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20/03/2018 às 14h45min - Atualizada em 20/03/2018 às 14h45min

Carro autônomo da Uber causa a primeira morte

Mulher morreu atropelada ao atravessar rua fora do cruzamento para pedestres

FOLHAPRESS | SÃO PAULO
Uber negociou a compra de 24 mil unidades até 2021 que terão a tecnologia autônoma | Foto: Divulgação

Uma mulher em Tempe, no Arizona, morreu após ter sido atropelada por um carro autônomo operado pela Uber, informou a polícia da cidade americana nesta segunda-feira (19), no que parece ser a primeira morte conhecida de um pedestre atingido por um veículo autoguiado em via pública.

O carro estava em modo autônomo, mas com um motorista no volante por segurança, quando atingiu a mulher, que atravessava a rua fora do cruzamento para pedestres, disse a polícia em comunicado.

O acidente ocorreu às 22h de domingo, de acordo com o horário local (2h de segunda em Brasília).

A vítima é Elaine Herzber, 49, que chegou a ser levada a um hospital próximo, mas não resistiu.

A Uber disse que cooperava plenamente com as autoridades e que estava suspendendo seus testes com veículos autônomos nos Estados Unidos (Tempe, São Francisco e Pittsburgh) e no Canadá (Toronto).

"O veículo estava viajando para o norte quando uma mulher caminhando fora do cruzamento atravessou a estrada de oeste a leste e foi atingida pelo veículo da Uber", afirmou a polícia.

O modelo envolvido é um Volvo XC90. Em novembro de 2017, a Uber negociou com a Volvo a compra de 24 mil unidades do SUV entre 2019 e 2021, mas já testava cem unidades do modelo.

A Volvo confirmou que o veículo é um Volvo XC90, mas disse que a tecnologia autônoma do modelo não foi fabricada por ela. A fabricante originalmente sueca pertence ao grupo chinês Geely.

A National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA) e a National Transportion Safety (NTS), entidades de segurança do trânsito nos EUA, enviaram equipes para investigarem o atropelamento. A NHTSA também está em contato com a Volvo.

Um Volvo XC90 autônomo da Uber já esteve envolvido em outro acidente há um ano em Tempe. Na ocasião, o veículo foi atingido pelo motorista de outro carro que não conseguiu frear. O carro da Uber estava no modo autoguiado, com um motorista de segurança atrás do volante, mas a polícia disse que o veículo da empresa não tinha responsabilidade no acidente.

No Canadá, o Ministério dos Transportes da província de Ontário, que supervisiona os testes autônomos da Uber em Toronto, disse que estava acompanhando o acidente de domingo.

"Nós seguiremos de perto a situação no Arizona e consideraremos quais medidas são apropriadas à medida que mais informações se tornem conhecidas", disse o porta-voz do ministério, Bob Nichols.

Em uma rede social, a Uber expressou suas condolências.

Dara Khosrowshahi, diretor-executivo da empresa, acrescentou em uma postagem: "Algumas notícias incrivelmente tristes do Arizona. Estamos pensando na família da vítima enquanto trabalhamos com as autoridades policiais locais para entender o que aconteceu."

TESTES

Expectativa é que modelos sejam mais seguros

A Uber é uma das muitas empresas de tecnologia e fabricantes de automóveis, como a General Motors, na corrida para lançar carros autônomos no mercado nos próximos anos.

Na sexta (16), a Waymo, unidade de carros autônomos da Alphabet, dona do Google, e a Uber pediram ao Congresso americano que aprovasse uma legislação abrangente para acelerar a introdução de carros sem motoristas nos Estados Unidos.

O projeto está parado pela preocupação de alguns democratas com questões de segurança, e a morte deste domingo pode dificultar a rápida passagem do texto, disseram assessores do Congresso nesta segunda.

A expectativa é que os carros autônomos sejam mais seguros, porque não se distraem como os humanos e seriam programados para sempre respeitar as leis de trânsito.

Os pesquisadores que trabalham com tecnologia, porém, têm lutado para descobrir como ensinar os sistemas autônomos a se ajustarem à conduta ou ao comportamento humano imprevisíveis.

As preocupações com a segurança dos carros autônomos aumentaram após o motorista de um veículo parcialmente autoguiado da Tesla morrer, em 2016, em um acidente, enquanto usava seu sistema de piloto automático - posteriormente, os reguladores determinaram que a Tesla não teve culpa.

Em dezembro de 2016, a primeira tentativa da Uber de testar carros autônomos em San Francisco foi interrompida pelas autoridades, após a empresa ter iniciado os testes sem solicitar as licenças necessárias.

Após a disputa em San Francisco, a Uber mudou toda a sua frota de carros autônomos para os testes no Arizona, onde foi recebido com entusiasmo pelo governador do estado, Doug Ducey.

"O Arizona recebe os carros autoguiados da Uber com braços e estradas abertas", disse Ducey em um comunicado à época.

O estado, que é usado por várias empresas de tecnologia, incluindo a Waymo e a Intel, para testar sistemas autônomos, historicamente adotou uma abordagem mais leve para a regulamentação de veículos autoguiados do que a Califórnia.

Mas o acidente no Arizona ocorre menos de um mês após a Califórnia aprovar novas regras que permitiriam a carros autônomos e sem motoristas de segurança ao volante usarem suas vias.​
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