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04/07/2019 às 17h48min - Atualizada em 04/07/2019 às 17h48min

Genética e maus hábitos podem causar ceratocone

245 pessoas foram diagnosticadas com a doença no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia

MARIELY DALMÔNICA
O ceratocone é uma doença degenerativa que causa o afinamento da córnea e faz com que ela assuma um formato de cone. Quase sempre, ela aparece durante a adolescência e se estabiliza por volta dos 30 anos. No primeiro semestre de 2018, 245 pessoas foram diagnosticadas com a doença no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU). Em 2018, o número foi de 529.

A doença é genética, mas seu desenvolvimento também pode ser associado a um ato bem comum, o de coçar os olhos. É comum que o ceratocone atinja os dois olhos, mas de forma assimétrica, ou seja, em um olho pode estar mais avançado que o outro. Os sintomas mais comuns são visão embaçada, sensibilidade à luz, comprometimento da visão noturna e córnea irregular ou opaca. O diagnóstico é feito através do exame oftalmológico, mas como a enfermidade não traz dores e incômodos, pode ser descoberta tardiamente.

De acordo com o oftalmologista Cristian Bertarini, o ceratocone possui duas linhas de tratamento, uma para enxergar melhor e uma para acabar com a doença. O cross linking é o único tratamento feito para acabar com todos os sintomas e parar com a doença. “Esse tratamento raspa a córnea e depois irradia o olho com uma máquina. Com ele, a córnea endurece e a doença atinge a estabilidade forçada”, afirmou o médico. Esse método é indicado para os pacientes que descobrem a doença no início. Segundo o HC-UFU, desde 2017, 137 atendimentos desse tipo foram feitos no hospital, 25 só neste ano.

Os procedimentos indicados para quem já está com a doença avançada envolvem o uso de óculos de grau, lentes de contato rígidas, implantes de anéis intracorneanos artificiais e transplante de córnea. “Hoje existe o transplante lamelar profundo, que é a melhor técnica, onde trocamos só uma parte da córnea, e isso diminuiu a rejeição”, afirmou Bertarini.

Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 20% dos transplantes de córnea feitos no Brasil são por causa da doença. De acordo com os dados do HC, desde 2017, 110 transplantes de córnea foram feitos no hospital, destes, 23 foram realizados em 2019.

Ainda de acordo com o oftalmologista, pacientes com ceratocone não ficam cegos do ponto de vista médico, mas podem possuir uma cegueira legal, que acontece quando o indivíduo tem uma visão inferior. “Existem pessoas que não são cegas, mas têm uma visão muito ruim, ou seja, não têm visão que atenda. Mas isso é reversível”, disse Bertarini.

 Médico fala sobre o tratamento da doença | Foto: Arquivo pessoal

PACIENTE
A dona de casa Tatiany Santos foi diagnosticada com a doença próximo aos 30 anos e como já estava com um grau avançado, não pôde fazer o cross linking. Atualmente, ela tem 32 anos e utiliza lentes rígidas para reverter o grau e distorção da visão. “Descobri quando fui levar minhas filhas para um exame de rotina. O médico me olhou e já percebeu que eu tinha ceratocone. Até então, na minha cabeça, minha visão estava ótima”, disse.

Segundo Santos, mesmo com a lente, é difícil ver coisas que estão longe do campo de visão. “Eu comecei um tratamento com a lente rígida e já faz três anos. É muito doloroso e sofrido. Com 40 anos, provavelmente vou precisar da lente e dos óculos”, afirmou Santos, que segue o tratamento corretamente para evitar o transplante de córnea no futuro. 
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