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19/05/2019 às 11h45min - Atualizada em 19/05/2019 às 11h45min

Empresas destinam áreas específicas e incentivos às mulheres durante e após gestação

Iniciativas de empresas de Uberlândia valorizam a relação mãe-filho no início da maternidade

MARIELY DALMÔNICA
Camilla foi surpreendida com promoção quando estava grávida de Daniel | Foto: Mariely Dalmônica
Para muitas mulheres, conciliar a carreira com a maternidade não é uma tarefa fácil, principalmente porque essas mães se preocupam em como será a volta após a licença-maternidade. Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2017 mostrou que 48% das mulheres são demitidas sem justa causa após a licença-maternidade. Ou seja, até 12 meses após o nascimento do bebê, quase metade das mães ficam sem o emprego.

Felizmente, a gestora Camilla Kobayashi, mãe do Caleb, de 4 anos, e do Daniel, de 2 meses, não faz parte dessa porcentagem. Logo quando se mudou para Uberlândia no início do ano passado para acompanhar o marido Saulo, que é pastor, ela foi chamada para trabalhar na área de Relações Humanas (RH) na Zup, empresa de consultoria focada em transformação digital sediada em Uberlândia.

Durante a entrevista, Kobayashi já se surpreendeu, afinal ninguém a perguntou se ela pretendia engravidar futuramente. Muitas mulheres são questionadas sobre o assunto em outras oportunidades de emprego.

 
“Como eu queria ser mãe novamente e isso poderia ser um impeditivo, eu falei por conta própria na entrevista. Depois de cinco meses trabalhando, anunciei que estava grávida e eles receberam superbém, fizeram até uma festa”, afirmou Kobayashi, que ficou surpresa com mais uma atitude da empresa.

Quando ela completou oito meses de trabalho como business partner, foi promovida para ser gestora do time que fazia parte e coordenadora do plano de carreira da empresa. “A promoção veio com um reajuste salarial bem significativo. Eles sabiam que eu iria tirar licença e mesmo assim me deram essa oportunidade, foi maravilhoso”, disse a gestora, que ficou feliz com o reconhecimento do trabalho que está fazendo.

A empresa também sugeriu que Kobayashi trabalhasse em casa no último mês de gravidez, mas ela preferiu ficar no escritório. “Minha gravidez foi muito tranquila, eu realmente não precisei”, disse. Atualmente a gestora está apenas no início da licença, que vai durar seis meses no total. Para ela, 180 dias é o ideal para a licença maternidade, já que com quatro meses, o bebê ainda é muito dependente da mãe.

Gustavo Debs, fundador da Zup, foi quem surpreendeu a colaboradora com a promoção. Desde 2017, a empresa que já tem oito anos de mercado aderiu ao programa Empresa Cidadã, que prorroga por sessenta dias a duração da licença-maternidade e por quinze dias, além dos cinco já estabelecidos, a duração da licença-paternidade.

“A gente sempre tentou oferecer benefícios diferenciados para os nossos funcionários, mostrar o quanto eles são importantes para a gente. Além disso, entendemos que é também um diferencial competitivo”, disse Debs.

Quase 90% dos funcionários da Zup são homens, seguindo a tendência do mercado de tecnologia. Mas, tanto os que são pais, quanto as mulheres que têm filhos também contam com mais um benefício. “Oferecemos o auxílio creche para crianças de até dois anos, o benefício é para todos os pais”, afirmou o empresário.

A analista comercial Rayanne Guaberto trabalha há sete anos na Sankhya, empresa de gestão de negócios, onde conheceu o esposo Wendel. Antes de completar um ano de casada, ela descobriu que estava grávida de Júlia, que hoje está com 10 meses.

Guaberto saiu de licença faltando apenas duas semanas para dar à luz. Segundo ela, isso foi resultado de uma gravidez tranquila. “Eu tinha flexibilidade de horários, às vezes precisava trabalhar home office e fazer meus exames de pré-natal”, afirmou a analista comercial, que trabalhou de casa os cinco dias da semana passada para cuidar da filha que estava doente.

Na época em que engravidou, a empresa ainda não era Cidadã, mas Guaberto conseguiu aproveitar os primeiros quatro meses e as férias sem desgrudar da filha. “Quando voltei, também me deram a possibilidade de trabalhar meio período para me acostumar novamente à rotina”, disse a mãe.

A mãe de primeira viagem já tem planos para o futuro. Quando Júlia completar dois anos, ela e o esposo já querem ter um novo bebê. “Me sinto segura para engravidar trabalhando na Sankhya”, disse.
 
CANTINHO PARA AS MÃES
 A Algar aproveitou o mês das mães para apresentar uma novidade para as funcionárias que estão grávidas, que foram mães recentemente e até mesmo para as que pretendem engravidar em breve. As salas de amamentação, que foram inauguradas nos prédios da Algar Telecom, da Algar Tech e do Centro de Soluções Corporativas (CSC) Algar, já estão recebendo as colaboradoras que se tornaram mães recentemente, e seus filhos.

Além de ter uma cadeira confortável para amamentar e um trocador, o cômodo conta com uma geladeira para armazenar o leite materno. A analista de negócios Nayara Barcelos, mãe da Lara, de 6 meses, acabou de retornar ao trabalho e vai ao ambiente pelo menos duas vezes ao dia.

“Acaba que a gente encontra muitas mães que também estão usando o espaço, estão todas satisfeitas. A empresa recebe a gente muito bem”, disse a analista, que recebeu um kit com um extrator de leite assim que voltou da licença.

Para Barcelos, o ambiente é uma conquista para todas as colaboradoras que se tornaram mães recentemente. “A estrutura é muito importante e o psicológico conta para que o leite continue descendo. Levo meia-hora para retirar o meu e ficar ‘leve’ de novo”, afirmou a mãe aos risos. A analista disse que pretende levar a filha em breve para visitar a empresa e conhecer o “Cantinho da Mamãe”.

A sala foi criada a partir do programa Algar sem Barreiras, que atua para fortalecer o ambiente de trabalho com respeito. Segundo a coordenadora do programa, Cristiana Heluy, os espaços para as mães têm foco no aculturamento interno e fazem parte da primeira etapa prática do programa.

“Esse retorno é um período crítico para as mulheres, tem a adaptação com a questão de horário, a distância da criança e várias questões que acontecem nesse período”, disse a coordenadora.

Segundo Heluy, as mães precisam de um local privado e confortável. “É um momento especial que passa muito rápido. Quem já foi mãe sabe, tem momentos que é preciso, até para o alívio da mãe, ter um espaço, e não dá para ser um banheiro, por exemplo”, afirmou.
 
PROGRAMA EMPRESA CIDADÃ
O Programa Empresa Cidadã é destinado para prorrogar por sessenta dias a duração da licença-maternidade e por quinze dias, além dos cinco já estabelecidos, a duração da licença-paternidade.

O benefício também pode ser aplicado à pessoa jurídica que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança por 60 dias, quando se tratar de criança de até 1 ano de idade; por 30 dias, quando se tratar de criança a partir de 1 até 4 anos de idade completos; e por 15 dias, quando se tratar de criança a partir de 4 anos até completar 8 anos de idade.

As empresas que quiserem aderir ao Programa Empresa Cidadã, podem fazer o cadastro por meio do Atendimento Virtual (e-CAC) no site da Receita Federal.

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