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17/10/2018 às 08h06min - Atualizada em 17/10/2018 às 08h06min

Mãe viaja 2,3 mil km para ver filho agredido

Funcionário de supermercado confundido com outra pessoa ainda se recupera de agressões

MARIELY DALMÔNICA
Rosivan recebeu a visita da mãe, Maria Inês, que quer levá-lo para a terra natal, no Pará | Foto: Mariely Dalmônica
Maria Inês Pinheiro, mãe de Rosivan Pinheiro, o jovem de 21 anos que foi agredido no dia 8 de outubro na porta do supermercado em que trabalha, no Centro da cidade, viajou cerca de 2.300 km para cuidar dele. Depois de mais de 30 horas de estrada, ela chegou a Uberlândia no sábado (13) e está ao lado do filho neste momento de recuperação física e psicológica. Na tarde de ontem, a reportagem esteve na sua casa, na região central, onde o paraense vive com um casal de amigos, Elaine Silva e Douglas Silvestre.

A campainha parecia não funcionar e por telefone Rosivan deu autorização para a entrada do Diário. A mãe já aguardava a entrevista e ele, que estava deitado se sentou ao sofá. A reclamação não era mais tanto da dor, mas como para a maioria dos uberlandenses o problema nestes dias está no calor. Rosivan ainda apresenta sinas da violência. Os olhos têm uma mancha vermelha, a orelha direita tem pontos e as marcas dos tiros, no ombro direito e na perna esquerda, ainda estão cicatrizando. Os dois suspeitos de agredir o jovem são de São Paulo e estão presos preventivamente em Uberlândia, desde o dia da agressão.

Dona Maria se diz aliviada de enfim estar ao lado do filho. Naquele dia, ao saber da situação de Rosivan, o sentimento que a dominava era de desespero e impotência. Ela é lavradora e mora em Primavera, cidade com pouco mais de 10 mil habitantes, no estado do Pará. Foi uma vizinha que trouxe a notícia que Rosivan havia sido agredido e baleado. “Quando me disseram, fui para dentro do quarto chorar. Foi um susto mesmo, fiquei desesperada, sem saber o que fazer, porque não tinha dinheiro para vir”, disse Maria Inês.

A longa viagem só foi possível com a ajuda financeira dos donos do supermercado onde Rosivan trabalha como repositor. “Cheguei sábado às 4 horas da madrugada. Eu queria que ele fosse para casa comigo, porque se for para voltar sem ele, não aceito. Nem que ele vá e volte para cá depois que melhorar”, afirmou a mãe. Rosivan se mudou de Primavera para Uberlândia há um ano e três meses em busca de emprego e de uma vida melhor. “Lá não tinha muitas opções, aqui existem mais possibilidade de crescer”, contou.

Depois da agressão, o jovem está há nove dias de repouso e foi afastado por tempo indeterminado do trabalho. “O susto foi grande. Todo dia chego lá por volta das 5h30 e fico esperando o gerente abrir a loja para bater o ponto e começar a trabalhar. Eu estava lá sentado e eles chegaram me dando pontapés. Eu fiquei desacordado e a Maria, que trabalha comigo, chamou os bombeiros. Dei entrada umas 7 horas e 17 horas e pouco, saí. Foi muito rápido, todo mundo assustou”, disse.

Enquanto se recupera, Rosivan está decidindo se vai passar uns dias com a mãe na cidade natal, ou se continuará em Uberlândia. “Tenho que voltar no médico segunda para saber quanto tempo mais vou ter de afastamento”, disse Rosivan, que recebeu ajuda de clientes do supermercado e de moradores de Primavera, no Pará.

Passada uma semana da agressão, o jovem agradece a Deus por estar vivo. “Também tenho que agradecer a todos que me ajudaram, até mesmo com orações. De segunda-feira para cá estou melhor. No dia não conseguia falar nada, não abria o olho, mas hoje estou bem”, afirmou Rosivan.
 
ENTENDA O CASO
 
Rosivan é funcionário de um supermercado localizado no Centro de Uberlândia e foi agredido e baleado na porta do trabalho na manhã do dia 8 de outubro. De acordo com a Polícia Militar (PM), dois suspeitos, de 32 e 34 anos, surpreenderam a vítima e a atacaram após confundi-la com outra pessoa.

Ainda segundo a PM, os suspeitos estavam em uma casa noturna na noite anterior e se desentenderam com outra pessoa. Na manhã seguinte, os dois voltaram ao local, que fica em cima do supermercado, e visualizaram a vítima, que tinha características físicas semelhantes ao homem que os havia agredido.

Segundo uma testemunha, que também trabalhava com o jovem, os dois suspeitos chegaram em uma caminhonete e atingiram o jovem com dois disparos de arma de fogo, no ombro direito e um na coxa esquerda, após agredi-lo. A vítima foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros, encaminhada à Unidade de Atendimento Integrado (UAI) do bairro Tibery e depois levada ao Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU). Além dos tiros, o jovem foi atingido por socos e chutes e teve traumatismo craniano. Segundo a assessoria do hospital, o jovem recebeu alta cerca de 11 horas após ser atendido.

Os suspeitos fugiram do local, mas foram acompanhados pelo sistema de videomonitoramento e abordados pela PM na BR-050, próximo a um posto de combustíveis. Ambos estão presos preventivamente.
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