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10/03/2019 às 07h00min - Atualizada em 10/03/2019 às 07h00min

Borba Filho e as lembranças do Verdão

Aos 80 anos, ex-treinador transborda saúde e quer voltar a trabalhar em clubes como coordenador técnico

ÉDER SOARES
Borba Filho começou a carreira Como treinador no Coritiba (PR). | Foto: Divulgação
O curitibano Ronaldo Augusto Borba, conhecido no futebol brasileiro simplesmente como Borba Filho, é seguramente um dos treinadores que mais vezes comandou o Uberlândia Esporte Clube (UEC). São oito passagens pelo Verdão, segundo os arquivos muito bem organizados do próprio treinador. Atualmente, Borba trabalha como observador de jogadores da América do Sul, que têm como destinos o futebol do Oriente Médio, da Europa, além de clubes do Brasil, como o Athletico Paranaense. Aos 80 anos, Borba reside em Itajaí (SC), de onde continua fazendo os seus contatos no futebol.

Nome de honra do Athletico, clube pelo qual foi treinador por várias oportunidades e vice-campeão da Copa Liberadores da América de 2005, primeiro como treinador e depois como coordenador técnico, Borba concedeu entrevista ao Diário de Uberlândia, na qual relembra o carinho pelo UEC e relata fatos de suas passagens pelo Verdão. Além de jogador, treinador, observador e coordenador técnico, Borba trabalhou como jornalista e comentarista em importantes jornais e TVs de Curitiba (PR).

Considerado pela crônica esportiva como um exímio estrategista do futebol, Borba começou no futebol aos 14 anos, jogando na base do Athletico em meados dos anos de 1950. Como treinador, começou a carreira no Coritiba (PR), depois de fazer estágio no Fluminense, em 1969, com Telê Santana e Carlos Alberto Parreira, na época preparador físico. Imediatamente, foi contratado pelo Coxa para comandar o time juvenil.  O atual técnico do Atlético-MG, Levir Culpi, foi zagueiro revelado por Borba. O primeiro time profissional do treinador foi o Londrina, em 1970.

Os clubes que Borba Filho mais treinou foram Coritiba, Athletico, Londrina e Uberlândia. Segundo ele, os títulos e resultados mais significativos da carreira foram o terceiro lugar no Brasileiro de 1979, pelo Coritiba; o de campeão paranaense pelo Cascavel, em 1982; campeão paranaense pelo Pinheiros (atualmente Paraná Clube), em 1984. Pelo Uberlândia Esporte, Borba foi campeão do Interior em 1986, depois de lutar de igual para com Cruzeiro e Atlético pelo caneco do Mineiro.

VERDÃO

A primeira passagem de Borba Filho pelo Uberlândia Esporte aconteceu em 1984 e acabou durando poucos jogos. “Fui para o Uberlândia através de um amigo radialista e empresário, José Maria Pizarro [falecido], também amigo de Pietro Paladini, então presidente do UEC na época. Estávamos fazendo uma campanha brilhante, liderando o Campeonato Mineiro, quando o presidente do Pinheiros acabou me procurando e, em uma conversara com o Pietro, ambos optaram pela minha volta ao Pinheiros, onde fui campeão paranaense”, disse Borba, que falou sobre dois jogos marcantes pelo Verdão.

“Tivemos campanhas e jogos memoráveis pelo Verdão e que foram marcantes. É difícil dizer qual me marcou mais. Não me lembro o ano, mas em um jogo contra o Atlético Mineiro, no Sabiá, que tinha entre outros craques o Neto [atualmente apresentador da Band] e o Renato Gaúcho, fizemos o nosso plano de trabalho, e o detalhe é que tínhamos que anular o pé esquerdo do Neto e ele não poderia acionar o Renato Gaúcho. E realmente nossa equipe se comportou muito bem, o Renato ficou isolado e o Atlético voltou para o segundo tempo sem o Neto, não me lembro o placar, mas foi um jogo marcante”, disse Borba, que também descreveu, em outra passagem pelo UEC, um duelo contra o outro grande mineiro, Cruzeiro.

