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24/04/2018 às 19h31min - Atualizada em 24/04/2018 às 23h02min

Devido a ataques, ônibus param de circular em Uberlândia nesta terça

Força-tarefa não inibe novo ataque; ônibus foi queimado no início da noite de hoje

WALACE TORRES E MARIELY DALMÔNICA* | EDITOR E REPÓRTER

Dois novos ataques a ônibus urbanos foram registrados em Uberlândia em menos de 24 horas, sendo que um deles aconteceu após o anúncio da criação de uma força-tarefa, envolvendo as polícias Militar e Civil, além de representantes das empresas de transporte urbano e da Prefeitura de Uberlândia, para tentar conter a onda de vandalismo na cidade. Foi a sétima ocorrência de ataques em menos de dez dias envolvendo ônibus, empresas, uma estação do transporte urbano e até uma clínica de saúde.

Por volta das 19h30 de hoje, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Triângulo Mineiro emitiu um comunicado informando a retirada dos ônibus de circulação a partir das 20h por questões de segurança. Segundo o comunicado, as linhas seriam restabelecidas normalmente na manhã desta quarta-feira (25). As empresas ainda reforçaram que “confiam nos órgãos públicos envolvidos para solucionar os atos de vandalismo e reforçar ainda mais a segurança do transporte público no município”.

A ocorrência mais recente foi registrada no início da noite de hoje no bairro Laranjeiras, na zona sul. Segundo a polícia, quatro homens, com aparência jovem, um deles armado com revólver, abordaram um ônibus da linha A328, da empresa Autotrans, e mandaram os passageiros e o motorista descerem e, em seguida, atearam fogo. De acordo com relato de testemunhas à polícia, os autores jogaram gasolina no interior do veículo. Quando os bombeiros chegaram, as chamas já haviam se alastrado por todo o veículo. O fogo também atingiu a rede elétrica na rua Líder e uma equipe da Cemig foi chamada para desligar a energia no quarteirão. Testemunhas disseram ainda que dois autores fugiram numa moto e outros dois correram em direção a um matagal.

A outra ocorrência aconteceu por volta das 23 horas de segunda-feira (23), no bairro Patrimônio.

FORÇA-TAREFA

A criação da força-tarefa envolvendo as polícias, empresas e o Poder Público Municipal foi anunciada hoje pela manhã, menos de 12 horas depois do ataque ocorrido no bairro Patrimônio e quase oito horas antes da última ocorrência, no Laranjeiras.

A intenção é intensificar as investigações e coibir novos ataques com a adoção de medidas emergenciais. Uma delas é a instalação de botão de pânico em toda a frota de ônibus. Hoje, apenas alguns veículos já têm o mecanismo instalado. Ao acionar o botão, um alerta é emitido de imediato para a Polícia Militar.

Outra medida será concentrar num único local as informações para facilitar as investigações e evitar novos ataques. Atualmente, a frota também é monitorada por sistema de GPS. “Vamos passar essa central de monitoramento, que hoje funciona no Terminal Central, para o Copom (Centro de Operações da Polícia Militar). Assim, qualquer anormalidade, como mudança no trajeto, atraso, é identificada e repassada para a polícia”, disse o major da PM Rodrigo Brasil Pereira.

Ele disse ainda que a Polícia Militar irá intensificar o patrulhamento nos corredores e estações de ônibus para coibir novos ataques, e ressaltou que a população também pode contribuir. “As informações que chegam para a polícia são fundamentais. Qualquer situação, a pessoa pode ligar no 190 para que uma viatura seja deslocada o mais rápido possível”. A pessoa que preferir se manter no anonimato também pode ligar no Disque Denúncia (181).

TERMINAIS

População é pega de surpresa com paralisação

A paralisação do transporte público pouco depois do ataque ao ônibus no bairro Laranjeiras pegou muita gente de surpresa nas estações e terminais de ônibus. Assim que o anúncio foi divulgado, viaturas da Polícia Militar foram deslocadas para locais estratégicos para garantir a segurança.

No Terminal Central, a maioria dos ônibus que chegou após às 20h retornou para a garagem em seguida, enquanto outros ainda levavam passageiros para outras estações. Passageiros que retornavam para casa tiveram que procurar alternativas para seguir viagem.

A estudante Monise Alves de Souza foi informada sobre a interrupção das linhas quando já estava na fila para ir embora. Ela mora no mesmo bairro onde o ônibus foi incendiado poucas horas antes e pegaria a mesma linha atacada. Ela conta que depende do transporte urbano para se deslocar pela cidade e para ir para a faculdade, na região central. Sem dinheiro e com apenas o passe estudantil, ela passou um susto. “Só tinha 10% de bateria [no celular] e quase não consigo ligar para minha madrasta para vir me buscar. Não tinha dinheiro nem para o Uber”, diz a estudante enquanto aguardava a carona na porta do Terminal Central.

O Diário de Uberlândia também apurou que no Terminal Planalto houve paralisação das linhas que seguiam para o Terminal Industrial. Demais linhas seguiram com fluxo reduzido e em veículos mais velhos.

“Moro no Morumbi e fiquei sabendo dos ônibus queimados. Estou com medo de não conseguir voltar para a casa”, diz a estudante Adrielle Alves, que também foi pega de surpresa.
 
SUSPEITAS

Polícia investiga relação com sistema prisional

A polícia trabalha com várias linhas de investigação para os ataques ocorridos nos últimos dias. Uma das hipóteses teria relação com acontecimentos recentes no sistema prisional. A reportagem do Diário de Uberlândia recebeu a informação de que na semana passada teria ocorrido um princípio de motim no presídio Jacy de Assis.

No entanto, a Polícia Militar não registrou nenhuma ocorrência desta natureza no período. Os únicos boletins relacionados ao presídio foram a não apresentação de dois presos do regime semiaberto que não se apresentaram no fim do dia 21. O caso foi registrado como fuga de presos.

A Secretaria de Estado de Administração Prisional informou que não houve nenhuma situação de motim no Presídio Jacy de Assis, e que na sexta-feira (20) houve uma revista de rotina na unidade.

“A polícia trabalha com várias linhas de ações. O presídio é uma delas, houve um problema recente. Mas é difícil falar se houve relação, existem outras situações que podem estar gerando esses ataques”, disse o major Rodrigo Brasil, frisando que a PM está colaborando com a Polícia Civil.
 
SEXTO ATAQUE

Ônibus é queimado no bairro Patrimônio

O ônibus atacado pouco antes da meia-noite de segunda-feira (23) no bairro Patrimônio, zona sul, também ficou totalmente destruído pelo fogo. Assim como nos outros casos que tiveram início no dia 20, não há informações sobre a autoria do crime. Leia mais.

PREFEITURA

A assessoria de imprensa da Prefeitura não soube informar quais medidas seriam tomadas diante do anúncio da suspensão do serviço, nem mesmo como ficaria o funcionamento do sistema na noite de hoje.

(*) Atualizada às 23h02 para acréscimo de informações.
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