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03/01/2019 às 08h05min - Atualizada em 03/01/2019 às 08h05min

Zema quer abrir 'caixa-preta' das finanças

Governador prometeu ainda enxugar a máquina pública e quer renegociar dívida com governo federal

FOLHAPRESS
Romeu Zema durante a solenidade de posse, no dia 1º, na Assembleia Legislativa | Foto: Ricardo Barbosa/ALMG
Após tomar posse como governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) disse que vai gerir um estado com dificuldades financeiras. "O estado está literalmente falido. Temos que abrir a caixa-preta das finanças", afirmou. O novo governador pregou a união para lidar com o déficit. "A falta de austeridade nos últimos anos fez com que tenhamos uma previsão de déficit de R$ 30 bilhões em 2019."

Zema prometeu ainda enxugar a máquina pública. "Vamos acabar com o cabide de empregos e cargos por indicação política". Ele ressaltou ser necessário renegociar a dívida com o governo federal para colocar as contas em dia, atrair investimentos, cuidar da educação, segurança, saúde, fazer repasses para as prefeituras, criar empregos e pagar o salário do funcionalismo sem atraso.

Sua equipe conversa com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) sobre a renegociação de uma dívida de R$ 85 bilhões com a União, em troca de, por exemplo, não realizar concursos públicos e não dar ganhos reais aos servidores. "Precisaremos de ajustes, pois a conta da irresponsabilidade chegou. Encontramos um Estado falido e agora teremos que pagar a conta do passado", diz.

Na cerimônia de início de gestão do governador, na Cidade Administrativa, Zema afirmou que irá fazer um governo diferente, principalmente no que se refere aos recursos públicos. Neste momento, ele agradeceu a empresas que doaram alimentos para o evento. "A começar pela austeridade desta cerimônia. Aproveito para agradecer ao café Três Corações, aos Sucos Tial e a Forno de Minas, empresas mineiras que doaram o pão de queijo, o café e o suco, exemplificando assim a economia aos cofres públicos desde o primeiro ato deste governo", disse.

O estado vive uma grave crise fiscal e vem parcelando os salários do funcionalismo desde fevereiro de 2016. O governo Fernando Pimentel (PT) informou no dia 28 de dezembro que não iria pagar e nem anunciar parcelamento do 13° salário aos seus servidores públicos. Em nota, informou que o acerto será realizado somente neste ano.

Minas é o estado brasileiro cuja receita está mais comprometida com o pagamento do funcionalismo: quase 80% da receita líquida vai para gastos com pessoal. São 609 mil servidores no estado. "Passaremos por momentos difíceis e reformas administrativas e fiscais deverão ser levadas adiante", disse. Zema citou ainda o escritor mineiro Guimarães Rosa: "O que a vida exige da gente é coragem".

No plenário da Assembleia, Zema e o vice Paulo Brant (Novo) entregaram suas declarações de bens para o presidente da Casa, Adalclever Lopes (PMDB), que conduziu a cerimônia. O ex-governador Fernando Pimentel (PT) entregou o grande colar da Inconfidência, mas não ficou para o discurso de Zema. O novo governador desistiu de participar da posse de Jair Bolsonaro (PSL). O motivo alegado pela assessoria de Zema foi a falta de um voo de carreira que faça a tempo o percurso entre Belo Horizonte, onde tomou posse, e Brasília.

Zema poderia usar uma aeronave do estado, mas disse querer evitar gastos extras. Como de praxe, antes de se tornar governador e vice, Zema e Brant passaram pelos Dragões da Inconfidência da Polícia Militar, ao som da banda sinfônica do Corpo de Bombeiros. O governador chegou atrasado porque um temporal atingiu a capital mineira.
 
FERNANDO PIMENTEL
 
Após a cerimônia, Pimentel alfinetou Zema pelas redes sociais. "Chega-se ao governo quase sempre com a arrogância das verdades absolutas e a certeza das definições pré-concebidas. Certamente esse não foi o meu caso, porque quase 30 anos de vida pública me protegeram dessa ilusão", escreveu o petista no Facebook.

Na mensagem, o ex-governador disse que trabalhou por quatro anos de forma "incessante" e "com a consciência das limitações que o exercício democrático do poder impõe a quem desempenha a tarefa com compromisso ético e cidadão", afirmou. Pimentel afirmou ainda que governou Minas no momento mais difícil da história do estado. "Enfrentamos a maior crise econômica, política e institucional da nossa história. E em nenhum momento nos afastamos do nosso compromisso com a inclusão social, com a busca do desenvolvimento sustentável, com a justiça e com a solidariedade."

O ex-governador desejou "sorte e sucesso" ao mandato de Zema e terminou a sua mensagem com um trecho da Bíblia. "Combati o bom combate e guardei a minha fé."
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