17/04/2019 às 09h15min - Atualizada em 17/04/2019 às 09h15min
Ovos de Páscoa estão até 18% mais caros em Uberlândia
Levantamento do Cepes-UFU também aponta variação de 14% no preço do peixe
VINÍCIUS LEMOS
Cleivon espera que vendas de ovos melhorem a partir desta quarta-feira (17) | Foto: Vinícius Lemos Uma pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) mostrou que a maior parte dos ovos de Páscoa teve aumento nos preços em comparação com 2018. A variação de preços chega a 18% entre as quatro categorias de ovos de chocolate, que incluem até sete faixas de peso que o Instituto de Economia da universidade pesquisou em Uberlândia. Ao mesmo tempo, a pesquisa mostrou que entre os peixes mais vendidos na época, a variação de preço em relação ao ano passado passa de 14%. Já no comércio a expectativa é que as vendas melhorem nos próximos dias.
Essa é a primeira vez que o Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômicos-Sociais (Cepes) faz o levantamento do comparativo de preços de ovos de Páscoa e peixes. Foi aproveitada a pesquisa do tipo em 2018 para fazer o comparativo de valores em supermercados e lojas de departamento que vendem os produtos.
Os ovos foram reunidos em quatro grupos, entre aqueles feitos de chocolate amargo, ao leite, branco e os que trazem brindes como brinquedos. O único grupo que apresentou todas as sete faixas de peso foi de chocolate ao leite. Nesse grupo está a maior variação, que são os ovos acima de 350g, os quais apresentaram aumento de 18% nos preços entre 2018 e 2019. Houve aumento de valores ainda nas três faixas nas quais foi possível fazer o comparativo no grupo de ovos de Páscoa com brindes. As variações nos preços foram de 13,6% a 16,2%.
Ovos de chocolate ao leite com faixa de peso entre 200g e 249g, além daqueles de chocolate branco na mesma faixa de peso, tiveram as maiores reduções de valor médio, em torno de 6,9%, no comparativo entre o ano passado e este ano.
Variações em insumos e pagamentos de licenças estão entre os fatores que levaram aos aumentos, segundo a economista do Cepes, Graciele Sousa. “O quilo do cacau, do leite, manteiga aumentaram e isso fez com que houvesse alta (nos preços). Além disso, no caso dos brinquedos, licenciamentos (de personagens) são custos adicionais”, afirmou.
PEIXES
O Cepes ainda pesquisou a variação de cinco espécies de peixes, consideradas pelo comércio as mais populares nesta época do ano. A maior variação foi da tilápia, cujo quilo ficou 14,3% mais caro em 2019, seguido do surubim, com 9,6% de aumento e o bacalhau, cujas subdivisões tiveram variações diferentes. A peça deste peixe teve variação de 8% em 2019 e o bacalhau em lascas ou desfiado apresentou reajuste de 5% no comparativo com o ano passado. O quilo do pintado teve variação de 6,1% em um ano e a piramutaba foi o único que apresentou redução no preço, com leve queda de 0,26%.
Vendas ainda não aconteceram em supermercado
O gerente de um supermercado na região central de Uberlândia Cleivon Guerra espera conseguir vender o estoque extra de ovos de Páscoa pedido em 2019, que foi 15% maior que no ano passado. Entretanto, nem os chocolates nem peixes ainda apresentaram maior procura até agora.
“Ainda não vimos diferença nas vendas por causa do período. Mas entre a noite de quarta-feira e na quinta-feira é que esperamos maior público. Até porque na sexta existe um acordo de fechamento dos mercados para respeitar o feriado. Nos próximos dias os fabricantes podem fazer promoções nos ovos de Páscoa para estimular as vendas”, afirmou.
Produtos importados como o bacalhau, segundo Guerra, tiveram preços puxados pelo dólar. O quilo do bacalhau, por exemplo, pode chegar a R$ 99 entre as marcas de maior qualidade. A vantagem nesse momento é evitar filas e poder pegar maior variedade nas prateleiras, segundo a aposentada Virgínia Firmino. “Escolho sem correria e pago sem fila”, disse.
Inflação em março ficou em 0,62%
O Índice de Preços ao Consumidor no mês de março deste ano ficou em 0,62%, quase o dobro do medido em igual período de 2018, quando a variação foi de 0,33%. A inflação acumulada no primeiro trimestre de 2019 chega a 1,77%, de acordo com levantamento do Cepes-UFU.
Alimentação e bebidas foi o grupo que mais impactou o mês de março, com itens como mamão, laranja, feijão e batata inglesa entre aqueles que mais pressionaram os preços. “Fatores climáticos explicam os aumentos de preços. O mamão, por exemplo, passou por entressafra e o tempo seco em regiões como sul da Bahia e norte do Espírito Santo reduziram a produção. O feijão carioca também sofreu com falta de chuva em estados como Minas Gerais e Paraná, entre o fim de 2018 e início de 2019”, afirmou a economista do Cepes, Graciele Sousa.
Aumentos da gasolina também foram fatores para elevar o impacto do grupo transportes na inflação em março.
CESTA BÁSICA
A cesta básica com 13 itens pesquisada pelo Cepes teve aumento de 4,81% no último mês e passou a custar R$ 420,91. Em fevereiro, o preço médio da cesta era de R$ 401,60. Produtos como feijão, batata e tomate foram os que tiveram maior aumento nos valores, enquanto a carne apresentou queda de 1,47% e ajudou a segurar o preço da cesta básica.