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05/02/2019 às 08h36min - Atualizada em 05/02/2019 às 08h36min

Mourão quer investigar ministro do Turismo

Marcelo é acusado de desviar verba pública durante eleições | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou, ontem, que deve ser investigada a denúncia de que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, patrocinou esquema de candidaturas laranjas que direcionou verba pública para empresas ligadas ao seu gabinete parlamentar. Segundo o general da reserva, qualquer acusação deve ser apurada. Questionado, ele ressaltou que se os órgãos de investigação confirmarem a existência da irregularidade, que foi revelada pela Folha de S.Paulo, trata-se de uma denúncia grave.

"Qualquer denúncia tem de ser apurada, a Justiça que faça o seu papel", disse. "Se for verdadeira, é grave. Temos de ver até onde há verdade nisso aí", acrescentou. Após indicação do PSL de Minas Gerais, presidido à época pelo hoje ministro, o comando nacional do partido do presidente Jair Bolsonaro repassou R$ 279 mil a quatro candidatas.  O valor representa o percentual mínimo exigido pela Justiça Eleitoral (30%) para destinação do fundo eleitoral a mulheres candidatas.

Apesar de figurar entre os 20 candidatos do PSL no país que mais receberam dinheiro público, essas quatro mulheres tiveram desempenho insignificante.  Juntas, receberam pouco mais de 2.000 votos, em um indicativo de candidaturas de fachada, em que há simulação de alguns atos reais de campanha, mas não empenho efetivo na busca de votos.
 
 CANDIDATAS LARANJAS

Ministro diz se tratar de 'denúncia vazia'


O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), usou suas redes sociais, ontem, para dizer que é vítima de "denúncias vazias" sobre a campanha de outubro de 2018. "Mais uma vez, a Folha de S.Paulo tenta desestabilizar o nosso governo com ilações falsas. Hoje, sou o alvo de uma matéria que deturpa os fatos e traz denúncias vazias sobre nossa campanha em Minas Gerais", escreveu o ministro. A Folha de S.Paulo publicou, ontem, reportagem mostrando que Álvaro Antônio, deputado federal reeleito e que coordenou a campanha de Jair Bolsonaro em Minas, montou um esquema de candidatas laranjas no estado.

Abastecidas com R$ 279 mil dos fundos públicos eleitorais, quatro concorrentes do PSL tiveram votação irrisória -pouco mais de 2.000 votos- e declararam gastos com quatro empresas que são de assessores, parentes ou sócios de assessores do hoje ministro. "Reforço que a distribuição do Fundo Partidário do PSL cumpriu rigorosamente o que determina a lei. Todas as contratações da minha campanha foram aprovadas pela Justiça Eleitoral. É lamentável o desserviço prestado pelo jornal", acrescentou Álvaro Antônio, em suas redes.

A Folha de S.Paulo havia enviado nove perguntas específicas ao ministro, que respondeu apenas a parte delas, de forma genérica. Ele não se manifestou, por exemplo, sobre os critérios de escolha das quatro candidatas - que estão entre os 20 postulantes do PSL no país que mais receberam recursos públicos de campanha - e do alto valor de repasse de verbas a elas.

Sobre a contratação de empresas ligadas ao seu gabinete, afirmou que essa decisão é de responsabilidade das postulantes. A reportagem visitou as cidades de Ipatinga, Governador Valadares, Timóteo e Coronel Fabriciano, na região do Vale do Rio Doce, leste de Minas Gerais, e investigou as informações prestadas pelas quatro candidatas à Justiça Eleitoral. Dos R$ 279 mil repassados pelo PSL, ao menos R$ 85 mil foram parar oficialmente na conta de quatro empresas que são de funcionários, familiares ou sócios de funcionários do hoje auxiliar de Bolsonaro

Nesta segunda, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), criticou o ministro e cobrou manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do ministro da Justiça, Sergio Moro, sobre a denúncia. "Duplo crime na prática do partido de Bolsonaro: fraudar a cota de mulheres e desviar recursos do Fundo Partidário", afirmou Gleisi nas redes sociais. O PSOL também pediu uma posição do governo sobre o caso. "Enquanto não explicar com argumentos sólidos, ele deveria no mínimo ser afastado do cargo", disse o líder da legenda na Câmara, Ivan Valente (SP).  Segundo ele, o partido estuda entrar com ação no Conselho de Ética da Câmara para pedir a cassação de Álvaro Antônio, que também é deputado federal.
 
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