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08/02/2019 às 16h20min - Atualizada em 08/02/2019 às 16h20min

Atletas superam lesões de joelho e voltam a competir em alto nível

O medo do retorno às atividades é comum, mas o lado psicológico ajuda na retomada dos movimentos

EDER SOARES
O ortopedista Abelardo Pena afirma que o joelho é uma articulação com maior incidência de lesões | Foto: Divulgação
A vida de um atleta é movida por altos e baixos. A luta incessante contra e a favor do próprio corpo em todos os seus limites pode levar o atleta seja profissional, amador ou mesmo os praticantes do dia a dia, a desenvolver problemas sérios de lesão. O joelho é uma das articulações mais importantes na vida de um atleta, seja qual esporte ele praticar.

É preciso conhecer muito bem estes limites. Algumas avarias podem levar atletas ao fim de uma carreira promissora, mas, por outro lado, mostram a face da superação e que é possível voltar ao esporte e competir em alto nível. É mostrando este lado positivo, que a reportagem do Diário de Uberlândia foi atrás de alguns casos de superação, em que pessoas conseguiram dar a volta por cima.

No quesito sobre lesões de joelho, podemos relembrar casos de famosos como Ronaldinho Fenômeno, Zico, Fred, e Kobe Bryant, o último astro do basquetebol norte-americano. Nesta semana, o jovem volante Gustavo Blanco, do Atlético-MG, pela segunda vez, rompeu o ligamento anterior cruzado do joelho direito e após procedimento cirúrgico ficará mais longos oito meses fora dos gramados.

Antes de contar algumas histórias, uma rápida conversa com o médico ortopedista Abelardo Pena, especializado em medicina esportiva e que já trabalhou em clubes profissionais como o Uberlândia Esporte Clube e CAP Uberlândia, sendo ele uma das referências na cidade e região, quando o assunto é joelho.

“ O joelho é uma articulação que tem uma incidência maior de lesões do que outras. No futebol, por exemplo, assim como também no basquete, isso é cada vez mais comum devido ao aumento da competitividade e da força e impacto. Você pode ter uma lesão pelo movimento, ou por pisar em algum jogador e torcer o joelho, mas a lesão pode acontecer também sozinho, através do comprometimento da musculatura, jogos e competições em excesso, além outros vários motivos”, disse Abelardo que completou.

“De uma forma geral, hoje, a parte médica precisa ter amplo entendimento disso, até mesmo para influência na questão da preparação física do atleta. É um conjunto de ações que você precisa tratar dentro do esporte para evitar lesões, inclusive as de joelhos, que podem ser as mais complicadas para o retorno de um atleta para o nível de alta competição”.
 
PARATLETISMO

Uma das esperanças de Uberlândia para chegar nas Paralimpíadas de Tóquio 2020, Rafaela Silva, é especialista no lançamento de disco. Atleta da equipe Minas Olímpica/Futel, ela precisou enfrentar um período turbulento na recuperação de uma lesão no joelho. Em novembro de 2017, ela rompeu o ligamento anterior cruzado do joelho direito. Em terceiro lugar do ranking nacional, faltava apenas uma posição para alcançar a meta de ficar em segundo, meta que poderia ser alcançada no Brasileiro do mesmo ano.

“Durante dois dias eu fiquei sem chão. Eu via que tudo o que eu tinha treinado, quantos passeios deixei de fazer, deixei de comer algumas coisas, ou seja, que tanto esforço tinha ido por água abaixo. Fui para o Brasileiro mesmo assim e coloquei uma proteção, que na verdade não adiantava nada. A cada giro, meu joelho saia do lugar. O médico me disse que eu só poderia fazer esporte em setembro do outro ano (lesão em novembro), mas eu sou muito determinada. Fui competir, voltei a treinar mesmo com o joelho rompido, mudando todo o meu treinamento para lançar sem fazer o giro. Eu não tinha condições físicas, mas condição psicológica eu tinha. Até meu quinto lançamento eu era a última colocada. Era a minha última chance, no meu último lançamento, arrisquei fazer o giro para o lançamento. Fiz o lançamento, meu joelho não se descolocou, eu não perdi o equilíbrio e fiz a minha marca de 25m31 e fechei como segunda do Brasil com o ligamento rompido”, afirmou Rafaela, que finalizou falando sobre a reabilitação e a volta às competições.



