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27/10/2018 às 08h18min - Atualizada em 27/10/2018 às 08h18min

“Uma vitória de todas”, dizem deputadas eleitas

Áurea Carolina e Andréia de Jesus são as primeiras do PSOL mineiro na ALMG e na Câmara

MARIELY DALMÔNICA
Andréia de Jesus (E) foi eleita estadual e Áurea, federal | Foto: Mariely Dalmônica
Apesar da maior parte da população brasileira ser do sexo feminino (52% do eleitorado), quando o assunto é política o número de mulheres ainda não é predominante (15% do novo Congresso). O resultado das urnas do último dia 7, no entanto, mostra que elas estão no caminho para reduzir essa diferença na representatividade. Pela primeira vez em Minas Gerais, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) terá representantes na Assembleia Legislativa do Estado e na bancada mineira da Câmara dos Deputados. E a novidade é que as duas vagas foram conquistadas por mulheres. Áurea Carolina de Freitas foi eleita deputada federal e Andréia de Jesus, como deputada estadual.

As duas vieram a Uberlândia na tarde de ontem para se reunir com um coletivo de advogados, visitar ocupações da cidade, participar de um ato em defesa da democracia e comemorar a conquista do partido e das Muitas, movimento que visa ocupar a política dando voz às lutas populares. “Sabemos que essa vitória é de todas. Estamos falando de uma democracia em construção e já fazendo planos. Essa cidade [Uberlândia] contribuiu tanto para a nossa eleição e pode também contribuir nesse mandato coletivo”, disse Andreia.

ÁUREA 

Antes de se candidatar para o cargo de deputada federal, Áurea Carolina, nascida em Belo Horizonte, foi eleita vereadora da capital em 2016. Junto com a vereadora Cida Falabella e a primeira suplente Bella Gonçalves, que vai assumir o lugar de Áurea a partir de 2019, criou o Gabinetona, como é chamado o mandato coletivo dentro do partido.

Áurea foi eleita deputada federal por Minas com mais de 162 mil votos, sendo a mulher mais bem votada do Estado. “Esse resultado é uma felicidade muito grande, porque mostra uma capacidade de levar as nossas lutas para que elas tenham alcance. Nossa campanha foi feita com poucos recursos e com muitos voluntários, em um cenário muito desfavorável, de avanços de forças de direita, conservadoras, que estão atacando nossos direitos”, disse Áurea.

Para a eleita, ocupar o sistema político é uma questão de luta e de representatividade. “A gente já vem de uma trajetória de nunca ter perdido conexão com o chão da luta. Eu vejo um chamado ainda maior ao trabalho, a gente vai precisar se cuidar e se proteger, porque o contraponto que vamos representar vai chamar muita atenção”, afirmou Áurea. 

A deputada eleita se interessou pela política na adolescência, quando foi ativista da cultura Hip Hop e teve acesso a diferentes movimentos sociais, como coletivos feministas e antirracistas. “Na universidade cursei Ciências Sociais e consegui me conectar com uma rede mais ampla de resistência. Também fui uma das fundadoras do Fórum da Juventude da Grande BH e nos últimos anos cheguei à conclusão, junto com várias aliadas, que era importante a minha candidatura nesse processo coletivo das Muitas, para a gente ter uma ocupação institucional, para fortalecer as lutas e para trazer as nossas reivindicações”, disse.

ANDRÉIA 

Na primeira vez que Andréia disputou uma eleição foi eleita com pouco mais de 17 mil votos como deputada estadual. “Meu sentimento foi de muita surpresa, embora tenha assumido a tarefa com muita responsabilidade, confesso que foi algo que me surpreendeu, pelo lugar social que eu ocupo e pelos desafios que foi construir uma campanha longe dos espaços de poder, afinal, moramos em uma Região Metropolitana. Emociona ver o tamanho da confiança que as pessoas têm em mim. Não era só ganhar as eleições, é levar o nome de mulheres e sujeitos que nunca ocuparam esse lugar”, afirmou Andréia. 

Andréia nasceu em Venda Nova, distrito de Belo Horizonte, e se mudou para Ribeirão das Neves quando ainda era criança. Ela também começou a trajetória política na adolescência, quando passou a frequentar espaço como sindicatos e entender de desigualdade social. “Forjei’ um pré-vestibular comunitário, e nós começamos a estudar em Ribeirão das Neves, comecei a questionar o sistema, discutir cotas, foi aí que consegui uma bolsa no Prouni [Programa Universidade Para Todos] e comecei a cursar Direito”, disse Andréia. 

Depois que se formou, a eleita se aproximou ainda mais da luta das ocupações urbanas e das pessoas privadas de liberdade. “Comecei a fazer estágio com advogadas que acompanhavam a luta fundiária e cheguei até a Gabinetona, onde fui assessora parlamentar. Lá, os coletivos entenderam que eu poderia disputar as eleições a partir das minhas pautas e vivências, foi quando me filiei ao PSOL, há um ano”, afirmou Andréia.
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