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27/03/2019 às 07h54min - Atualizada em 27/03/2019 às 07h54min

Teatro é sinônimo de resistência e resiliência

ATU faz cortejo Cênico-musical, às 18h, para marcar a data em Uberlândia

ADREANA OLIVEIRA
Crianças e jovens do projeto Oficina de Artes Cênicas - Ano 5, do Programa Transforma | Foto: Yuji Kotado/Divulgação
Hoje é comemorado o Dia Internacional do Teatro e Dia Nacional do Circo. Em Uberlândia, onde a efervescência, principalmente no setor teatral, tem sido sentida com maior vigor nos últimos anos, ainda há muito trabalho a fazer. A cidade, que tem o privilégio de ter o Curso de Teatro na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), grupos e produtores comprometidos e ferramentas como o Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Pmic) para fomentar o setor, terá um ano movimentado.

A Associação de Teatro de Uberlândia (ATU) inicia uma nova fase e faz um cortejo cênico-musical nesta tarde, às 18h, para se aproximar mais da população. Com o “Desculpem o transtorno, o Teatro de Uberlândia está de mudança” eles reúnem grupos e artistas da cidade na sede da qual foram convidados a sair pela Secretaria Municipal de Agropecuária, Abastecimento e Distritos, o Box 48 do Mercado Municipal de Uberlândia, até a Praça Clarimundo Carneiro, onde está a Oficina Cultural, cuja sala C4 será utilizada, cedida pela Secretaria Municipal de Cultural (SMC), para atividades administrativas da entidade até 2020. A dificuldade maior para os associados com essa mudança é ficar impossibilitada de utilizar o espaço aos finais de semana e em horários alternativos porque muitos artistas têm outras atividades no horário comercial.

Todos sentem a necessidade de integrar a cena teatral como um todo na cidade. Alvarenga afirma que já houveram várias iniciativas não só da ATU, como pelos artistas e grupos da cidade como o Coletivo Casa Aberta, da Trupe de Truões, formado por quatro grupos da cidade. “Neste momento um grupo de artistas locais está organizando o Circuito Permanente de Teatro de Uberlândia – Citu – que terá a primeira edição neste ano e visa proporcionar apresentações dos grupos em espaços culturais de Uberlândia. O primeiro espaço a ser contemplado será a Escola Livre do Grupontapé de Teatro”, adiantou.

A ATU fez no ano passado o plantão de escritas de projetos no Pmic e esclareceu dúvidas sobre como criar uma rede ou proporcionar de alguma forma girar a economia entre os grupos. Neste ano, a associação realizará, via Pmic, mais um Festival da Associação de Teatro de Uberlândia (Fatu) que promoverá e financiará a montagem de três grupos ou artistas da cidade. “Esse projeto tem a perspectiva de intercâmbio entre esses grupos para trocarem entre eles não só sobre processos criativos, mas também sobre como viabilizam as produções para conseguirem se manter de forma autônoma”, explicou Alvarenga.

Ela afirma que nas últimas assembleias da ATU tem surgido muitas questões sobre que tipos de projetos e ações culturais eles pode fazer para a aproximação do público com os artistas locais na perspectiva de conquistar esse público e mostrar que existe uma produção profissional e semi-profissional na cidade que merece ser vista.

“A chamada de hoje tem um pouco a ver com esse movimento, mostrar o quanto o teatro de Uberlândia vai ser resiliente e a partir da mudança da sede da ATU ver como os artistas vão se reorganizar a partir disso, se reinventar, se renovar, se fortalecendo juntos”.

PROJETO SOCIAL

Para criar o hábito de ir ao teatro é necessário trabalhar também com a formação de público desde a infância e também de agentes que atuem na área. Em Uberlândia, um projeto social usa do conhecimento construído através da prática teatral para promover o desencadeamento da criatividade e despertar habilidades importantes de crianças e adolescentes para o crescimento individual e, consequentemente, coletivo, como: autoconfiança, concentração, coordenação, agilidade e a capacidade de transformar ideias em realizações concretas.

