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04/07/2018 às 15h47min - Atualizada em 04/07/2018 às 15h47min

MPMG investiga relação de Aécio com negócios de grupo de comunicação

Suspeita de desvio de recursos públicos e pagamento de propina está sendo apurada

FOLHAPRESS | BELO HORIZONTE
Senador Aécio Neves pode ter sido beneficiado com desvio de verbas, aponta a PGR (JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO)
O Ministério Público de Minas Gerais instaurou um inquérito para investigar se recursos públicos do estado foram usados em negócios do Grupo Bel, de comunicação. Por ter como alvo o senador Aécio Neves (PSDB-MG), a apuração partiu da Procuradoria-Geral da República e foi autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em outubro passado.

O ministro do STF Marco Aurélio determinou que a investigação fosse desmembrada e enviada a Minas Gerais, pois também envolve a irmã de Aécio, Andrea Neves, e Flávio Carneiro, do Grupo Bel, que não têm foro privilegiado.

A suspeita de desvio de recursos públicos e pagamento de propina está sendo apurada pela Polícia Federal de Minas Gerais. Ao mesmo tempo, o promotor Eduardo Nepomuceno, da 17ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público, instaurou no último dia 22 um inquérito civil para investigar se houve dano ao erário, enriquecimento ilícito e improbidade administrativa.

Os documentos enviados pela Procuradoria-Geral da República pedem uma investigação a respeito da desapropriação de um terreno pertencente a uma rádio do Grupo Bel em 2013, quando o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) era governador. O local foi usado para a construção de uma área integrada de segurança pública, e o estado depositou R$ 1,09 milhão como indenização, mas o caso está no Justiça até hoje.

A suspeita é que a verba tenha sido repassada ao Grupo Bel para viabilizar a compra do jornal mineiro Hoje em Dia com o objetivo de favorecer Aécio na eleição de 2014. Segundo a delação do empresário Joesley Batista, Carneiro era aliado do senador.

Ainda em relação à compra do jornal Hoje em Dia pelo Grupo Bel em 2013, a Procuradoria-Geral da República investiga se um pagamento de R$ 2 milhões da construtora Andrade Gutierrez à Ediminas, que edita o jornal, teria sido desviado para Aécio.

Em delação premiada, Joesley disse que, para saldar dívidas de campanha de Aécio, comprou um prédio superfaturado do Hoje em Dia por R$ 17 milhões. Em 2016, o diário foi novamente vendido, e hoje pertence ao ex-prefeito de Montes Claros Ruy Muniz (PSB).

OUTRO LADO

A defesa de Aécio diz que as denúncias são infundadas e vindas de adversários políticos. Em nota, afirma ainda que é importante que o Ministério Público investigue o assunto para que fique comprovada a denunciação caluniosa daqueles que querem fraudar a Justiça e a opinião pública. 

A defesa de Andrea Neves afirma que: "a falsa acusação não vem acompanhada de nenhuma evidência, comprovando o objetivo político e a deliberada má-fé de quem fez a denúncia". "Lamentavelmente, a verdade, quando demonstrada ao final da investigação, não será capaz de repor os danos causados pelas falsas suspeitas", completa. 

A assessoria do Grupo Bel afirma que não houve dinheiro do estado na compra do jornal Hoje em Dia e que a compra não serviu aos interesses de Aécio. Também diz que o repasse da Andrade se refere a publicidade que foi efetivamente veiculada.

"Essas acusações têm um viés claramente político sem a menor conexão com a realidade. Todos os esclarecimentos estão sendo prestados às autoridades competentes, acreditando que, ao final, os responsáveis pelas afirmações serão devidamente responsabilizados", diz a nota, que representa também a defesa de Carneiro.
O senador Antonio Anastasia, que é pré-candidato ao governo de Minas, não é alvo do inquérito, mas é citado por ter sido governador à época da desapropriação. Segundo sua assessoria, a desapropriação é regular e o tucano defende a investigação caso existam dúvidas.
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