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22/05/2018 às 18h44min - Atualizada em 22/05/2018 às 18h44min

Motoristas de aplicativo e taxistas aderem a protestos pelo preço dos combustíveis

Manifestantes fizeram buzinaço pelo centro de Uberlândia e se uniram a caminhoneiros em frente à Petrobras

MARIELY DALMÔNICA | REPÓRTER
Manifestantes se reuniram em frente ao Teatro Municipal, na avenida Rondon Pacheco | Foto: Mariely Dalmônica
 
Protestos contra o preço dos combustíveis não ficaram apenas nas rodovias. Hoje (22), motoristas de aplicativos e taxistas se uniram em manifestação contra o valor e a política de preços dos combustíveis no País. Manifestantes saíram do Teatro Municipal, fizeram buzinaço pelo centro da cidade e se encontraram com caminhoneiros, que desde ontem fazem protesto, e foram até a Petrobras.

Minas Gerais é o estado com o maior número de pontos de protesto e bloqueios. Caminhoneiros de 20 estados do País aderiram à manifestação pedindo mudanças na política de reajuste da Petrobras.

Roque de Moraes, presidente do Sindicato dos Condutores Autônomos de Veículos Táxi de Uberlândia (Sindcavtu), contou que os profissionais da cidade estão acompanhando a insatisfação que ganhou o país. “Estamos todos unidos nessa luta junto aos caminhoneiros. Dependemos disso para trabalhar”, disse Moraes.

Antes de saírem em direção ao centro, os manifestantes fecharam parcialmente a avenida Rondon Pacheco com os carros que utilizam para trabalhar. Frases como “Contra o aumento da gasolina!” foram escritas nos vidros dos automóveis.

Tiago Paiva é motorista de aplicativo e acompanhou o protesto pela cidade. “Somos trabalhadores indignados. A gasolina está chegando a R$5 em alguns postos, não podemos aceitar isso”, afirmou o motorista.

CAMINHONEIROS

O movimento de motoristas de caminhões em nível nacional chegou à região e foi registrado em Uberlândia, Araguari e Monte Alegre de Minas. Na segunda-feira (21) houve bloqueios nas BR-050 e na BR-365. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que a rodovia não foi fechada para carros de passeio, ônibus ou transportadores que levavam cargas vivas ou perecíveis. As paralisações foram convocadas pela Associação Brasileira de Caminhoneiros (ABCam) e pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA).

Entre os pedidos estão a redução a zero da carga tributária sobre operações com óleo diesel e a isenção da contribuição de intervenção no domínio econômico. Além disso, a Associação informou que o “aumento constante do preço nas refinarias e dos impostos que recaem sobre o óleo diesel tornou a situação insustentável para o transportador autônomo. Além da correção quase diária dos preços dos combustíveis realizada pela Petrobrás, que dificulta a previsão dos custos por parte do transportador, os tributos PIS/Cofins, majorados em meados de 2017, com o argumento de serem necessários para compensar as dificuldades fiscais do governo, são o grande empecilho para manter o valor do frete em níveis satisfatórios”.
 
DINÂMICA

Governo deve mudar política de preços

O governo nunca considerou mudar a política da Petrobras de reajuste de preços dos combustíveis, afirmou hoje o presidente da Petrobras, Pedro Parente, ao sair de reunião com os ministros da Fazenda, Eduardo Guardia, e de Minas e Energia, Moreira Franco, em Brasília, no Ministério da Fazenda.

“Fui convidado para a reunião. Na abertura da reunião, foi logo esclarecido que de maneira nenhuma o objetivo seria o governo pedir qualquer mudança na política de preços da Petrobras”, disse, informando que os reajustes estão relacionados aos preços internacionais e ao câmbio.

Segundo Parente, o objetivo é dar informações sobre a dinâmica de mercado. Perguntado se a redução dos preços da gasolina e do diesel, anunciada pela empresa, foi feita por pressão política, Parente explicou que a decisão foi tomada em função da queda do dólar ontem (21).

“A redução de hoje é simples de entender: houve uma redução importante de câmbio. É a prova de que essa política tanto funciona na direção de subir os preços quanto de cair os preços. O Banco Central interveio com mais intensidade no mercado ontem, houve uma redução de câmbio e isso foi refletido no preço de hoje”, disse.

