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20/09/2018 às 07h47min - Atualizada em 20/09/2018 às 07h47min

159 animais selvagens são capturados em três meses

Desmatamento e incêndios florestais forçam a migração para a cidade

MARIELY DALMÔNICA
Tamanduá fêmea atropelada foi resgatada na terça-feira junto com filhote em estrada vicinal | Foto: PMMA/Divulgação
Mais de 150 animais silvestres foram resgatados pela Polícia Militar de Meio Ambiente (PMMA) no perímetro urbano de Uberlândia entre junho e agosto deste ano. O caso mais recente foi registrado na última terça-feira (18), quando um tamanduá fêmea e seu filhote foram encontrados atropelados em uma estrada vicinal no Município. Segundo especialistas, desmatamentos e incêndios são os principais motivos que têm levado animais a migrarem para a cidade. Segundo a PMMA, 46 animais foram resgatados em junho, 58, em julho, e 55, em agosto. O número é alto, mas é comum nesta época do ano, de acordo com tenente Patrício Ferreira, comandante do pelotão de Meio Ambiente. O total de animais resgatado neste ano não foi informado.

“As espécies mais encontradas são o gambá e algumas aves, como a maritaca, uma espécie comum em nossa região. Na maioria das vezes são filhotes que caem do ninho e se machucam. Tamanduás também aparecem”, disse.
No dia 5 deste mês, um lobo-guará foi capturado no Centro de Uberlândia. O animal é uma fêmea que pesa aproximadamente 24 kg e foi encontrado dentro de um estacionamento particular de veículos. Ela foi encaminhada ao Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (Lapas) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e foi devolvida ao seu habitat natural no outro dia. “Não é comum encontrar lobo-guará, mas acontece pelo menos uma vez ao ano”, disse o tenente.

Segundo André Quagliatto, do Lapas, a unidade recebe diversos animais resgatados pela PMMA. “Estamos com oito tamanduás, a maioria é filhote órfão que a mãe foi atropelada e morreu. Também temos micos, um macaco bugio, gambás e diversas aves. Agora está começando a época de reprodução, vários animais são pegos nos ninhos e depois apreendidos pela polícia”, disse o veterinário.
O Lapas também resgata e recebe animais silvestres capturados por civis. Segundo a unidade, dos dias 3 a 19 deste mês, foram 73 animais atendidos, sendo 58 aves, 13 mamíferos e dois répteis. Do total, 38 ocorrências foram registradas só nesta semana.
 
CAUSAS
 
Os maiores causadores de fuga de animais silvestres para a zona urbana são incêndios e desmatamento. “Aqui na região tem pouca vegetação nativa e isso faz com que esses animais percam o habitat. Eles precisam de água e alimento e saem em busca disso. Essa é a razão primordial, mas também acontecem muitas queimadas nessa época do ano”, disse o tenente Ferreira. Lixões ao ar livre também chamam a atenção dos animais, que, ao saírem da zona rural em busca de alimento, acabam correndo o risco de atropelamento em rodovias ou dentro da cidade.



Ainda segundo o comandante, é necessário entrar em contato com as autoridades ao ver animais silvestres na zona urbana. “A população não deve se aproximar, principalmente se for um animal de porte médio como um lobo-guará. É necessário ligar para a Polícia de Meio Ambiente ou até mesmo para os Bombeiros. Nós vamos fazer a captura e a contenção desse animal e levá-lo ao hospital da UFU”, afirmou o Tenente.
Se os animais não precisarem de tratamento, eles serão levados para o habitat natural em poucos dias, mas, se houver necessidade de alguma intervenção médica, a PMMA aguarda a liberação dos veterinários para fazer a reinserção da espécie no local adequado.
 
ÚLTIMO CASO
 
Na última terça-feira (18), um tamanduá fêmea e um filhote foram resgatados pela PMMA. A fêmea foi atropelada em uma estrada vicinal do assentamento Nova Tangará. Os dois animais foram transportados para o Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (Lapas) do Hospital Veterinário da UFU para receberem cuidados.
De acordo com André Quagliatto, o filhote está bem e a mãe, que foi atingida na cabeça, está em tratamento. “Ela ainda corre risco, mas só de ter resistido já é um bom sinal. A nossa ideia é mandar os dois logo para a natureza, mas vai depender da evolução do estado de saúde da mãe. Ela pode ficar bem rapidamente ou pode acontecer que fique em tratamento muito tempo, como a última que recebemos, que ficou no hospital por dois meses”, disse.
 
NÚMEROS ANIMAIS SILVESTRES
 
Resgates PM de Meio Ambiente
159 de junho a agosto
46 em junho
58 em julho
55 em agosto
 
Lapas UFU
73 animais silvestres atendidos só em setembro
58 aves
13 mamíferos
2 répteis
 
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