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21/02/2019 às 09h30min - Atualizada em 21/02/2019 às 09h30min

​Cerca de 3,6 mil crianças estão sem creche em Uberlândia

Mães relatam dificuldades na busca de vagas de 0 a 3 anos nas Emeis da cidade; secretária esclarece sobre o déficit

FERNANDA PARANHOS E CAROLINE ALEIXO
Novas vagas foram abertas na Emei do bairro Martins neste ano Araípedez Luz/Secom/PMU
A história da Roberta Gonçalves Ferreira, 35 anos, é semelhante a de muitas mães em Uberlândia: ela tem uma filha de três anos e precisa cuidar integralmente da menina que não tem onde estudar. A família mora no bairro Jardim Brasília, onde a vaga na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) não saiu. Segundo o Município, o déficit de vagas gira em torno de 3,6 mil para as séries iniciais.  
 
Roberta conta que a situação ficou ainda mais complicada porque recentemente o pai da menininha faleceu e, por isso, o cuidado com ela ficou ainda mais delicado. A solução foi apresentada pela diretora da escola do bairro: uma vaga na nova unidade da Emei do bairro Martins mas, para Roberta, é impossível. “É longe demais, como eu vou levar minha filha?”, indagou.
 
Uma técnica em enfermagem que preferiu não se identificar disse ao Diário de Uberlândia que inscreveu a filha de 3 anos na Emei do bairro Tocantins, onde mora, mas a vaga só saiu para o período parcial. Para ela, que trabalha, é inviável.

“O ano passado eu tinha feito a inscrição e só saiu meio período e até então o nome dela ficou na lista de espera. Por isso eu achei que esse ano ia sair o integral e não saiu. Eu preciso de horário integral na Emei, meio período não me ajuda porque eu preciso trabalhar, meu marido está desempregado”, disse a mulher que, por enquanto, tem deixado a criança aos cuidados do marido.
 
DÉFICIT
A Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que aproximadamente 3.600 crianças de zero a três anos ainda não conseguem ter acesso ao ensino público na cidade.

Um dos motivos que leva a uma demanda mais expressiva nessa faixa etária é o número alto de nascimentos na cidade, que corresponde a 3 mil por ano e amplia a dificuldade do setor educacional de abraçar a necessidade da população.

A falta de vagas para bebês é crônica, segundo a secretária Tânia Toledo, e também é consequência do fato das famílias de crianças pequenas solicitarem o turno integral para os filhos, aumentando a concorrência e a necessidade da escola ter uma estrutura maior.

“A gente faz de tudo para trazer uma mudança positiva, como no caso da Emei Martins, mas quem dera ter conseguido solucionar 100% do problema”, disse a secretária.
 
Ela explica que há critérios para conseguir uma vaga nas escolas municipais como vaga para deficientes físicos, filhos de deficientes físicos, irmãos de matriculados, criança em situação de vulnerabilidade e renda per capita.

A secretária ressaltou que, com o início recente das aulas, ainda há a possibilidade de desistência e novos remanejamentos em diversas unidades de ensino. Isso deve acontecer em até 20 dias e poderá apresentar quais escolas e bairros têm um déficit maior.

“Há este período de acomodação. A lei faculta ao candidato um determinado período em que ele tem a vaga garantida. Um período legal em que a vaga permanece assegurada para ele. Então, só posso dar o próximo passo quando terminar esse período, que gira em torno de 20 dias. Só depois que veremos”, explicou.

Está neste prazo a esperança de Thalita Aragon, que precisa colocar o filho mais velho, de três anos, na escola. Ela, o marido e os filhos moram no bairro Roosevelt e desde o ano passado enfrentam uma verdadeira novela.
 
A família inscreveu a criança numa das unidades de ensino municipal da região e o menino ficou na 25ª posição na lista de espera. Neste ano, a mesma coisa. Por isso ela aguarda vaga em outra unidade do bairro, depois de já tentar no bairro Marta Helena. “[Em 2018] ele ficou o ano todo em lista de espera. Eu preciso voltar ao trabalho, mas por causa da escolinha ainda não [consigo] porque não tem com quem deixar”, comentou Thalita que, mais uma vez, vai esperar sair uma vaga.
 
NOVAS VAGAS
 
Em Uberlândia há 67 Emeis. A partir do dia 7 de março, uma unidade no bairro Canaã será reaberta. A escola estava fechada há quatro anos e, após reformas e regularização de documentos, a Prefeitura passou a encabeçar a unidade em parceria com uma Organização da Sociedade Civil (OSC).

“Lá, vamos atender só infantil, 4 e 5 anos, prioritariamente. É a maior lista de espera da região. [Terão] 250 vagas e as crianças já estão inscritas. Como a escola não abriu inscrição em dezembro, as crianças daquela região foram direcionadas para duas outras escolas. Não conseguimos atender todas. Restou as listas de espera e estamos matriculando nessa Emei”, explica Tânia Toledo.

Além disso, a Emei Martins passou a oferecer neste ano 234 vagas a mais que em 2018. No total, 432 crianças de 0 a 3 anos de idade serão recebidas na unidade, o que representa um aumento de 118% na oferta de vagas.

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