Com reforço da intervenção do Banco Central no mercado, o dólar comercial encerrou o pregão de ontem em queda de 1,35%, cotado a R$ 3,689. O resultado ocorre após seis altas consecutivas da moeda norte-americana frente ao real. Ao longo da semana passada, o dólar se valorizou 3,85% e chegou a valer mais de R$ 3,74 na sexta-feira (18).

Parente evitou falar sobre eventuais medidas que o governo possa adotar para reduzir os preços dos combustíveis, como mudanças na tributação. “O governo está preocupado com os preços e está procurando ver o que, no nível deles, pode ser feito”, disse. Ele acrescentou que o assunto é de responsabilidade do governo. “Sobre esses temas da alçada do governo, só as autoridades do governo têm que falar”, afirmou, ao deixar o Ministério da Fazenda.
 
POLÍTICA

Governo quer zerar cobrança do Cide

Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), anunciaram hoje que o governo irá zerar a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), imposto sobre o diesel e a gasolina. Também afirmaram que a arrecadação que for conseguida com a reoneração da folha de pagamento será utilizada para reduzir o preço do diesel.

"E estamos trabalhando junto com o governo, já tivemos reunião com o ministro [da Fazenda] Guardia, para zerar a Cide do diesel e da gasolina para que a gente possa minimizar os efeitos do aumento dos combustíveis na vida de vocês", afirmou Maia em vídeo gravado junto a Eunício.

A menos de cinco meses das eleições, os dois haviam anunciado na segunda-feira (21) uma comissão geral conjunta no dia 30 de maio para discutir e mediar soluções para os sucessivos aumentos nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha.

Maia é pré-candidato à Presidência da República e Eunício disputará a reeleição ao Senado. O presidente da Câmara havia afirmado anteriormente que os recursos da reoneração da folha -projeto que está parado na Câmara porque não há acordo para votá-lo- iriam para a segurança pública, tema central de sua campanha.
 
OUTRO MUNDO

Europa avança planos para banir o diesel

Enquanto caminhoneiros do Brasil protestam contra a alta do preço do diesel, cidades da Europa aumentam o veto a veículos movidos por este combustível, com o objetivo de diminuir a poluição do ar.

O caso mais recente é de Hamburgo, na Alemanha. Na semana passada, a cidade começou a instalar placas que proíbem a circulação de automóveis com motores diesel mais antigos em duas vias da cidade. A multa para quem burlar a regra pode chegar a € 75 (R$ 323).

A medida foi tomada depois que a Comissão Europeia apontou que o nível de poluição em grandes cidades alemãs, incluindo Munique e Stuttgart, estava acima do permitido.

Outras cidades do continente anunciaram planos na mesma direção. Copenhague, na Dinamarca, pretende proibir a partir de 2019 a circulação de carros a diesel comprados de 2018 em diante. "Poluir o ar dos outros não é um direito humano", disse o prefeito Frank Jensen, ao jornal Politiken.

Madri, na Espanha, planeja restringir o acesso dos carros a boa parte de sua área central até 2020. Paris, na França, quer banir todos os veículos poluentes até 2030 e reservar algumas ruas apenas para a circulação de automóveis elétricos.

Em sua área central, Londres restringe veículos pesados com mais de 12 anos de licenciamento, entre outros. A fiscalização é feita por meio de radares. Entrar nesta zona dirigindo um modelo fora do padrão permitido gera uma taxa de até 200 libras (R$ 985) por dia. Em 2019, a capital inglesa planeja apertar as regras e barrar também modelos mais recentes, como caminhões com motor abaixo do padrão euro 5.

As restrições nas grandes cidades são o primeiro passo para que os países atinjam a meta de abandonar combustíveis fósseis nas próximas décadas. Assim, há testes também nas estradas. Nos EUA, a Tesla lançou o protótipo de um caminhão elétrico no ano passado. Na Suécia, um trecho de 2 km de estrada recebeu em abril um trilho capaz de enviar energia a carros e caminhões que se enganchem nele. A tecnologia é similar à dos trens do metrô. O país quer se livrar dos combustíveis fósseis até 2030.
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