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10/05/2019 às 08h34min - Atualizada em 10/05/2019 às 08h34min

Uma história e luta contada com leveza

“Malala – A menina que queria ir para a escola” chega neste sábado (11) a Uberlândia

ADREANA OLIVEIRA
Espetáculo terá sessões também para escolas, já esgotadas, e traz trilha de Adriana Calcanhoto (Divulgação)
O primeiro nome é fácil, a maioria das crianças que começam a falar já conseguem pronunciar: Malala. O sobrenome é um pouco mais difícil: Yousafzai, às vezes complica até para os adultos. Porém, a história dessa paquistanesa, agora com 21 anos, ultrapassou todas as barreiras possíveis e hoje é conhecida em todo o mundo. Ela é a pessoa mais jovem a ganhar um prêmio Nobel. Em 2014 recebeu o Nobel da Paz por sua militância a favor da educação para as crianças e principalmente para as meninas e mulheres.

Uma das pessoas que conta essa história é a jornalista brasileira Adriana Carranca no livro “Malala – A menina que queria ir para a escola” (2015). A obra virou musical. Estreou em 2018 no Rio de Janeiro e chega a Uberlândia para sessões amanhã e domingo no Teatro Municipal, dentro do projeto Uberlândia na Rota do Teatro.

Adriana Carranca chegou ao vale do Swat, província de Khyber Pakhtunkhwa, no nordeste do Paquistão, onde Malala cresceu, em outubro de 2012 movida por uma pergunta. “Ela queria saber por que uma menina de 14 anos (Malala) tinha levado um tiro na cabeça porque queria estudar. Quando comprei os direitos do livro, no final de 2015, não tínhamos ideia ainda do sucesso que seria. Foram três anos até conseguir levantar o mínimo para essa produção. Desde que li essa história me senti praticamente na obrigação de contá-la nesse formato e me sinto honrada em fazê-lo”, disse a atriz e idealizadora do musical, Tatiana Quadros, em entrevista ao Diário de Uberlândia.

Apesar da tragédia que quase tirou a vida de Malala, que levou três tiros quando estava dentro de uma van escolar, o tom da peça é bastante leve, por isso, os pais não precisam se preocupar com a forma que o conteúdo será passado para as crianças. “A mensagem mais forte é sobre como a educação e o sonho de uma menina transformaram o mundo. Tem projeções, música, é colorido e divertido. Temos ainda um diálogo com a realidade brasileira onde atualmente muitas crianças, reféns da violência em suas cidades, não conseguem estudar”, disse Tatiana.

Com a trilha sonora de Adriana Calcanhoto escrita especialmente para o espetáculo, “Malala – A menina que queria ir para a escola” já foi apresentado em teatros em regiões diferentes do Rio de Janeiro, para públicos de classe A a classe D, segundo Tatiana e mesmo com um mercado desfavorável, a equipe procura manter ingressos a preços mais acessíveis. “Meu sonho era fazer todas as apresentações para populações mais carentes gratuitas, mas para isso precisamos de um patrocínio mais consistente. O importante é que as crianças e os adolescentes estão comparecendo em peso a todas as sessões e têm nos trazido feedbacks emocionantes”, contou a atriz, em apresentar o musical sempre com casa cheia.

A PROTAGONISTA

Tatiana Quadros lembra que Malala vem de uma família que fez toda a diferença em sua criação. O pai, professor, nasceu pobre e mesmo assim conseguiu construir uma escola. Hoje a família dele administra uma cadeia de escolas na região em que Malala, a primeira filha, nasceu. “O pai dela acreditava no poder da educação e nunca negou isso à filha. Onde ela nasceu as mulheres não têm voz, nem podem sair de casa sozinhas. Quando nasce uma mulher na família geralmente há muita tristeza, quando ela nasceu foi só alegria”, lembrou.

Em 2009, com a ocupação do Talibã, Malala escreveu, sob pseudônimo, um blog para a rede britânica BBC contando seu cotidiano naquele cenário e seus pontos de vista durante a intervenção do exército paquistanês. Malala ganhou popularidade. Sobreviver ao ataque naquela van não a fez desistir de sua luta. Entre suas frases mais célebres está que “uma caneta é mais poderosa que uma arma”.

Para Tatiana Quadros, que assistiu a uma palestra de Malala durante um evento do Itaú Cultural em São Paulo, no ano passado, ela é uma menina inspiradora e forte. “Foi muito emocionante vê-la falar. Ela saiu de uma região totalmente patriarcal e transformou-se em um ponto fora da curva. A palestra foi alguns meses antes de estrear o espetáculo, e isso me deu mais força ainda para batalhar por ele. Apesar de termos uma produção simples, tem muita gente na equipe e fico feliz por gerar emprego para tantas pessoas. Malala deixa claro que a transformação não está diretamente relacionada com o dinheiro e sim com a educação, que é o que nos diferencia dos animais”.

O espetáculo terá quatro sessões para escolas de Uberlândia, uma na manhã de sábado e três na tarde de segunda-feira (todas com ingressos esgotados). Além da educação, a peça aborda o perdão. “Malala diz que perdoou os homens que atiraram nela e torce para que os filhos e netos deles tenham a cesso à educação para não perpetuarem essas barbaridades”, disse Tatiana lembrando que o Talibã recruta crianças e mostra a elas uma versão deturpada do alcorão.
 
SERVIÇO

O QUE: Musical “Malala - A menina que queria ir para a escola”
QUANDO: amanhã (11), às 19h e domingo (12), às 16h
ONDE: Teatro Municipal de Uberlândia
INGRESSOS: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada) à venda na Lojas Provanza do Center Shopping e Uberlândia Shopping, Lynx Óptica, na Avenida Getúlio Vargas, 1655, no Bairro Tabajaras, na bilheteria do teatro a partir de amanhã às 12h ou pelo site www.megabilheteria.com (com taxa de conveniência)
DURAÇÃO: 80 min
CLASSIFICAÇÃO: livre
INFORMAÇÕES: 3236-1568
 
FICHA TÉCNICA

Adaptação: Rafael Souza-Ribeiro
Direção: Renato Carrera
Canções Originais: Adriana Calcanhotto
Elenco: Cecília Hoeltz, Dulce Penna, Fernanda Sal, Ivson Rainero, José Karini, Ricardo Lopes, Patrícia Garcia , Tatiana Quadros & o músico
Adriano Sampaio com percussão original.
Assistente de Direção: Joana Cabral
Cenário: Daniel de Jesus
Figurino: Flavio Souza
Iluminação: Alessandro Boschini
Direção Musical: Lúcio Zandonadi
Direção de Movimento e Coreografia: Sueli Guerra
Preparação Corporal: Edgy Pegoretti
Projeções e Videoinstalação: VJ Vigas
Preparação Vocal: Danielly Souza
Desenho de Som: João Gabriel Matos
Ilustração: Bruna Assis Brasil
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Programação Visual: Daniel de Jesus
Fotos de Divulgação: Ricardo Borges
Mídias Sociais: Ana Righi
Produção Executiva: Beta Schneider
Gestão Financeira e Gerência de Projeto: Natalia Simonete
Direção de Produção: Alessandra Reis
Idealização: Tatiana Quadros

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