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13/03/2019 às 19h05min - Atualizada em 13/03/2019 às 19h05min

Trabalhadores temem demissão com fechamento de setor dos Correios em Uberlândia

Assunto foi tratado na Câmara Municipal nesta quarta-feira (13); medida afetaria 300 trabalhadores no estado

VINÍCIUS LEMOS
Wolney Dias pede ajuda ao Legislativo municipal para tentar evitar a transferência das unidades | Foto: Divulgação
Trabalhadores do Centro de Tratamento de Cargas e Encomendas (CTCE) da Empresa de Correios de Telégrafos em Uberlândia, os Correios, temem o fechamento do setor na cidade. Segundo o sindicato da categoria, a medida pode acontecer em Uberlândia, Uberaba, Juiz de Fora e Varginha. Essas operações poderão ser realocadas na cidade de Contagem.

A consequência direta pode ser a demissão de 300 trabalhadores nos quatro municípios, sendo 75 deles apenas em Uberlândia. Representantes da categoria estiveram na Câmara Municipal nesta quarta-feira (13) para expor o receio e receberam o apoio da mesa diretora do Legislativo de Uberlândia, que pretende pedir uma reunião com o Governo Federal sobre o assunto.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Uberaba e Região, Wolney Capolli Dias, falou na tribuna da Câmara de Uberlândia a respeito do assunto. Ele teme que até setembro a situação do CTCE nas quatro cidades do interior de Minas Gerais já esteja fechada, concentrando as atividades em uma unidade em construção em Contagem, que tem 50 mil m².

“Seria um processo de modernização. Mas não sabemos se nossos trabalhadores serão realocados para Contagem, em outras unidades de Uberlândia ou outras cidades do interior. Não sendo efetivada nenhuma dessas alternativas, poderá haver a demissão motivada: com a apresentação da empresa de três possibilidades de reaproveitamento do trabalhador e uma vez que nenhuma dessas possibilidades possa desenvolver, a gente tem medo da demissão”, disse.

Ele afirmou ainda que existe a previsão de um contrato de cinco anos nos quais, mensalmente, os Correios pagariam R$ 2 milhões como aluguel pela nova unidade. Dias questionou qual seria o ganho da empresa trocar a mudança dos CTCEs de prédios próprios, como o Centro de Distribuição Domiciliária no bairro Martins em Uberlândia, para o pagamento de aluguel em uma nova unidade. Mas, de acordo com o sindicato, essas questões e também sobre o futuro dos trabalhadores, não são discutidas.

“Não existe conversa com a empresa. Buscamos apoio no Legislativo de Uberlândia e também na Prefeitura de Uberaba para buscar ajuda no Ministério Público, Tribunal de Contas da União e Justiça do Trabalho”, disse Wolney Dias.

Sobre isso, os Correios informaram que em 2015 foi firmado contrato de locação de imóvel sob medida não residencial, tipo BTS, para abrigar o CTCE Contagem, por um período de 180 meses, contados a partir do recebimento do imóvel nos termos do referido contrato, com o pagamento mensal superior a R$ 1,7 milhões. Ressaltou que o início do pagamento se dará somente após o recebimento do imóvel, o que ainda não ocorreu.

Questionada sobre a vantagem de trocar prédios próprios por imóvel alugado, o
s Correios disseram que realizam estudos sobre qual o melhor modelo de negócio imobiliário que deverá ser utilizado para cada unidade. No caso em questão, verificou-se que o BTS é mais viável no momento.

 
INSEGURANÇA
 

Funcionário dos Correio há 35 anos, Carlos Antônio Ribeiro já foi carteiro, mas hoje exerce função interna. Ele diz não ter mais condições de entregar cartas, da mesma forma que não tem como se mudar para outra cidade com a família de maneira abrupta. Ou seja, as mudanças com o fechamento do CTCE em Uberlândia atingiriam o trabalhador diretamente. “Tem pessoas que estão quase aposentando, e agora? Vou para Contagem? Voltou a entregar carta na rua?”, disse.
 
O CTCE
 

O Centro de Tratamento de Cargas e Encomendas é a unidade que concentra as correspondências e encomendas de determinada região para serem tratadas e redistribuídas para as cidades das respectivas regiões. Com o fechamento do setor nas quatro cidades mineiras, o sindicado estima que 100 municípios poderão ser afetados, com consequências como maior demora no envio de correspondências.

Objetos postados em Araguari com destino a Uberlândia, por exemplo, teriam que obrigatoriamente passar por Contagem para depois ser remetido ao destinatário de volta no Triângulo Mineiro. Isso transformaria a viagem de 35 km do objeto em uma de aproximadamente 1 mil km, entre Araguari, Contagem e Uberlândia.
 
Câmara quer ir a Brasília
 
O presidente da Câmara Municipal de Uberlândia, Hélio Ferraz – Baiano, afirmou que o Poder Legislativo local vai pedir uma reunião oficial com o Governo Federal no intuito de ver o que é possível fazer sobre a situação exposta em Plenário nesta quarta.

“O fechamento é péssimo. A Câmara Municipal vai liberar um documento junto ao Ministério da Infraestrutura e tentaremos marcar uma audiência até o final do mês para que não haja o fechamento em Uberlândia”, afirmou.

Funcionários poderão ser realocados

O Diário de Uberlândia entrou em contato com a empresa pública e questionou sobre as mudanças no CTCE. Por meio da assessoria de imprensa foi respondido que a intenção considera a perspectiva de crescimento do tráfego postal e o processo de transformação da Empresa, uma vez que os Correios possuem, desde 2011, o planejamento estratégico de modernização e adequação da sua Rede de Tratamento de Mensagens e Encomendas.

"Nesse trabalho está prevista a implantação do Centro Operacional em Contagem/MG, no segundo semestre de 2019, com a respectiva extinção das unidades de tratamento em Uberaba, Uberlândia, Varginha e Juiz de Fora. A revisão da rede de tratamento fundamenta-se na necessidade de aprimorar a infraestrutura de prédios e equipamentos, alinhada à projeção comercial e à necessidade de modernização da Empresa, otimização de processos, melhoria de produtividade e atualização tecnológica", informaram por e-mail. 

Sobre o futuro dos funcionários lotados no setor, a empresa disse que eles poderão optar por serem realocados nos centros de Contagem e de Belo Horizonte, serem transferidos para outras unidades do estado ou de outros estados e, ainda, poderão optar pelo reenquadramento na atividade de carteiro, para atuarem em unidades de distribuição.


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