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13/04/2019 às 09h00min - Atualizada em 13/04/2019 às 09h00min

Cancelamento do ensino integral afeta diversas escolas em Uberlândia

Após corte do Estado, apenas uma unidade desenvolverá projeto neste ano; secretaria estadual se manifestou sobre o assunto

MARIELY DALMÔNICA
Secretaria de Estado de Educação, Júlia Sant’Anna, durante audiência na Assembleia Legislativa de Minas Gerais | Foto: Ricardo Barbosa/ALMG
Quase todas as escolas estaduais de Uberlândia que contavam com atendimento em período integral tiveram o programa encerrado pelo governo do Estado. A mudança impactou professores e quase 3 mil alunos de 35 escolas. A decisão do governo foi divulgada na última quarta-feira (10) pela secretária de Estado de Educação, Júlia Sant’Anna, durante audiência na Assembleia Legislativa. Em toda Minas Gerais, serão afetados 111 mil alunos e 9 mil professores em 1,1 mil unidades de ensino.

Até o momento, as aulas em período integral, que costumam ser iniciadas em março, não voltaram. Segundo informações do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-Ute) em Uberlândia, apenas o Centro Socioeducativo de Uberlândia (Ceseu) vai manter o programa de ensino integral no Município.

Em Uberlândia, existiam mais de 100 turmas em período integral com média 30 alunos por sala. No projeto eram ministradas aulas de educação ambiental, cidadania, reforço e esportes. “[O programa] foi criado em 2016, foi ampliando e agora podemos dizer que se extinguiu. Alguns professores ficarão desempregados e muitos alunos não terão onde ficar [à tarde]. Onde as mães vão deixar os filhos para poder trabalhar? Tem mãe que começou a trabalhar só depois do projeto”, disse Elaine Ribeiro, presidente do Sind-Ute.

Segundo ela, os membros do sindicato se reuniram, fizeram uma paralisação na quinta-feira (11) em protesto a esta e outras medidas e agora aguardam uma reunião com o governador de Minas, Romeu Zema. “Ele ficou de receber o sindicato. Vamos falar sobre a educação especial, o piso salarial e o Ipsemg [Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais].”

PROFESSORES E ALUNOS
O professor de história Fernando Rosa trabalha em uma das escolas que teve o ensino integral encerrado, na zona norte da cidade. Ele disse que foi pego de surpresa com a notícia. “No ano passado, 110 crianças foram atendidas pelo projeto [na escola de Rosa]. Neste ano, seriam 140 alunos beneficiados”, afirmou o professor.

Ainda segundo Rosa, a educação precisa de mais investimentos, e não de retroceder com certos projetos. “Acredito que o governo deve repensar [a medida]. Isso está prejudicando milhares de famílias, crianças e trabalhadores da educação.”

Dulceane Costa é professora de 4º ano e também oferecia acompanhamento pedagógico para alunos do ensino integral. Segundo ela, a demanda de crianças é muito grande na escola que ela trabalha, na região central. “São alunos com déficit de atenção, criança com baixo rendimento e baixa renda. Todos estavam bem assistidos, recebiam alimentação”, disse.

A professora afirmou que ainda tem esperança de que o governador volte atrás na decisão divulgada nesta semana. “Na proposta de governo ficou acordado que teria investimento na educação, ou seja, aumentar a carga horária na sala de aula, e não diminuir.”

A cobradora Joviane Fonseca é mãe da Geovana Gama, aluna do 4º ano, e ficou sabendo da mudança na tarde de ontem. De acordo com ela, as atividades extras eram muito importantes para a filha. “Ela gostava muito. A gente sabe que a criança está em um lugar confiável, não está em casa sozinha, não está na internet”, afirmou.

Cancelamento ensino integral em Uberlândia

Cancelamento ensino integral em Uberlândia


Mãe de Marcos Vinícius Calvacente já estava habituada a deixar o filho em período integral na escola | Foto: Arquivo Pessoal

A atendente de telemarketing Flávia Cavalcante é mãe do Marcos Vinícius Cavalcante, que cursa o 2º ano do ensino fundamental na Escola Municipal 13 de Maio, na região central. Durante a semana, ela trabalha das 8h às 16h e já estava habituada a deixar o filho na escola durante o dia. “Agora vou deixar um dia com minha mãe, outro com minha irmã. As atividades eram muito boas, ele tinha aula de capoeira, artesanato e de reforço, ele lê e escreve muito bem devido ao projeto”, disse a mãe, que torce para que a decisão do Estado seja revertida.


OUTRO LADO
A redação do Diário de Uberlândia entrou em contato com a Secretaria de Estado de Educação (SEE) que se manifestou ao assunto após o fechamento da edição impressa desta sexta-feira (12). Confira a nota na íntegra abaixo:

A Secretaria de Estado de Educação (SEE) informa que mesmo diante da extrema precariedade da situação financeira do Governo de Minas Gerais garantirá a realização da Educação Integral e Integrada em 2019. O programa será desenvolvido em 500 escolas estaduais, que atenderão cerca de 30 mil estudantes do Ensino Fundamental. As escolas contempladas são aquelas que apresentaram situação de vulnerabilidade social e que já ofertavam a Educação Integral e Integrada em anos anteriores. A SEE irá divulgar em breve informações e o cronograma da Educação em Tempo Integral no Ensino Fundamental.

Em audiência pública, realizada nesta quarta-feira (10/04), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais a secretária de Estado de Educação, Julia Sant’Anna, afirmou que a manutenção do programa deve ser feita de forma responsável e continua. Ela ressaltou a importância social das atividades complementares da Educação em Tempo Integral e que as escolas atendidas são de comunidades mais carentes e necessitadas em todo o Estado.

Vale ressaltar que as turmas ainda estão sendo montadas e, a partir disso, será feito um levantamento para apontar a quantidade de professores necessários para a realização da Educação Integral e Integrada em 2019. A designação será feita a partir da demanda de alunos e enturmação em cada unidade de ensino, para início da modalidade no dia 6 de maio. Em 2018, a educação integral foi ofertada em 1.640 escolas e atendeu a 111.528 alunos.

Em Uberlândia 35 escolas ofertaram a Educação Integral e Integrada em 2018. Como citado, apenas a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio irá oferecer a modalidade em 2019.

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