Rafaela Silva fez fisioterapia após uma cirurgia no joelho | Foto: Arquivo Pessoal

“A reabilitação já é difícil, pois queremos voltar o mais rápido possível. Para mim, foi um pouco mais difícil pela deficiência visual, então eu tive mais receio de fazer os movimentos normais. Mas, com três meses de cirurgia, eu já estava correndo e pedalava bicicleta. Senti muita dor, mas me dediquei a fisioterapia. Quando voltei, fui campeã paulista com quatro meses de cirurgia e pegado medalha de ouro em dois campeonatos. Fechei 2018, que foi o ano de reabilitação, como segunda do Brasil e nona do ranking mundial, peguei uma classificação internacional, o que é preciso para ir para as Paralimpíadas”, afirmou.

FUTEBOL

O experiente meia do Uberlândia Esporte Clube, Rogerinho, passou por cirurgia no ligamento anterior cruzado, ainda no passado, quando estava no Resende (RJ), e ficou mais de seis meses se recuperando. Totalmente recuperado e pronto para ajudar o Verdão no Módulo II, o jogador garante que nem se lembra mais da antiga lesão. “No momento que acontece a lesão é complicado, mas como a gente já tem uma experiência no futebol e sabe que isso pode acontecer com qualquer atleta, não existe alternativa a não ser focar na recuperação, fazer tudo certinho e voltar para a batalha novamente. Hoje, estou totalmente recuperado e pronto para ajudar o Uberlândia”, afirmou.

JUDÔ

O Judoca Daniel Corrêa Araújo, de 19 anos, é atleta do Praia Clube, pelo qual começou aos três anos de idade.  Ele já foi campeão mineiro por duas veze e vice brasileiro-regional, além de outras conquistas na categoria sub-21 até 100kg, na qual está entre os quatro melhores do país. Em julho do ano passado, quando disputava a Copa Minas, em Belo Horizonte, foi aplicar um golpe, travou o pé entre o tatame e o pé do adversário, fazendo uma rotação interna, que rompeu o ligamento anterior cruzado.

O judoca passou por cirurgia, colocou dois parafusos no joelho e agora está finalizando um tratamento de seis meses. Segundo ele, a recuperação está sendo boa, mas é preciso muita dedicação e esforço para conseguir voltar a competir em alto nível. “Estou voltando aos poucos ainda, mas com foco total. O receio existe, sim, mas a minha fisioterapeuta, muito bem preparada e qualificada me deixa seguro. Então acaba ficando mais fácil e vou me sentindo mais confiante, mas é normal sentir medo após um trauma desses”, disse.

BASQUETE

O ex-jogador de basquete do Unitri/Uberlândia Claudio Antônio Gomes, conhecido como Brasília no esporte da bola laranja, teve duas vezes aquela que é considerada uma das piores lesões de joelho, que é o rompimento patelar. Na primeira vez, a ruptura aconteceu de forma total, quando ainda defendia a equipe uberlandense. Mais tarde, a mesma lesão veio no outro joelho, mas de forma parcial, quando o ala/pivô defendia o time do Distrito Federal.

A lesão do tendão patelar é a mesma que tirou Ronaldinho Fenômeno dos gramados, quando atuava pela Inter de Milão, e que por muito pouco não o tirou da Copa do Mundo de 2002. “No meu caso, apesar de ser uma lesão gravíssima, como já era um jogador experiente e preparado, eu só pensava em que iria melhorar e voltar a jogar. Quando a gente retorna, mesmo sendo experiente, fica aquele receio, mas no meu caso foi somente nos primeiros dias e treinos, depois tudo fica normal, disse Brasília, de 45 anos, que encerrou a carreira em 2014”.

Brasília foi um dos atletas que marcou história no basquete da cidade, sendo campeão Brasileiro (2004) e Sul-americano (2005). Atualmente, o ex-jogador tem uma academia de Crossfit em Uberlândia e também participa de competições da modalidade.

LESÕES MAIS COMUNS DE JOELHO

1 - Rompimento do LCA (ligamento cruzado anterior)
2 - Rompimento do LCP (ligamento cruzado posterior)
3 – Lesão tendão patelar
4 - Condromalácia patelar
5 - Artrose
6 - Tendinite Patelar
7 - Síndrome do Corredor
8 - Lesão no menisco
 
 
 
 
 
 
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