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05/06/2018 às 10h20min - Atualizada em 05/06/2018 às 10h20min

50 crianças e jovens têm aulas de BMX, jiu-jitsu e frisbee

Aulas gratuitas são ministradas por profissionais na ONG Ação Moradia

NÚBIA MOTA | REPÓRTER
Daqui a 2 anos, nas próximas Olimpíadas, em Tóquio, entre as novas modalidades de esporte está o estilo livre do ciclismo BMX. E aqui em Uberlândia, em uma quadra simples da ONG Ação Moradia, no bairro Morumbi, periferia da cidade, as manobras radicais sobre a bicicleta começam a ser desenhadas por crianças e adolescentes que já pensando no futuro e em serem atletas olímpicos. O sonho é possível graças ao Projeto Esporte & Liberdade, do Instituto Saúde e Equilíbrio, idealizado pelo esportista Clóvison Elberth Alves, o Clovin, com o patrocínio da ITV Urbanismo. 
No lugar de ficarem na rua ou em casa sozinhos, 50 meninos e meninas participam das oficinas, que incluem ainda frisbee e jiu-jitsu. As aulas acontecem em períodos extracurriculares, durante a semana e aos sábados, e tem levado muita motivação para a garotada. “Esse projeto é de grande importância, principalmente nessa região do Dom Almir e Morumbi. É uma possibilidade de tirar essas crianças da marginalidade. Eu comecei no BMX com 13 anos, hoje tenho 41. Perdi muito amigos de infância para a criminalidade. Todo esporte ajuda a criar disciplina e metas na nossa vida”, disse o professor de BMX no projeto, Gilberto José Ribeiro, mais conhecido como Beto Biker’s.
Assim como vai ser nas Olimpíadas, as aulas de BMX no Ação Moradia não são só para homens. Amanda Pereira tem apenas 10 anos e já se equilibra e faz manobras radicais em cima da bicicleta adaptada e cedida pelo projeto. Ela também é aluna de frisbee e conta que aprendeu a jogar o disco de duas formas, porque a modalidade também tem regras, apesar de ser autoarbitrada e até a década de 60 ter sido considerada apenas como uma brincadeira. “Na bike, também já aprendi muitas manobras e quero ficar no nível dos professores”, disse a menina. O colega dela, Gustavo Pereira, de 14 anos, disse que as aulas de BMX têm levado crescimento para sua vida pessoal. “Eu só sabia andar mais ou menos de bike e agora estou até aprendendo a fazer manobra. Nunca pensei que eu ia fazer isso. Esse projeto vai ajudar muito a gente, porque é melhor eu vir aqui do que ficar na rua fazendo coisa errada”, afirmou o aluno.  
Segundo Clovin, que está no BMX há 31 anos e é idealizador do projeto, o esporte traz autoestima e a sensação de ser capaz. “O BMX, especificamente, te permite ser radical, ser um doidão correto e exige muita disciplina para poder aprender. Desenvolve perseverança e paciência, que são conceitos válidos para a vida”, disse.
 
Professor se emociona em falar sobre os alunos
 
Henryque de Barbosa, de 13 anos, exibe com orgulho o quimono azul que ele ganhou para frequentar as oficinas de jiu-jitsu na Ação Moradia, ministradas pelo professor Alessandre Ribeiro, o Didi . Ele mal começou as aulas e já sonha com a faixa preta. “A gente aprende a se defender e eu não fico sozinho em casa, porque meu pai fica preocupado. Eu comecei a fazer taekwondo, mas não deu pra continuar. Agora eu quero ir até o fim”, disse Henryque.
O professor Didi é faixa preta em jiu-jitsu e se emociona em participar, pela primeira vez, de um projeto social como esse, ensinando um esporte que o proporcionou novas vivências para crianças da periferia. “Eu vim de baixo igual a eles e pude viajar para lugares que não conhecia e ficar perto de grandes lutadores conhecidos mundialmente. É muito emocionante.  Agradeço em nome de todas essas crianças o patrocínio, porque um quimono é muito caro e elas não teriam como pagar as aulas”, disse o professor.
Leandro Carneiro, acionista da ITV Urbanismo e responsável pelos projetos sociais da empresa, fala da importância do esporte e a motivação dele, como cidadão, em apoiar o projeto. “O que é muito legal, é que provavelmente essas crianças não teriam acesso a esses esportes se não fosse o projeto, porque não são esportes convencionais e sua prática tem um certo custo. Eu fico muito feliz com a parceria junto a Ação Moradia e ver o impacto e o engajamento das crianças com o projeto. Isso demonstra que os recursos estão sendo muito bem utilizados”, disse Leandro.
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