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12/03/2019 às 07h45min - Atualizada em 12/03/2019 às 07h45min

Hortifrútis são entregues às escolas da rede municipal de Uberlândia

Base do governo rejeita convocação de secretária na Câmara; pais foram até o plenário nesta segunda (11)

VINÍCIUS LEMOS
Entre os alimentos estão 24 tipos de frutas, verduras e legumes | Foto: Cleiton Borges – Secom/PMU
Os itens de hortifrúti começaram a ser distribuídos nesta segunda-feira (11) para a rede municipal de ensino. Segundo as informações divulgadas pela Prefeitura de Uberlândia, todas as 164 unidades escolares da rede, incluindo as instituições mantidas pelas organizações da sociedade civil (OSCs), serão contempladas com os produtos. Também nesta segunda, o assunto da merenda escolar foi comentado na Câmara e o requerimento para convocação da secretária Ana Paula Procópio, após contestar falta de itens, foi rejeitado na sessão de ontem. 

O Município salientou​ que entre os alimentos estão 24 tipos de frutas, verduras e legumes, conforme cronograma de entrega. Outros alimentos como carne suína e peito de frango estão em licitação e devem ser incorporados à merenda assim que o processo for concluído, “havendo a devida reposição proteica até que isso ocorra”. A Administração informou ainda que a entrega dos alimentícios é feita mediante cronograma elaborado mensalmente e repassado aos diretores.

CÂMARA 
Foi rejeitado na Câmara Municipal de Uberlândia durante a sessão desta segunda o requerimento que solicitava a convocação da secretária de Governo e Comunicação, Ana Paula Procópio Junqueira, para prestar esclarecimentos a respeito de uma publicação em rede social na qual ela dizia ser mentira a falta de itens na merenda servida nas escolas da rede municipal.

O requerimento foi apresentado na última sexta (8) e votado na terceira sessão ordinária do mês março. Ainda durante a reunião, alguns pais de escolas da zona rural também estiveram no plenário e reclamaram da falta de determinados alimentos na merenda de pelo menos duas escolas.

O requerimento, apresentado pelo vereador Thiago Fernandes (PRP), pedia que a secretária estivesse em plenário, em data a ser marcada, para não só esclarecer os motivos de contrapor as reclamações e a reportagem do Diário, além de apresentar provas de que no início deste ano letivo as escolas estavam completamente abastecidas com todos os itens que foram apontados por funcionários e pais.

Em relato ao Diário, pais e até funcionários de algumas escolas municipais afirmaram que nem todos os itens estavam sendo servidos desde o início das aulas. Em alguns casos havia apenas arroz, feijão e macarrão, em outras só arroz com feijão. Teve dia que foi servido apenas mingau, segundo relato de um pai de duas alunas. Na maior parte dos depoimentos, inclusive de servidores, houve falta de legumes e frutas.

A rejeição do requerimento que pedia a convocação contou com uma estratégia alinhada com a base de apoio do prefeito. Esse tipo de pedido tem como processo usual ser votado em bloco junto a outros requerimentos, pedidos de informação e moções. No entanto, a pedido da mesa diretora da casa, o requerimento foi debatido e votado em separado aos demais.

Ao final, com o pedido de manifestação contrária ou favorável ao pedido, apenas oito vereadores - Ismar Prado (PMB), Michele Bretas (Avante), Adriano Zago (MDB), Silésio Miranda (PT), Felipe Felps (PSB) Dra. Jussara Matsuda (PSB), Vico (PTC) e o autor Thiago Fernandes - foram de acordo com a convocação. Os demais legisladores se colocaram contrários ao requerimento. Para que Ana Paula Junqueira fosse oficialmente chamada a prestar esclarecimentos eram necessários 14 votos favoráveis.