O Programa Transforma – Oficinas de Artes Cênicas Ano V - é realizado pela Associação EmCantar em parceria com o Programa Transforma e Comunidade Casa, patrocínio do Instituto Algar e incentivo da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).

A ideia surgiu em 2015 com a proposta de oferecer a alunos da rede pública do setor leste oficinas semanais envolvendo conteúdos, como: teatro, expressão corporal, dramaturgia, técnica vocal, brincadeiras da cultura popular e jogos tradicionais. Ao todo o projeto já atendeu 750 alunos em aulas realizadas no Cesag, bairro Jardim Holanda e Shopping Park.

Para este ano, a expectativa é que o projeto continue transformando vidas. Segundo Ana Lopez, coordenadora do EmCantar Social, no projeto são trabalhadas as competências dos meninos e meninas para a vida e para o trabalho em qualquer área. “As habilidades são de comunicação e expressão, protagonismo, liderança, gestão do tempo, saber em trabalhar em equipe que serve para qualquer área mas muitos deles já falam que querem ser atores ou produtores culturais. Alguns falam em se tornar músicos ou cantores porque o projeto também abrange essas áreas”, disse Ana Lopez.

Ela cita um projeto do Emcantar Social, fora do de Artes Cênicas, o Arte e Liderança Juvenil, do qual uma das integrantes foi para o curso de Teatro da UFU. Além de fornecer novas perspectivas para os participantes, o projeto também emprega profissionais da área, o que estimula, e muito, a economia da cultura da qual tanto precisamos.

GRANDES PRODUÇÕES

O produtor cultural Carlos Guimarães Coelho tem trazido grandes espetáculos para Uberlândia em mais de duas décadas de atuação na área. O próximo a marcar presença no palco do Teatro Municipal de Uberlândia, nos dias 11 e 12 de maio, é o musical “Malala, a menina que queria ir para a escola”. A produção, com canções exclusivas de Adriana Calcanhotto, chega à cidade via “Uberlândia na Rota do Teatro” antes mesmo de entrar em cartaz em São Paulo.

E grandes produções trazem também grandes desafios. Porém, Guimarães sabe que se o teatro não fosse tão importante para a humanidade, não seria uma tradição milenar. “Sobreviveu a tudo que se anunciava como a sua definitiva derrocada. Disseram que o cinema o tiraria de cena e isso não aconteceu. E nem a rádio, a televisão ou a internet derrubaram a força do teatro”, afirmou.

Guimarães destaca que teatro é potência, é transformador, é promoção da dignidade humana, um modo de olhar o mundo em um olhar coletivo sem ser visto individualmente. “Muito já foi dito sobre o teatro e as dificuldades em realizá-lo, sobre o enfrentamento que ele provoca na sociedade e sobre a eminência parda que se tornam os artistas quando mergulham nesse universo”.

Ele afirma que com luta e perseverança eles têm conseguido o que se propuseram: inserir Uberlândia na rota do teatro nacional porque a cena com um todo tem suas vantagens nisso. “Poucos conseguem imaginar a luta que existe por trás da iniciativa, nem tão rentável assim, mas de grande retorno emocional. Promover o teatro na cidade deixa-nos orgulhosos. Há muitas adversidades, mas a gente persiste. Em apenas três anos foram 30 espetáculos, sem mencionar os anos anteriores, desde os tempos de teatros como o Rondon Pacheco e o Grande Otelo”, e finalizou: “Viva o teatro brasileiro”.
 
SERVIÇO
O QUE
: Celebração do Dia Internacional do Teatro e Dia Nacional do Circo
ONDE: Mercado Municipal de Uberlândia, seguindo o cortejo até a Praça Clarimundo Carneiro
QUANDO: hoje, às 18h
PARTICIPAÇÃO LIVRE
 

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