a tela não dá conta com cenas pouco iluminadas. Mas depois um certo tempo, fui me acostumando", disse.

Perguntada sobre isso, a Samsung Brasil disse que "várias sessões já foram exibidas e não tivemos nenhum retorno negativo de consumidor com relação à qualidade do que é exibido na tela".

Empresas são o foco
Pelo valor (não divulgado, mas alto da peça) e nossa experiência, dá para dizer que o público-alvo da Samsung são empresas que podem investir na tela gigante para usar em festas e eventos. Então seu cinema deve continuar como está. A tela deve ser vista a pelo menos três metros - esta é a distância para não ver nenhum pixel na tela. Aqui, os módulos juntos formam a imagem final como um quebra-cabeças completo, mas sem as "linhas" entre que costumamos ver hoje em dia nos "videowalls", formato mais usado em telas comerciais de lojas.

Outros benefícios para negócios são a facilidade da troca de apenas um módulo e a personalização. Os módulos do cinema Onyx JK têm 16 x 15 cm, enquanto os da Home LED para casas têm 24 x 18 cm, e ambos têm 6,5 cm de espessura. Eles ficam encaixados em gabinetes retangulares com seis módulos cada. Outra coisa que muda são as medidas entre pixels: há os módulos de 2,5 mm e os de 1,5 mm –estes últimos são mais definidos, pois quanto menor a distância, mais "fechada" será a imagem.

Preço alto A essa altura você já percebeu que essas telas não serão baratas. Infelizmente a Samsung não quis informar de preços, pois alega que as modulares são compradas sob encomenda e o valor varia conforme a necessidade. Como o tamanho mínimo que a Samsung aceita a encomenda de uma Home LED é 130 polegadas, dá para deduzir que ela custa no mínimo bem mais caro que qualquer TV convencional da marca –em nossas pesquisas, a Qled 8k 75 polegadas custava R$ 41 mil em sites de compras. Mas um modelo modular de 146 polegadas da Samsung custa aproximadamente US$ 100 mil lá fora, segundo o site Techradar. Portanto, é possível que uma modular de 130 polegadas esteja perto disso –na conversão direta, isso são R$ 400 mil. Um pouco mais que os R$ 350 mil que a Sony cobra em um modelo recente de 100 polegadas.


Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90