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18/10/2018 às 10h17min - Atualizada em 18/10/2018 às 10h17min

Conectados com a realidade nua e crua

Banda Armada traz remanescentes do Blind Pigs em “Bandeira Negra”, disco de estreia que reúne grandes nomes da música

ADREANA OLIVEIRA
Armada é: Arnaldo Rogano, Mauro Tracco, Henrike Baliú, Gicardo Galano e Alexandre Galindo | Foto: Cristiano Martins/Divulgação
A banda de punk rock Blind Pigs (SP) marcou uma geração. Por mais de duas décadas retratou a realidade de uma cena que ajudaram a criar. Em 2016 veio o fim. E mesmo que reste um pouco de nostalgia e que seja um grande clichê, todo fim representa um novo começo. E esse novo começo para Henrike Baliú (voz), Alexandre Galindo (guitarra), Mauro Tracco (baixo) e Arnaldo Rogano (bateria) tem nome: Armada. Os remanescentes da Blind Pigs se juntaram ao guitarrista Ricardo Galano, da banda Não Há Mais Volta e em pouco menos de dois anos lançaram “Bandeira Negra” (2018, HBB Records), disponível em vinil, fita K7, CD e plataformas digitais.

O álbum tem produção de Átila Ardanuy e traz 17 músicas muito bem gravadas e com letras atemporais, inclusive, algumas delas parecem ter sido compostas para situações que vivemos nas últimas semanas. O vocalista Henrike Baliú conversou com o Diário de Uberlândia sobre esse novo projeto e suas perspectivas. Ele explica que apesar da Armada contar com quatro ex-integrantes do Blind Pigs, é uma banda totalmente diferente.

“O Blind Pigs fazia músicas para os fãs, enquanto na Armada, fazemos músicas para nós mesmos. Ouvimos muitas coisas diferentes, de Johnny Cash a Bezerra da Silva, e queremos trazer isso para a Armada, mas sempre mantendo o espírito do punk rock”, disse o músico.

Entre as 17 canções do álbum, “Eterno Marujo” era uma música que o baixista Mauro Tracco, nosso baixista, já tinha composto, e “Mares Bravios” é uma composição do guitarrista Ricardo Galano e Johnny Monster.

“Quando o Galano tocou ‘Mares Bravios’ para mim no violão um dia aqui em casa, falei: ‘cara, liga pro Johnny e avisa ele que vamos gravar esse som’. Todas as outras 15 foram compostas para o disco, em questão de meses”, contou Henrike.
São várias as participações ilustres no disco. A reportagem destaca Sérgio Reis em “Próxima Estação” e Kiko Zambianchi em “Cobra Criada”. Cada um de uma vertente e geração diferente, enriqueceu, a seu modo, a música escolhida para cantarem com Henrike.

“A Armada vai além dos três acordes do punk e dá para ver bem isso na música ‘Próxima Estação’. Gravar Sérgio Reis, o Rei do Sertanejo, foi uma coisa incrível, ele colocou a alma dele na música. Foi um dos pontos altos da minha carreira. O Kiko é o meu sogro (Henrike é casado com a jornalista e produtora Paola Zambianchi) e foi ele quem adaptou o samba ‘Cobra Criada’, originalmente gravado pelo Bezerra da Silva, para o punk rock. Ver a facilidade que ele teve para cantar essa música no estúdio me mostrou como ele realmente sabe o que faz. Mas é isso, queríamos fugir do óbvio em questão de participações, e creio que conseguimos”.

Vivemos um momento muito conturbado em nosso País, na política, na economia e no campo sociocultural. Como artista e como cidadão Henrike sempre esteve ligado a essas questões e passa isso para suas composições. Existe sim uma certa utopia em “Um só refrão”, que fecha o disco. Uma música que fala de um Brasil com diferentes riquezas e belezas em cada região e no companheirismo daquele que é capaz de parar para ajudar um amigo que encalhou em uma maré de azar.

Há também a paranoia em “Tirania” que fala de um Brasil que “já nasceu velho demais”. Para Henrike está cada vez mais difícil vislumbrar esse povo cantando um só refrão. “Vejo as pessoas se tornando cada vez mais radicais, e não só na política. A música ‘O ódio venceu’ sintetiza bem o que pensamos sobre isso. E não acho que seja um fenômeno brasileiro, vejo acontecer no mundo inteiro”, comentou.

AGENDA
A Armada fez um show de lançamento em São Paulo para marcar o lançamento de “Bandeira Negra”. Porém, como todos os integrantes têm atividades paralelas à banda fica difícil manter uma agenda regular de shows, porém, não é algo a se descartar. “O show da Armada em São Paulo foi incrível. Superou todas as nossas expectativas. Casa cheia, com muitos fãs do extinto Blind Pigs, mas também com muitas caras novas na plateia. Não podemos tocar ao vivo com a frequência que gostaríamos, porque todos nós temos outros compromissos além da Armada, mas esperamos jogar âncora em várias cidades em breve”, finalizou Henrike.

Para ouvir ou adquirir o álbum acesse: hbbrecords.com
 
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