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29/03/2019 às 17h56min - Atualizada em 29/03/2019 às 17h56min

Carteira assinada desaparece entre trabalhadores jovens

Os brasileiros mais jovens já perderam 1,9 milhão de postos com garantia da CLT e aceitam flexibilização

FOLHAPRESS
Uma análise mais aprofundada dos dados sobre o mercado de trabalho desde 2012 mostra que a oferta de vagas com carteira assinada caiu dramaticamente para um segmento bem específico: os mais jovens. O número de vagas formais no setor privado entre jovens de até 24 anos recuou mais de 25% de 2012 a 2018. A redução de postos com carteira assinada no período foi de 1,9 milhão no segmento.

O trabalhador mais jovem foi, de longe, o mais afetado pela crise, mostra o levantamento feito por Cosmo Donato, economista da LCA Consultores, com base nos micro dados da Pnad, a pesquisa por amostra de domicílios do IBGE. O saldo de empregos com carteira assinada no grupo de pessoas com idade entre 25 e 44 anos também foi negativo, mas numa intensidade bem inferior -queda de 481,3 mil postos. Acima dos 45 anos, o saldo de vagas formais foi positivo em quase 1 milhão.

Sem os jovens, o saldo de vagas no setor privado com carteira assinada -considerado o empregado por excelência- teria sido positivo no período em mais de 500 mil. No geral, com pouca experiência e qualificação, os jovens formam o grupo que, historicamente, mais sofre em situações de instabilidade no mercado de trabalho. Após uma das maiores recessões da história, a taxa de desocupação entre pessoas de até 24 anos fechou 2018 em 27,2%, bem mais do que o dobro da média do mercado em geral, de 11,6%.

Especialistas identificam, porém, fenômeno ainda inicial que também pode explicar a queda na contratação formal no segmento: entre os jovens, em especial os mais escolarizados, haveria uma maior disposição a aceitar regimes mais flexíveis. Seria uma forma de ganhar um pouco mais e, ao mesmo tempo, encontrar vagas com um perfil mais próximo às pretensões desse grupo. Pesquisa do Datafolha de setembro do ano passado apontou que metade dos eleitores brasileiros até 24 anos prefere ser autônomo, com salários mais altos e pagando menos impostos, ainda que sem carteira assinada.

Na faixa seguinte, entre 25 e 34 anos, a opção pela autonomia foi maior (55%). Ramon Barreto, 24 anos, é um desses jovens. Ele passa pela primeira experiência como PJ (pessoa jurídica que presta serviços a uma empresa). Barreto participou de outros processos seletivos até tomar a decisão. "Colocando na balança, compensava não ter os benefícios da CLT." (FSP)
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