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08/12/2018 às 08h26min - Atualizada em 08/12/2018 às 08h26min

Porque hoje também é dia de feira!

Mesmo com a facilidade do mundo moderno, uberlandense mantém tradição de ir às compras nas bancas

MARIELY DALMÔNICA
Nossos hábitos mudaram, passamos a comprar produtos pela internet, pedir uma pizza por telefone para comer em casa quando estamos cansados demais para sair ou fazer a janta, e até mesmo “fazer o mercado” sentado na frente do computador. Mas como resistir a uma visita às tradicionais feiras livres para comprar legumes frescos, um queijo curado, um doce da roça e (hum!!) comer um pastel frito na hora? Uberlândia é prova de que esse antigo costume ainda está bem enraizado na população, e em diferentes bairros da cidade.

A primeira feira livre de Uberlândia foi inaugurada em 1964, no Mercado Municipal. De terça-feira a domingo, 62 feiras são realizadas na cidade, 29 durante o dia e 33 no período noturno. Segundo Marlou Couto, diretor de fiscalização do município, Uberlândia acabou de instalar uma nova feira no bairro Jardim Karaíba, que diferente das tradicionais fica localizada em uma galeria de lojas.

Nas bancas é possível encontrar uma grande variação de produtos, como hortifrútis, salgados, peixes, doces, temperos, laticínios, farinha, produtos de utilidade doméstica, roupas, caldo de cana e, claro, o famoso pastel. Algumas até inovaram para deixar o cliente mais à vontade para as compras. “Hoje temos uma feirante que leva cama elástica para as crianças”, disse o diretor de fiscalização. 

Quem deseja abrir uma barraca nas feiras de Uberlândia precisa se submeter a um processo de licitação pública. “Estamos fechado um agora, que está aberto desde maio. Quando a gente detecta a necessidade de novas barracas, ela tem que ser suprida por licitação”, afirmou Couto. A última permissão expedida para feirantes pela Prefeitura teve a duração de seis anos, e a próxima será de dez anos. Segundo o diretor de fiscalização, nesse último edital, bancas que vendem sorvete e flores também foram incluídas. 

Para Couto, uma das finalidades da feira é regulamentar o mercado de produtos hortifrutigranjeiros. “O objetivo da feira não é só abastecer, onde a feira está, os preços baixam. Sem contar que é um lugar cultural”, afirmou Couto. 

FEIRANTES

O município tem 325 feirantes inscritos, um dele é Adair de Souza, que trabalha com frutas e verduras há 28 anos. “Faz muito tempo, nem lembro porque decidi abrir a banca, acho que foi a única opção na época. Mas o negócio foi crescendo e melhorando”, conta. 

Atualmente o feirante tem um funcionário para ajudá-lo nas vendas e na montagem da banca cinco dias na semana, nos bairros Martins, Aparecida, Santa Mônica e Santa Luzia. Na segunda-feira e na terça, Adair tira o dia para repor as mercadorias e descansar. 
Os hortifrútis que sobram na banca são doados pelo feirante. “Alguns alimentos são reaproveitados e sempre tem pessoas para pegar, gente que precisa mesmo”, disse Adair. 

No fim das feiras, a equipe de Coleta Pública do Município recolhe o lixo e faz a lavagem da rua. A fiscalização é diária e se for encontrado algum problema, a Vigilância Sanitária é acionada. “Em 2019 vamos iniciar um projeto voltado para a ambientalidade, para diminuir o lixo”, afirmou o diretor de fiscalização, Marlou Couto.


Adair é feirante há 28 anos e doa o que sobra na banca | Foto Mariely Dalmônica

TRADIÇÃO
Um trabalho em família


Gustavo cresceu vendo os pais trabalharem na feira e hoje vende doces e queijo | Foto Mariely Dalmônica

O trabalho em feira é geralmente compartilhado entre familiares, seja na mesma casa entre casais, ou uma profissão que passa de pai para filho.
Eliane Lourenço e o marido Nelimar Lourenço viram na feira uma oportunidade para trabalharem juntos, e não pensaram duas vezes para comprar uma banca que vende farinha e temperos. “Eu ajudei minha irmã em uma banca de pastel por quatro anos. Nem procuramos muito e compramos a nossa. E isso já tem 11 anos”, conta a feirante Eliane. 

Diferente de quem vende hortifrúti, Eliane não tem perda de nenhum produto. “A gente aproveita tudo aqui.” A banca de Eliane sempre está presente nos bairros Brasil, Martins, Dom Almir, Tibery e na tradicional feira da avenida Monsenhor Eduardo aos domingos. 
Gustavo Henrique cresceu vendo o pai, a mãe e a avó trabalharem em feiras. Hoje, o feirante vende queijos e doces na banca que era do pai até pouco tempo. “Me tornei o dono há dois anos, e tenho a ajuda da minha irmã duas vezes na semana.” Gustavo leva a banca em quatro feiras, tira as segundas para descansar e as terças para fazer os doces. 

Elismar Silva, representante comercial, é cliente fiel de Gustavo, e não deixa de ir à feira do bairro Martins às quintas. “Já tenho as bancas que sou bem atendido, então sempre procuro elas. No domingo vou na feira do Luizote ou da Monsenhor quando estou em Uberlândia.” 
Isabelle Borges, de 19 anos, trabalha há 10 anos com o pai Nilton Fernandes em uma banca de pastel. “Ele tinha uma banca de gairoba, ficou 12 anos com ela e decidiu trocar”, disse Isabelle. Para ela, os dias mais movimentados na banca de pastel são sábado e domingo. “Nós vamos no Tibery, Martins, Fundinho e na Monsenhor Eduardo.” 

Quando o publicitário Vitor Precioso lembra que é dia de feira, vai logo comprar um pastel para a família. “Vou sempre aos domingos, mas gostaria de ir com uma frequência maior. A feira do meu bairro [Canaã] fica na rua paralela à minha casa”, diz Vitor, que só não compra frutas e legumes porque os pais são donos de um sacolão.


Isabelle trabalha há 10 anos com o pai na banca de pastel | Foto Mariely Dalmônica


Eliane Lourenço e o marido Nelimar Lourenço têm uma banca que vende farinha e temperos | Foto Mariely Dalmônica

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