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23/05/2019 às 08h55min - Atualizada em 23/05/2019 às 08h55min

Sem-teto correm risco em barracos à beira de bolsões em Uberlândia

Estruturas foram construídas com material frágil e podem desabar; área deve ser desocupada até dia 6

DA REDAÇÃO
Área do Jardim Sucupira abriga cerca de 15 moradias improvisadas | Foto: Núbia Mota
As margens dos bolsões de contenção da rua Gonçalo Alves, no bairro Jardim Sucupira, estão, a cada dia, com um maior número de barracos de madeira e lona, do prolongamento do acampamento batizado como Renascer, erguido em uma área pública da Prefeitura de Uberlândia. Os moradores daquele ponto correm o risco iminente de morte por afogamento, além do risco de cair de uma altura de cerca de 5 metros para dentro da estrutura, criada exclusivamente para reter a água da chuva e evitar inundações.

Os bolsões foram entregues pela ITV Urbanismo para a Prefeitura cercados por alambrado, mas a cerca, com o tempo, foi retirada pela população. O ponto ainda virou local de descarte de lixo e entulho. Em abril, a loteadora fez um trabalho de limpeza e roçagem na rua – cuja responsabilidade é do Munícipio -, mas já está tudo sujo novamente.

De acordo com informações dos próprios moradores e da Prefeitura, existe um mandado judicial em poder da Polícia Militar para que a área seja desocupada até o dia 6 de junho. O número de pessoas que moram no local é incerto, mas de acordo com o Município são cerca de 15 moradias improvisadas.

Segundo um sem-teto que preferiu não ter o nome divulgado, a ocupação existe há 4 anos e os barracos à beira dos bolsões são recentes. Uma outra moradora do local de risco, identificada apenas como Kelly, disse que construiu o barraco há 2 meses, onde mora sozinha. Ela era moradora de rua. Com medo de um desmoronamento, toda vez que chove, ela vai para a casa das amigas ou fica perambulando pela vizinhança.

Um outro sem-teto, que também não se identificou, disse que foi morar à beira do bolsão depois de sofrer um acidente automobilístico e por não ter condições de pagar aluguel com o que recebe de INSS. Como a área ocupada já estava cheia de barracos, aquele ponto à beira do bolsão foi o único que sobrou. Mas depois de receber o aviso da PM há cerca de 15 dias para sair, o homem garante que ele e os vizinhos irão acatar o pedido e muitos já estão procurando novos lugares para morar. Enquanto isso, os ocupantes correm o risco iminente de sofrer um grave acidente, caso ocorra um desmoronamento de terra ou até um vento forte, porque os barracos são todos construídos com material frágil.

“Estamos muito preocupados com a segurança das pessoas, porque ali é uma encosta, uma área instável. Tem o risco de desabamento, além de ser uma área alagada. Limpamos a margem, porque quando chove, o lixo vai todo para dentro do bolsão, mas já está tudo sujo novamente”, afirmou o gerente de engenharia da ITV Urbanismo, Paulo Saez.

Os bolsões, chamados também de piscinões, são uma espécie de piscinas cortadas no terreno natural e ligadas entre si, com capacidade de até 5 metros de profundidade, e que retém a água da chuva, liberando o volume de forma gradativa em rios e córregos, sem agravar o meio ambiente. Os piscinões do Jardim Sucupira são os primeiros de Uberlândia e fazem parte de um projeto desenvolvido há 20 anos pelo engenheiro Walter Buiatti.

Ao todo, Uberlândia tem hoje 26 bolsões com 156 mil m² de extensão, entre o Custódio Pereira e o centro empresarial leste. Juntos, têm capacidade de armazenamento de 460 mil m³ de água pluvial e quando enchem, isso ocorre rapidamente.
 
LIXO
 Outro problema da rua Gonçalo Alves é em relação ao lixo. Em abril, a mesma imobiliária que construiu o bairro Jardim Sucupira há 20 anos, inclusive os bolsões de contenção, desenvolveu um trabalho de limpeza de entulho e roçagem mecânica na área pública, que seria de responsabilidade da Prefeitura. No entanto, um mês depois, o local já acumula restos de construção, móveis velhos e até lixo doméstico e animais mortos.

Além dos acampados que sujam o trecho, é comum ver veículos deixando o material vindo de outras partes da cidade e bairros vizinhos. “Este é um processo de mudança de cultura e conscientização da população, pois cada um tem que fazer a sua parte”, afirmou o CEO da ITV Urbanismo, José Eduardo Ferreira.

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