“Em um jogo contra o Cruzeiro, que tinha o Ronaldinho Fenômeno em começo de carreira, eu planejei o que precisávamos para neutralizar o Ronaldinho. Ele se fingia de morto, era esperto, apesar de ser menino. Fizemos muito bem, mas, em um descuido, o Ronaldo recebeu uma bola e fez 1 a 0 para o Cruzeiro, que ganhou o jogo, apesar de a nossa equipe, verdadeiramente, ter bombardeado a meta do goleiro Dida. O Estado de Minas estampou em letras garrafais no dia seguinte: ‘Dida e Ronaldo salvam o Cruzeiro no Sabiá’, e foi bem isso o que aconteceu.”

Das passagens pelo Verdão, Borba diz guardar carinho por todos os jogadores com os quais trabalhou. “É difícil falar [em nomes], pois sempre trabalhei com os elencos na mão e com a técnica que esse elenco tinha. Mesmo assim, tem alguns jogadores que foram mais próximos e que me consideravam como pai, como era o caso do Chiquinho, Moacir, Zecão, Batista, Geraldo Touro, Carlos Roberto, enfim todos que mereciam o meu melhor cuidado e admiração. Todos foram especiais para mim”, afirmou.

ATUALMENTE

A idade, 80 anos, não é uma barreira para Borba Filho. Afastado da beira dos gramados desde 2005, quando comandou o Furacão da Baixada em cinco jogos pela Copa Libertadores da América, ele ainda vislumbra voltar a trabalhar em clubes, mas como coordenador técnico. “Tenho um bom relacionamento no futebol brasileiro e nas três Américas. Gosto de prestar assessoria de coordenador para os clubes. E quando digo coordenador de futebol, não me refiro àquele que é treinador e nem ao presidente, mas ao que mexe diretamente com todo o futebol do clube. Um elo de ligação entre a cúpula da diretoria e a cúpula do futebol, sem querer interferir, mas ser o conselheiro. Essa é a função que eu gosto para quem se interessar”, disse Borba, que garante estar com saudades de Uberlândia e que pretende vir à cidade o mais breve possível.

“Pretendo ir a Uberlândia, pois o Uberlândia faz parte da minha vida esportiva, isso foi escrito e está registrado pelas minhas várias passagens, em todos os aspectos da minha vida. Quero muito voltar à cidade e rever pessoas importantes. Alguns não vou mais ver, pois infelizmente já se foram, como o Pedrinho [motorista], Zecão e o Pietro, mas sei que vou matar muitas saudades. O Uberlândia mora no meu coração”.

Pela distância, morando no Sul do Brasil, Borba garante que tem acompanhado pouco o Uberlândia Esporte nos últimos anos. “Não é crítica, mas há muito tempo o Uberlândia deixou de ser protagonista nos noticiários nacionais, o que é lamentável. Primeiro pela sua história, que foi plantada e cultivada. Segundo, porque Uberlândia é uma cidade extraordinária, de um povo maravilhoso. Para quem não conhece Uberlândia, nem pode imaginar como uma cidade do interior pode ter o seu tamanho e desenvolvimento. Venho acompanhando o time há uns dois meses apenas por circunstâncias. Fiquei surpreso em saber que existe mais uma equipe profissional na cidade [CAP Uberlândia]. É preciso tratar muito bem as duas equipes, para que as duas tenham forças para seguir.”
 
Ficha pelo Verdão
Passagens: 1984, 1986, 1988, 1993, 1994, 1995, 1996 e 1997.
Principais conquistas: Campeão Mineiro do Interior 1986
Vice-campeão da Supercopa Minas Gerais 1993
 
Principais Títulos
1980   - Campeão Paranaense – Cascavel
1984   - Campeão Paranaense  - Pinheiros (Paraná Clube)
2005 – Vice-campeão Libertadores – Athletico (PR)

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