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17/03/2018 às 05h12min - Atualizada em 17/03/2018 às 05h12min

40 mil servidores estão sem a assistência do Ipsemg

Funcionários não têm hospital para os casos de urgência e emergência

WALACE TORRES | EDITOR
Servidores fizeram protesto na porta do Ipsemg e levaram enxada para capinar o mato alto | Foto: Walace Torres

Os servidores da rede estadual de ensino em Uberlândia fizeram um novo protesto, ontem, na porta da sede do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) por causa da falta de assistência na área da saúde. A categoria afirma que vem enfrentando dificuldades há pelo menos três anos para receber atendimento, sem um hospital de referência para os casos de urgência e emergência. Ainda de acordo com os servidores, a situação teria se agravado na última semana com a suspensão das cirurgias eletivas que eram realizadas mediante contrato com o Uberlândia Medical Center (UMC). Segundo os servidores, a suspensão se deve à falta de repasses de verbas pelo Estado para cobrir os custos do contrato.

“A situação piorou. Ao contrário das nossas cotas e exames, que estão suspensos, o desconto no nosso contracheque continua”, disse Elaine Cristina, presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE) em Uberlândia. Cada servidor tem descontados 3,5% dos rendimentos mensais para cobrir o plano de saúde, que na prática não tem oferecido o suporte necessário.

Elaine aponta que há um compromisso firmado há cinco anos pelo Governo do Estado com o sindicato para que fosse construído ou implantado o hospital do Ipsemg, que serviria de referência para todos os servidores e dependentes de Uberlândia. “Tem uma liminar que deu prazo de três anos para a construção do hospital. Esse prazo vence agora em abril e nós vamos executar essa liminar no Ministério Público”, disse, se referindo à cobrança que será feita para que o acordo seja cumprido.

São mais de 40 mil servidores, entre ativos e inativos, além de dependentes que contribuem com o Ipsemg em Uberlândia para receber assistência médica. Hoje, quem depende do pano na cidade precisa se deslocar até Araguari ou Uberaba para conseguir um atendimento especializado.

Sem condições para arcar com um atendimento privado, a maioria tem procurado a rede municipal de saúde, que também enfrenta problemas de falta de médicos e profissionais de saúde e longas filas de espera.  “Nós estamos engrossando as filas de espera das UAIs, precarizando mais o serviço público municipal”, cita Elaine.

A servidora aposentada Neusa Chagas, de 68 anos, aguarda há três anos por um cirurgia para retirar um cisto na mão direita. Ela já perdeu parte da mobilidade da mão, além de sentir dores. “Como é um caso que precisa ser resolvido com urgência, (...) ou a gente paga para fazer ou fica à mercê de uma vaga na Medicina (Hospital de Clínicas da UFU) ou no Hospital Municipal que estão saturados”, completa a aposentada, que também integra uma comissão de negociação no sindicato. Ela conta que chegou a ir a Ituiutaba, durante a vinda do governador Fernando Pimentel, e lhe entregou uma carta em mãos cobrando a retomada dos atendimentos em Uberlândia. “Ninguém quer nada de graça do governo. Tem uma coisa na Constituição que chama direitos e deveres. Eu cumpro a minha obrigação e pago o Ipsemg, e ele não cumpre a obrigação dele (...). Eu paguei 40 anos de minha vida e mereço respeito”.

A professora Maria das Graças Marçal faz acompanhamento médico e, neste mês, teve que pagar consulta para conseguir ser atendida. “O governo não paga (os prestadores de serviço) e a médica disse que faria uma consulta social no valor de R$ 100”, disse. “A gente então paga duas vezes”, frisou, se referindo à cobrança no contracheque.
 
CAPINA 

A manifestação em frente à sede do Ipsemg em Uberlândia fez parte da programação do movimento grevista, que teve início no dia 8 e deve seguir pelo menos até a próxima semana, quando a categoria tentará um novo posicionamento do governo a respeito do pagamento do piso nacional. Os servidores cobram um reajuste de 14,7% referentes aos ajustes que deveriam ser feitos em 2017 e 2018.

Durante a manifestação de ontem, alguns servidores levaram enxadas e fizeram a capina do mato dentro da área do Ipsemg regional, que alcançava um metro de altura.
 
IPSEMG 

O Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) informou que os atendimentos no Uberlândia Medical Center Institucional (UMC) não foram suspensos. A reportagem entrou em contato com a unidade, mas não obteve retorno.

Nos casos de suspensão de atendimento por atraso no pagamento da rede credenciada, o Ipsemg esclareceu que mantém o diálogo com as instituições em busca de proposta para a continuidade dos atendimentos e que já iniciou os pagamentos aos prestadores de serviços de saúde desde o primeiro dia útil de março, visando equacionar os débitos de novembro. Ainda segundo o Instituto, o atraso se deve “ao bloqueio da União, que atrasou o repasse de recursos ao Governo de Minas Gerais, conforme amplamente noticiado”.
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