O vice-líder do prefeito, Wender Marques (PSB), comemorou com palmas a rejeição do requerimento. Anteriormente, ele convocou em tribuna a base do governo para que o pedido fosse recusado. Ao Diário, ele afirmou que o fato que gerou o requerimento não era relevante o suficiente para a presença da secretária na Câmara. “Eles querem criar um fato político. Atinge diretamente o prefeito Odelmo Leão convocar a secretária de Governo”.

Questionado sobre a merenda, ele elogiou a alimentação no Município. “Eu quero acreditar que sejam coisas pontuais. É uma área em que eu atuo e a merenda melhorou demais nesses dois anos. Na qualidade, na quantidade e na variedade. Pode ter acontecido uma situação pontual, mas não é o cotidiano”, afirmou Marques.

O vereador Pastor Átila Carvalho (PP) também foi contrário ao requerimento e em tribuna afirmou ter visitado pessoalmente algumas escolas e que nessas instituições a merenda estava sem problemas. Nem na fala aos colegas de plenário, nem em entrevista ele apontou quais foram essas escolas.

“A pauta em questão é em resposta à necessidade das merendas. O Estado de Minas esteve omisso por todo o início deste ano e no ano passado com os repasses da educação junto às prefeituras. O prefeito e todos os secretários estão trabalhando para trazer as coisas em ordem. Muitas vezes há sim um atraso, não em função do desejo deles, pelo contrário. Não podemos permitir que a discussão passe pelo quesito da política. Fomos em duas ou três escolas e vimos que a merenda estava lá. Temos fotos e em meu gabinete eu posso passar para você”, afirmou.
 
OPOSIÇÃO 
 
Os vereadores de oposição lamentaram o posicionamento dos próprios colegas de casa. “O resultado da votação é vergonhoso. Blindar o agente político que é pago com o dinheiro do contribuinte de vir aqui prestar esclarecimentos justamente de políticas públicas, com grave falta do poder público, é ir na contramão do que se espera de um agente político”, afirmou Fernandes. Ele informou ainda que estuda um meio de fazer nova convocação, dessa vez por meio das comissões do legislativo municipal.

Para o vereador Adriano Zago, o resultado já era esperado. “Já esperávamos, lamentavelmente, essa blindagem da secretária de Governo, que gravemente noticiou pelas redes sociais que um veículo de comunicação, pais e servidores mentiram. Para poder esclarecer isso tudo, nada mais justo que ela viesse até a Câmara. Mas como há um conluio entre os vereadores da base para blindar a secretária, que nunca veio à Câmara, nos caberá buscar uma interpelação judicial”, disse.

Pais falam da falta de carne na zona rural
 

Alguns pais e estudantes que acompanhavam a sessão da Câmara ontem deram informações ao Diário de que também faltam itens na alimentação dos alunos na zona rural, especificamente nas escolas municipais Leandro José de Oliveira e Tenda do Moreno. Diferentemente das escolas da zona urbana, lá o alimento não oferecido seria carne.

Um dos alunos, que tem 12 anos, falou à reportagem que a merenda servida na Escola Municipal Leandro de Oliveira, próximo à MGC-497, em geral é formada por arroz, feijão e salada. A mãe desse aluno, Soneli Dias, afirmou que a importância da refeição da escola aumenta porque muitos estudantes não têm outra refeição durante o dia. “Tá faltando a carne. Só arroz e feijão que oferecem e salada quando tem. Como lá é uma fazenda, muita gente fornece para a escola para salvar a situação. Mas não é todo dia”, afirmou.

Uma avó que não quis se identificar disse que a neta de 10 anos chega em casa perto das 14h, diariamente, e nas primeiras semanas de aula teria comido na escola apenas arroz, feijão e macarrão. “A gente não vê verdura mais e nesse ano não serviram carne”, disse.
 
Em relação à falta de carne em escolas da zona rural, conforme apontaram alguns pais de alunos, a Prefeitura de Uberlândia informou que houve a distribuição de carne bovina nessas unidades na semana passada. “Assim como as demais na área urbana, essas unidades também iniciaram o ano letivo de 2019 abastecidas com mantimentos básicos”.

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