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14/04/2019 às 08h30min - Atualizada em 14/04/2019 às 08h30min

Atletas de futebol fazem faculdade de Educação Física

Jogadores da base do Verdão entendem que é preciso garantir uma profissão, caso a carreira de jogador não seja bem sucedida

EDER SOARES
Foto: UEC/Assessoria
O futebol é uma fábrica de sonhos para milhares de jovens por todo o Brasil, mas de tanto sonhar em se tornar um jogador profissional e seguir uma carreira de sucesso, fazer o “pé de meia” e garantir um futuro para si e toda a família, muitos acabam se esquecendo das barreiras impostas pelo futebol, como uma contusão precoce ou mesmo a falta de oportunidades pelos clubes, que muitas das vezes preferem contratar jogadores “medalhões” do que dar chances á jovens talentos.

Estudos recentes apontam que menos de 1% dos jogadores conseguem obter êxito dentro do futebol profissional, e ainda deixam de estudar. Alguns especialistas na área do esporte afirmam que o atleta melhor preparado intelectualmente, mesmo que não seja um “craque”, tende a ter mais sucesso do que um atleta “craque”, mas que é despreparado em sua intelectualidade.

As categorias de base do Uberlândia Esporte Clube (UEC), por exemplo, contam atualmente com cerca de 50 jogadores distribuídos nas categorias sub-17 e sub-20. Destes atletas, três deles estão fazendo diferente da maioria e vêm conciliando o futebol com a faculdade de Educação Física, pensando em outras áreas do futebol e do esporte, caso não vinguem como atleta profissional.

Alan Bardeli, lateral esquerdo; Marcos Vinícius, lateral direito/volante e Thiago Alves, meia, são futuras promessas do Verdão. Mesmo sabendo que são observados com carinho pelo clube, os três amigos optaram em fazer faculdade. Á noite, depois de uma rotina intensa de dois períodos de treinamentos no CT Ninho do Periquito, eles ainda se encontram no curso da Unitri, que fica a poucos quilômetros do CT.

Alan Bardeli Mota, de 19 anos, é nascido em Uberlândia e está no primeiro período da faculdade de Educação Física.  Ele está no Verdinho há nove anos. “Eu já estava com a ideia de fazer faculdade desde o ano passado, aí devido à quantidade de jogos eu decidi começar neste ano e investir, pois é uma área que eu gosto. O fato dos meus amigos já estarem estudando também foi uma motivação a mais. A prioridade é me tornar jogador profissional, mas como o futebol é muito imprevisível, ter uma profissão certa ajuda muito, para talvez continuar no futebol em outras áreas”, disse.
 
Marcos Vinicius Pereira Cunha Santos, de 19 anos, é natural de Patos de Minas e está no Verdinho desde 2015. O lateral, que também atua como volante, tem 19 anos e cursa o terceiro período de educação física. “Acho que é importante alinhar o futebol com os estudos, pois embora a gente sonhe e trabalhe para ser jogador profissional, não sabemos o dia de amanhã e é importante garantir uma profissão para entrar no mercado de trabalho se precisar. Gosto do futebol e penso também em ser um preparador físico ou treinador, caso não dê certo como atleta”, disse o volante, que garante incentivar os outros colegas da equipe sub-20 a também estudarem.

“Falo para os meus amigos que estão parados para que possam continuar estudando e que é um lado que não podem abandonar. Faço a minha parte e acredito que em breve alguns deles irão seguir o mesmo caminho que a gente.  Mas ainda sonho em vestir a camisa profissional do Uberlândia, ajudar o clube, que me dá todo o suporte e sou muito grato, pois se não fosse essa condição dada eu não estaria fazendo meu curso de educação física”, afirmou.

Thiago Alves de Lima, de 19 anos, é outro uberlandense. Ele está no Uberlândia há nove anos e cursa o terceiro período, na mesma turma do amigo Marcos. “Acho que é importante a gente alinhar os estudos com o futebol, que é a prioridade no momento, mas não sabemos o que o futebol tem reservado pra gente e o dia de amanhã. Então, talvez, a nossa carreira possa ser interrompida por uma lesão ou outra situação e precisamos estar inseridos em outra área. Podemos atuar como preparador físico, treinador ou outras funções”, disse Thiago.

O meia finalizou falando que também gosta de incentivar os amigos de clube. “Os meninos observam a rotina da gente e eles também precisam ter este interesse, pois o mundo da bola é imprevisível. O dia a dia é bem cansativo, treinamos de manhã, e à tarde saímos do CT direto para a faculdade, mas é para uma boa causa”, finalizou.

O coordenador das categorias de base do clube, Ivan Pedro Carvalho dos Santos, é formado em Administração de Empresas e tem especialização em Gestão Técnica no Futebol da Universidade do Futebol, Análise de Desempenho e Identificação e Desenvolvimento do Talento nas Categorias de Base da CBF Academy.  Além do trabalho na coordenação técnica, ele garante que incentivar os atletas ao estudo é uma parte fundamental para a formação do atleta e do cidadão.

“Infelizmente temos a realidade do Brasil com menos de 8% da população com ensino superior. E se fossemos conseguir traduzir esse número para o meio do futebol, esse número ficaria próximo de zero, sem dúvidas nenhuma. E nós termos três atletas que estão buscando este caminho é de muito orgulho. São atletas que estão há muito tempo com a gente, Alguns a mais de sete anos. É realmente muito gratificante para o clube ver o desempenho deles dentro e fora de campo”, disse Ivan, garantindo que é possível conciliar a bola e os estudos.

“Tentamos dar todo o suporte possível para eles, fornecendo o transporte e dando uma boa alimentação para que eles não desistam desse de se formar na faculdade, mas que ao mesmo tempo não abandonem o futebol e que ainda mostrem para os colegas que é possível”. 
 
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