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15/01/2019 às 08h24min - Atualizada em 15/01/2019 às 08h24min

MP-RJ reforça ação de milícia no caso Marielle

AGÊNCIA BRASIL
O procurador-geral de Justiça do estado do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, disse não ter dúvidas de que o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes está relacionado a grupos de milicianos. Gussem discursou ontem ao ser reconduzido ao cargo para mais dois anos de mandato à frente do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.

"Não tenho dúvidas em afirmar que o caso Marielle e Anderson Gomes está relacionado a essas organizações criminosas", disse ele. O assassinato completa hoje dez meses e segue em investigação sigilosa na Polícia Civil e no próprio Ministério Público estadual.

Gussen afirmou que as milícias representam "uma forma perversa de plantar o terror e o medo na sociedade" e destacou que, quando confrontadas pelo aparato estatal, elas reagem "com severos ataques a bens públicos e ameaças a autoridades". O procurador-geral de Justiça lembrou ainda o ataque a tiros sofrido no domingo pela delegada e deputada estadual Martha Rocha (PDT), que não se feriu com os disparos contra seu carro, mas teve o motorista baleado. A parlamentar relatou ter sofrido ameaças de milicianos .

"Espero que o lamentável episódio ocorrido ontem [domingo] com a deputada estadual Martha Rocha não seja mais um capítulo dessa triste e grave história", disse.
 
DUAS LINHAS
 
Ao fim da cerimônia de recondução ao cargo, o procurador-geral de Justiça explicou que o Ministério Público Estadual e a Polícia Civil trabalham em duas linhas de investigação distintas no caso Marielle. Enquanto os promotores cruzam dados do caso com outros processos e organizações criminosas identificadas, a Polícia Civil se debruça sobre o crime de forma mais específica.

"Elas necessariamente não são divergentes, podem até ser convergentes. São linhas que, com o andar dessa análise, podem desembocar na mesma organização criminosa", disse ele, que ponderou que a investigação da Polícia Civil necessariamente vai passar pela avaliação do Ministério Público quando concluída.
O governador Wilson Witzel (PSC) disse que não teve acesso ao processo, que está em segredo de justiça, mas defendeu que uma resposta seja apresentada à sociedade rapidamente.
 
MARTHA ROCHA
 
A Delegacia de Homicídios (DH) do Rio de Janeiro já identificou um dos suspeitos de participar do ataque à deputada estadual Martha Rocha (PDT-RJ), cujo carro foi alvejado por criminosos, um deles com um fuzil, na manhã de domingo (13), na Penha, zona norte da cidade. O nome do suspeito não foi revelado para não atrapalhar as investigações. A polícia também realizou ontem uma perícia complementar no local para descobrir as circunstâncias do crime.
Para dar seguimento às apurações, equipes da DH investigam o suspeito, analisam imagens e estão em busca de outras câmeras de segurança que possam ajudar a confirmar a autoria do crime.

No domingo, um carro emparelhou com o Toyotta Corolla blindado da deputada, quando ela ia para a missa com sua mãe. Apesar da blindagem do automóvel, o motorista foi ferido na perna, atendido em um hospital e, em seguida, liberado.
 
A motivação do crime ainda não foi descoberta, mas o Disque Denúncia confirmou que a deputada Martha Rocha foi informada de três ameaças feitas a ela em novembro do ano passado.

“Numa dessas notícias estavam especificando que haveria um atentado contra mim em razão de uma decisão de um segmento da milícia. Ponderei [com as autoridades] que não me cabia pedir escolta, o que me cabia era solicitar uma análise de risco, ou seja, que a Polícia Civil me dissesse se aquelas notícias são, ou não, verdadeiras”, acrescentou Martha.

Em face desse histórico, o caso é analisado sob duas linhas de investigação: tentativa de roubo ao veículo blindado ou atentado pessoal. Para Martha Rocha, o episódio merece atenção independentemente da motivação. “Mesmo que, ao final [da investigação], se entenda que foi uma tentativa de roubo, eu quero ser a voz das pessoas que moram naquela região, porque não é admissível que às 9h15 da manhã de domingo tenha um carro circulando com, no mínimo, dois elementos, um deles vestido de preto, com luvas e touca ninja preta, portando um fuzil, para proceder roubos naquela localidade”, afirmou.
 
 
 
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