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03/07/2019 às 08h10min - Atualizada em 03/07/2019 às 08h10min

Livros resgatados no lixo são ressignificados

Exemplares estavam no lixo em frente a uma escola pública de Uberlândia

ADREANA OLIVEIRA
Transformação dos livros pode ser vista a partir desta quarta-feira (3) | Foto: Divulgação

Há aproximadamente um ano uma cena incomodou um aluno de uma escola estadual de Uberlândia. Em frente ao prédio onde ele estudava, dezenas de livros estavam abarrotando as lixeiras. Incomodado, comentou com a mãe, que comentou com um amigo, o professor e artista plástico Alexandre França. Ele, junto com alguns artistas que já estão no ateliê com ele há quatro anos, “resgataram” muitos daqueles exemplares.

 “A maioria eram livros didáticos das áreas de Artes, filosofia e sociologia. Havia mais ou menos uns 200. Como muitos de nós dá aulas em escolas em diferentes pontos da cidade, que têm carência de livros, doamos para elas alguns desses exemplares”, recorda França.

A situação deixou os artistas bastante inquietos. Que recado essa imagem deixa para a sociedade? Dezenas de livros deixados na lixeira em frente a uma escola pública? Logo um coletivo foi formado para pensar essa situação e questionar por meio da arte. Pouco mais de uma dezena desses livros, que soma cerca de 350 páginas, foram transformados graças a intervenção dos artistas participantes do coletivo que abre hoje em Uberlândia, a Casa da Cultura, a exposição “A cidade e seus livros: abandono e resgate”.

O trabalho levou cerca de três meses para ser feito. Foram muitas discussões, frutíferas, entre os artistas, que pairavam sobre o conceito do que é ou não conteúdo e a própria atitude de intervir no livro. “Foi um percurso muito louco e acabou reunindo pessoas interessantes que têm na temática do livro algum tipo de trabalho. O Hélio de Lima, por exemplo, faz o doutorado dele sobre esse assunto, a Lúcia Pic, da Biologia da UFU, coordenadora do doutorado, é sempre convidada pelo MEC para avaliar livros didáticos e tem ainda a Beth Shimaru e o Hélvio de Lima que são ilustradores e pesquisadores dentro deste tema”, explicou França.

A exposição faz parte também dos 30 anos da Casa de Ideias, gerenciadas por França, que terá, nos próximos meses, uma série de eventos voltados para a história de Uberlândia. Antes de ser apresentada aqui a mostra foi exibida no Sesc de Uberaba.

Os livros resgatados do lixo e transformados em obra de arte devem ficar no imaginário de todos que comparecerem à exposição e pelo menos uma pergunta deve levantar a todos que conhecerem essa história: qual o lugar dos livros e tudo que podem nos proporcionar em nossa atual realidade?

AUTORES UBERLANDENSES
Junto com a Assis Editora o coletivo de artistas promove, além da experiência de divulgação e troca desta noite, recital de textos de escritores locais. Uma grande mesa será montada exclusivamente para receber obras de escritores uberlandenses, independentemente de editora. “Temos uma produção local grande de livros e muita gente não sabe. Imagino que esse será um belo espaço para que essas pessoas divulguem mais seus trabalhos”, disse Alexandre França.

SERVIÇO
O QUE:
Exposição coletiva “A cidade e seus livros: abandono e resgate”
ARTISTAS: Beth Shimaru, Cintia Guimarães, Inezita Ribeiro, Lúcia Pic, Maria Amélia, Renata Sousa, Sandra Carolino, Vânia Armada. O evento ainda conta com os convidados Hélio de Lima e Hélvio Lima
CURADORIA: Alexandre França
QUANDO: abertura nesta quarta-feira (3), às 19h30 e visitação até 21 de agosto, de segunda a sexta-feira das 12h às 17h
LOCAL: Casa da Cultura (Praça Coronel Carneiro, 89, Fundinho)
ENTRADA FRANCA
CLASSIFICAÇÃO: Livre
INF.: 3255-8252


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